Luis

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Talvez ele se tenha apercebido que nem ele nem eu seriamos capazes de resistir muito mais tempo à tentação. Talvez tenha sido só um acaso. Talvez ele se tenha cansado de ser ignorado. Talvez. Acho que no fundo nunca irei saber... Mas talvez... talvez um dia nos encontremos e talvez as circunstâncias sejam diferentes. Mas talvez ele também já não se importe... E eu que tanto fingi não me importar, que tanto lhe quis ensinar uma lição, serei para sempre aquela no fundo do bar. No canto mais sombrio. Assistindo tudo do lado de fora. E eu sei que odeias que as pessoas esvaziem de sentido as frases, que as dispam da sua seriedade e do seu peso. Acho que é por isso que depois de ti decidi encher a minha vida de significados. Disseste que me ensinarias a viver a vida pelos teus olhos, não tiveste tempo de o fazer. Mas devo agradecer-te, sem ti não seria capaz de olhar para mim e ver a mulher que sou hoje. No fundo, ao descobrir-te também me fui descobrindo. Apesar de tudo, não saí ilesa desta batalha. Sempre que ouço a nossa música estremeço...não consigo imaginar outra pessoa que não tu na minha cabeça. Esta é uma das cicatrizes que carrego comigo. Aparenta estar curada mas abre-se sempre que alguém toca na ferida. Parece que através de um processo de condicionamento acidental te instalaste no meu subconsciente para nunca mais de lá sair. Como te apago agora da minha mente?

A rapariga que falava com os lobosOnde histórias criam vida. Descubra agora