Capítulo 15 - Well, there's no way I'm kissing that guy

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Olá, gente

Sinto muito pela demora. Não tenho muito o que falar hoje. Só que vou deixar as coisas acontecerem pra ver até onde vai dar.

Acho que uma experiência legal seria ouvir Kids in America da Kim Wilde enquanto lêem.

Espero que gostem desse ep. Boa leitura.

Ele ouvia apenas o teclar ritmado e firme e os sintetizadores graves da introdução então, a princípio, não conseguiu discernir bem de qual música se tratava. Mas logo na primeira frase percebeu que a música tocando era Kids in America.

Frank ouviu essa música pela primeira vez quando roubou o carro do seu pai na noite de confraternização dos veteranos. Eram sempre eventos formais e cansativos demais. Ele tinha apenas que descer e cumprimentar a todos ensaiadamente para então subir para o seu quarto às nove. Como seu pai nunca usaria o carro, ele decidiu, certa noite, sair para dar uma volta pela cidade. Andou sem direção até chegar a uma parte bem distante de Belleville, quase rural. Havia apenas a estrada e algumas poucas casas. Parou no encostamento e ficou olhando as estrelas, sardas naquele azul imaterial. Imediatamente sentiu uma onda invadi-lo. Estava perdido e sozinho, sempre estivera, mas foi apenas ali que ele percebeu. Era um sentimento que não o deixava descansar, não passava, e agora, em seu quarto, essa sensação o nocauteou novamente. Ele era o filho da puta mais miserável do universo. Não queria dançar. Queria voltar pra cama e só se deitar com Gerard para não pensar em mais nada. Bad trip de merda.

No entanto, Gerard estava animado e era tão difícil recusar o convite de uma cara legal. Gerard dançava até bem - Frank na verdade nunca soube avaliar essas coisas. Parecia uma mistura de twist quando ele deslizava seus pés sobre o assoalho, dobrando levemente seus joelhos, mas também havia algo de algum outro estilo, além de movimentos meio femininos, andróginos, Frank não sabia afirmar com certeza. E o que ele estava fazendo? Deus, como ele não tinha pensado nisso? Ele mau podia sentir a sola dos pés e calçava apenas meias. Quando havia tirado os sapatos? Olhou para baixo e se sentiu como que sentado no topo da cabeça de um gigante, seus pés parecendo tão distantes, se mexendo estranhamente pregados naquelas pernas insensíveis que ele não controlava. Se sentia como um Zeppelin murcho, como se estivesse preso em um corpo de plástico e látex incontrolável que tentava obedecer epiléptico à música, sentimento que apenas corroborava à ideia de deitar-se novamente na cama e esquecer todas as merda que o chateavam. Todas as merdas sobre ser um adolescente desajeitado e solitário e um péssimo dançarino.

Bright lights the music gets faster.

Gerard estão puxou os braços de Frank, balançando-os como uma gangorra. As mãos dele estavam fechadas em punho, prendendo as de Frank, e suas unhas pressionando as ondulação de sua palma. O calor emanado pela pele de Gerard chegava nele como um fluido, penetrando por entre suas células até atingir seu peito. Foi como uma bateria, ascendendo as peças que até então pareciam oscilar. Tão rapidamente quanto havia se sentido mal antes, se sentir incrível e estranhamente novo outra vez e pôde se lembrar que ele, mais tarde naquela mesma noite em que fugiu com o carro, quando na rádio essa música surgiu, experimentou um sentimento de rebeldia insaciável que implodiu no seu peito, fagocitando-o por inteiro e regurgitando algo infinitamente mais grandioso e imponente - e talvez fosse justamente por essas questões emocionais que aquela música, tão distante de tudo o que ele costumava ouvir, era tão importante para ele. E ali, agora, dançando com Gerard, sentia tudo outra vez, ecoando. Muito mais potente, vezes mais forte do que jamais sentira. Ele também percebe isso?

Foi quando Gerard soltou uma de suas mãos, erguendo seu outro braço para cima e torcendo a mão para que Frank girasse o corpo junto. Todo o quarto se tornou um grande rastro espiralado de tinta e o que antes era desconforto se tornou uma verdadeira sensação de liberdade. Sentia-se como que por sobre a Torre de Babel enquanto ela era demolida e ruía em movimentos de hélice, o furor da ventania atingindo-o no rosto. Parecia inexplicavelmente incrível e ele não queria parar. Queria girar pra sempre, girar com Gerard.

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⏰ Última atualização: Jun 10, 2021 ⏰

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