Irás ser sempre o meu fantasma. Aquele que eu nunca vou poder admitir em voz alta que amava. Mas que de facto de todos, talvez tenhas sido aquele que eu mais amei. Por isso é que me é difícil escrever sobre ti. Porque apesar de me ter doido imenso a tua partida eu sei que ainda estás aqui. Pelo menos nas doces memórias que carrego de ti. Eu sempre soube que eras especial... talvez por isso eu suspeitasse que nunca te renderias a mim mesmo se quisesses. No início isso chateava-me mas, enquanto decorava as melodias das tuas músicas preferidas e memorizava cada palavra que saía dos teus lábios, aprendi a aceitá-lo. Acho que isso é parte da razão pela qual ainda penso em ti com tanto carinho. Era platónico, mas gosto de imaginar que a minha presença pelo menos te aquecia o coração nos dias mais frios de inverno. E nesta noite tão ventosa, peguei no meu diário e li-o, primeiro não reconheci a pessoa que escrevera aquelas palavras. Mas depois encheu-me um sentimento reconfortante de reviver todas aquelas nossas memórias. Além disso foi curioso, observar a minha vida com outros discernimentos, como se estivesse a ler um livro. Por isso, não só me ria mas também chorava enquanto passava pelas páginas da comédia trágica que era a minha vida. Depois constatei que eras tu. A única consistência presente na minha vida naqueles anos tão cruciais para o meu crescimento. É um sentimento agridoce na realidade, pensar que tudo o que eu queria eras tu. O centro dos delírios apaixonados de uma rapariga que cantava para esvaziar a mente e encher o coração.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A rapariga que falava com os lobos
PoetryUma coletânea de textos sobre os meus anos adolescentes e as desilusões de uma rapariga apaixonada