Capítulo 25 - Resgate, vida ou morte.

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~Annabeth.

– Você é forte minha filha, dês de bem pequenininha – O rei segurava meu rosto em suas mãos com delicadeza, como se eu fosse uma boneca de porcelana frágil – Eu sabia que voltaria para nós. Nunca aceitei que você estivesse... Morta. Sua mãe estaria feliz em te ter aqui e muito orgulhosa da mulher que você se tornou.

– Obrigada... Pai – A palavra sai de minha boca carinhosa, mas faz meu coração em pedaços. O rei sorri.

– Seu pai está velho, isso quer dizer um alvo fácil para os povos inimigos dos outros planetas, você e Mayen precisam se casar logo e se tornarem o novo rei e rainha de Marte – Eu perco a fala. Se eu me casar com Mayen, eu não conseguiria mais voltar atrás, eu seria oficialmente uma rainha alien.

– Acho que podemos deixar esse assunto para amanhã, não é meu amor? – Pigarreia Mayen me abraçando por trás. Eu concordo com a cabeça desconfortável – Acho que ela precisa tomar um banho e ir se deitar, amanhã já estará descansada o suficiente para discutir sobre isso.

– Claro, deve ir minha filha, as obrigações reais podem esperar – E com um beijo na bochecha saio da sala em direção ao corredor, acompanhada de meu noivo e meu robô.

Passamos por três corredores. Criadas aliens passavam por nós, vestidas com seus uniformes e fazendo reverencias com expressões de surpresa em seus rostos, mas sempre desejando boas vindas à princesa e seu futuro marido. Antes de virar o ultimo corredor que parecia ser o do meu quarto, um quadro me chama a atenção. Era lindo e parecia ser um retrato da família real. O rei estava no mesmo jeito, apenas com seus cabelos um pouco mais escuros e com um grande sorriso em seu rosto mostrando por completo seus caninos alongados. A rainha era muito bonita, seus cabelos eram enrolados e compridos como os meus, seus olhos completamente azuis e seu rosto delicado e gentil. Em seu colo ela levava uma criança e eu me assustei quando reparei que era igual a mim quando pequena, tirando os detalhes que já falaram varias vezes que temos de diferente. Sua expressão era de uma criança alegre e imperativa, estava praticamente saltando do colo da rainha com um enorme e espontâneo sorriso no rosto, como se estivesse no meio de uma gargalhada. Devia ter uns sete anos naquela foto. Como era possível sermos tão parecidas e tão diferentes ao mesmo tempo? E como eu não conseguia me lembrar de nada daquilo?

– My amor? Está se lembrando de algo? – Não tinha percebido que acabei ficando muito tempo parada observando o quadro.

– Não, apenas chamou minha atenção, podemos ir – E com isso continuamos seguindo nosso caminho. Passamos por mais alguns retratos, sendo esses de outros aliens, todos com grandes coroas em suas cabeças, supus que seriam reis anteriores, antepassados.

– Aqui, esse é o seu quarto – Paramos na frente de uma grande porta e eu a abri. Era gigante, quatro vezes o tamanho do meu quarto na casa de Sebastian. Tudo era enorme, a cama, o guarda roupa, o lustre, a penteadeira. Era lindo.

– Mas é só meu? Tem certeza? Porque dormiriam umas vinte pessoas naquela cama tranquilamente – Ele ri e pela primeira vez o vejo sorrindo de um jeito sincero.

– Vejo que não perdeu seu humor, minha princesa – ele me encara, acabo sentindo meu rosto quente e desvio o olhar – Bem, irei colocar um guarda amigo de confiança para vigiar seu quarto. Descanse porque amanhã será um longo dia e lembre-se, não saia por ai sem estar acompanhada, por mim de preferência, agora com o Elion sabendo que está aqui e viva, você ainda corre perigo.

– Ok.

– Boa noite minha estrela – Ele se aproxima de mim e começa a ficar muito perto do meu rosto, eu me afasto e ele apenas sorri de canto e depois deposita um beijo em minha testa e se afasta pelo corredor.

Entro no quarto e fecho a porta, desabando no chão de cansaço. Depois vou até minha cama e vejo que tem uma dobra de roupa em cima dela, parecia ser um pijama. Olho em volta e enxergo o que parecia ser um banheiro no canto do quarto e penso em quanto um banho quente cairia bem. Me rendo e caminho em direção ao banheiro.

Não é como o que temos na terra. O chuveiro em si não tinha, a água saia de uma grande pedra na parede e tinha dois botões escritos, nos mesmos símbolos da mensagem, "quente" e "frio". Aperto o quente e a água começa a sair com certa abundância. Amarro minhas tranças em um coque para não molharem e entro debaixo da água. Ela caia sobre meus ombros e por um momento eu pude sentir uma parte das minhas dores musculares se esvaindo e meu corpo relaxando.

– Bob? Você está ai? – Pergunto saindo do banho alguns minutos depois, vestindo o pijama que me foi oferecido.

– Estou sim senhorita Annabeth, as suas ordens – O encontro em frente à cama, parado e encolhido, ainda parecia assustado.

– Desculpa se a pergunta que eu vou fazer agora parecer meio insensível, não é a minha intenção, mas... Vocês têm sentimentos? Porque você parece muito assustado e eu não sabia que robôs podiam ter emoções sabe? – Me sento na cama perto dele. A cama era incrivelmente macia.

– Não sei se posso dizer que são emoções, mas consigo sentir o que está a minha volta e quando os sentimentos estão em excesso acabo me sobrecarregando e "adquirindo" aquele sentimento ou o contrario – Ele vem mais perto e segura minha mão com sua mãozinha de metal – Eu senti muitos sentimentos diferentes quando estávamos naquela sala. Medo, ódio, amor, tristeza, saudade, vingança e inveja. Isso me fez ficar confuso.

– Entendi, obrigada por me responder – Faço um "carinho" em sua cabeça – Você vai querer dormir na cama comigo? Tem bastante espaço, não sei se vocês... Sabe? Dormem.

– Não dormimos em camas senhorita, apenas precisamos desligar por algumas horas para carregar as energias e atualizar nosso sistema – Ele se afasta e para do outro lado do quarto em um canto – Boa noite senhorita Annabeth.

– Boa noite Bob.

E com isso me deito para dormir no meio de milhares de travesseiros e cobertores. Devia estar parecendo uma boba vista de cima, mas eu estava tão cansada que isso era o que menos importava. Me rendi ao sono e com eles veio os sonhos, todos eles levavam o rosto da pessoa que não saia um minuto da minha cabeça : Benjamin.

****

~Benjamin.

Estou arrumando minha mochila neste momento, prestes a fazer uma coisa que talvez seja considerada suicídio, mas que eu estou decidido em continuar. Coloco meu caderno de anotação, meu computador e outras coisas que eu acho perdidas pela cabine e que podem acabar sendo uteis. O próximo passo é pensar em um plano para conseguir pegar o equipamento de astronauta e sair sem ser visto, o que seria praticamente impossível, pois estavam na minha cola.

– Cara? Onde você pensa que...

– Não tente me convencer do contrario Christian, por favor, eu vou salvar a Annabeth.

– E quem falou que eu vou fazer isso? – Paro surpreso com a resposta e me viro para ele – Você tem a mania de não deixar as pessoas terminarem de falar sabia? Eu queria saber aonde você pensa que vai sozinho.

– Você vai vim comigo?

– Não – Ele abre a porta da cabine e os irmãos Ford estão parados do lado de fora com mochilas nas costas e sorriso no rosto – Nós vamos. 

Meu Futuro está em MarteOnde histórias criam vida. Descubra agora