Bruno

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E então hoje tive a realização que almas gémeas são seres perigosos e não devem ser subestimados. Enquanto ando de costas no metro, reparo que talvez é isto que tenha estado a fazer toda a minha vida. Andar em sentido contrário. Não olhando para onde vou mas sim de onde vim. Lutando contra a passagem do tempo e agarrando-me ao passado com toda a força. Mas, toda eu sou passado. Visto a camisola que vestia no dia em que me despedi de um. Ando no mesmo metro no qual escrevia dizendo a outro que só ele entendia a minha fascinação pelo mundo. Ouço as musicas que ouvia naquela semana de verão onde a minha voz saiu do meu peito pela primeira vez. Toda eu sou pedaços deles. Mas no fundo sou inteira. Nem todos me ensinaram lições, alguns só me magoaram. Ou talvez ainda seja muito cedo para entender a lição por trás da dor. E talvez um dia destes um deles leia isto e não entenda. Talvez esteja para além da sua capacidade de compreensão. Mas também, eu nunca fui fácil de entender...

A rapariga que falava com os lobosOnde histórias criam vida. Descubra agora