Sento-me aqui à espera dele. Ele não está atrasado, eu simplesmente gosto de chegar cedo para ficarmos só eu e os meus pensamentos à sua espera. Coisa estranha este homem. O cabelo dele começa a ter algumas brancas apesar de ele o pintar, fazendo um esforço para parecer mais jovem, no entanto aconselha-me como um amigo de longa data. Então sento-me aqui, rodeada de sinais. Sem saber qual deles seguir. E reparo como a minha vida é como um labirinto, cheio de caminhos sem saída. Mas rapidamente afasto esse pensamento, tal como ele diz, devo parar de encher a minha cabeça com estes pensamentos complexos e viver o presente. Não me faz bem pensar demasiado. Então sento-me aqui e leio. Leio Dostoiévski porque ultimamente é a única coisa que faz parar este ciclo vicioso que é pensar. Entretanto ele chega, carregado da sua energia contagiante que tanto me alegra e faz sentir pequenina. E despojado da autoridade que nunca fez questão de ter, olha-me e abraça-me pois conhece-me e sabe as saudades que tinha de o ver.
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A rapariga que falava com os lobos
PoetryUma coletânea de textos sobre os meus anos adolescentes e as desilusões de uma rapariga apaixonada