Partilho com ele a minha escrita e este pergunta-me se é sobre ele que escrevo. Quero chama-lo de convencido e de outros nomes piores. Ele adivinha-me os pensamentos. Não gosto disso. De não ter privacidade nem dentro da minha própria cabeça.
É estranha esta sensação. Sinto que cada dia que passa o quero menos. Peço-lhes que não me julguem , leitores. Acontece que esta é mais uma questão do coração do que da mente. Se porventura não o fosse, talvez conseguisse iluminar em mim certos pensamentos que fizessem menos este meu perpétuo desejo de solidão. Outrora já eu temera esta mesma coisa que agora tanto desejo. Mas com o passar dos dias aprendo a aproveitar o privilégio da minha própria companhia. E assim cresço, e tenho vindo a crescer nestes últimos meses. Dizem que de mim já não emana o mesmo sentimento infantil de necessidade de pertencer a alguém. Que já não veem em mim o desejo de permanecer estática nem a timidez da criancinha que uma vez fui. No entanto, chego até a ficar preocupada com esta minha teimosia em me exilar dele. Levando-me até um sofrimento repugnante por deixar a paixão me escapar por entre os dedos. Mas acontece que há mais na vida para além de estar permanentemente enamorado de quem só nos quer por um momento...
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A rapariga que falava com os lobos
PoetryUma coletânea de textos sobre os meus anos adolescentes e as desilusões de uma rapariga apaixonada