Quero-te. Não, não te quero. Não sei se porque não é certo ou se tenho medo de ser de alguém. Em alguns dias desejo-te. Noutros a ideia de a minha figura de cruzar a mente mesmo que por um minuto faz com que as minhas entranhas se contorçam dentro de mim. Já estou habituada a isto mas não deixo de odiar esta parte de mim. Esta parte que se distingue pela indecisão e falência moral. E então fico neste permanente despetalar da minha flor. "bem me quer" e "mal me quer" "bem te quero" ou "mal te quero" na esperança que uma inspiração divina caia sobre mim e me diga a resposta certa. Tu bem sabes a confusão que eu sou por dentro. Que este cérebro enganador e coração fraco algo sentem por ti. Mas também sabes que é importante o silêncio, apesar de nunca te conseguires calar. E sim, tenho noção que sou fonte de grandes distrações mas não consigo evitar, eu e a tentação somos velhas amigas e por alguma razão eu sou a casa onde ela resolve se instalar. Talvez por isso ás vezes não me sinta humana. Como se tivesse condenada a um castigo eterno. Um novo dia e eu tenho que voltar a carregar a pedra até ao cume da montanha. Só para a ver cair no momento que atinjo o topo.
Sem reparar, pus-te num pedestal, mas ele ruiu no momento em me apercebi que eras só mais um dos meus lobos. Até tento disfarçar, mas debaixo de toda esta máscara de inocência, sei que me desejas.
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A rapariga que falava com os lobos
ŞiirUma coletânea de textos sobre os meus anos adolescentes e as desilusões de uma rapariga apaixonada