Odeio ser assim. Superficial. Egoísta. Mas a realidade é que bebo da mesma fonte dos deuses. E às vezes pondero se a razão pela qual escrevo é porque tento compreender as partes mais incompreensíveis de mim. Como se tenta-se fazer sentido de todas as minhas escolhas e pensamentos, até mesmo daqueles que escondo nas profundezas da minha consciência. Mas não gosto de ser assim. Inocente. Ingénua. Nem gosto de estar nesta perpétua jaula de indecisão à qual chamo de rotina. Mas por vezes apanho-me a romantizar demasiado a minha vida. A viver pela minha arte, na medida em que só consigo sentir através dela. A vida parece desinteressante até começar a escrever, então aí tudo ganha vida. As cores parecem mais vivas, os cheiros mais fortes, os sentimentos mais avassaladores, as experiências mais significantes. Nunca fui uma pessoa muito atenta ao mundo à minha volta mas ultimamente torna-se difícil não o ser. O simples cair de uma folha ou o cantar de um pássaro despoletam em mim similares sentimentos a um primeiro beijo. Por isso adoro ser assim. Leve e apaixonada.
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A rapariga que falava com os lobos
PoetryUma coletânea de textos sobre os meus anos adolescentes e as desilusões de uma rapariga apaixonada