Capítulo 9 - subsolo.

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~ Benjamin.

Toda hora eu sentia o cheiro de seu perfume, como se ela ainda estivesse em meus braços. Não sei se Afrodite estava pregando uma peça comigo ou algo do tipo, mas não podia negar o quanto aquela garota mexia comigo. Nunca tive experiências com o amor além dos livros que leio e digamos que passar cinco anos trancado em uma base não ajudava. Tinha meninas lá, é claro, mas todas pareciam iguais, como se não tivesse nada que as motivassem, como se não tivessem sonhos pelos quais quisessem realizar. Foi diferente quando olhei para Annabeth, pude ver em seus olhos determinação e esperança, eu sabia que ela poderia encarar qualquer coisa para alcançar seu objetivo. Não consigo entender como sinto tudo isso mesmo a conhecendo por tão pouco tempo, mas é inevitável, involuntário, mais forte do que eu. 

Quando chegamos à base 69, Annabeth e Jessy já tinham chegado e estavam jogadas em um sofá no canto da sala. Jessy parecia dormir sobre o ombro de Anna e a mesma parecia lutar contra o sono para manter os olhos abertos. Despertou assim que nos viu.

– Anna, sua cara tá péssima, não dormiu não? – Não sei o que era péssima para Christian, mas com certeza eu não daria esse adjetivo para ela. Ela usava um novo penteado: incríveis tranças boxeadoras que vinham da raiz até abaixo dos seios, lembrando uma linda princesa de Wakanda. Realmente parecia não ter dormido direito, seu rosto estava um pouco inchado e tinha leves olheiras embaixo dos olhos. Olhou para Christian com um olhar considerado mortal.

– Eu poderia bater em você por me insultar em plena manhã – Jessy levantava a cabeça de seu ombro e se espreguiçava. Também tinha os cabelos trançados, o que a fazia parecer mais velha e realçava suas sardas e seus grandes olhos azuis – Mas, como deve ter percebido, estou muito cansada para isso.

– Cara, você achou uma namorada bem estressadinha em – Sussurrou David em meu ouvido. Lhe meti uma cotovelada na costela sem me virar em sua direção – Ai! Eu só estava brincando seu bocó.

– Bom dia queridos – Sebastian entra na sala com seu bom humor de sempre, não que isso fosse ruim, longe disso, um pouco de bom humor com toda aquela pressão era muito bem vindo – Desculpe ter feito vocês acordarem tão cedo, é que iremos fazer uma pequena viagem.

– Que tipo de viagem padrinho? – Perguntou Annabeth se levantando e começando a se alongar, tentei não encarar muito, pois ela estava com uma roupa bem justa.

– Como vocês sabem – Ele pigarreou e olhou para o lado por um momento, como se verificasse se alguém nos escutava – O diretor Filipe está meio... Cismado com esses testes, então o próximo que ele propôs não teria como realizar aqui na base, mas com algumas ligações achamos o lugar ideal há algumas horas daqui. O ônibus já está esperando por nós – E saiu da sala nos deixando sozinhos de novo.

– Que tipo de teste vocês acham que é? – Perguntei.

– Não sei – Respondeu Annabeth olhando pela pequena e única janela que tinha naquela sala – Mas o fato de não conseguir ser realizado aqui na base diz que não é algo que estamos muito acostumados – Todos concordaram com a cabeça e saímos um a um em direção ao estacionamento.

Entramos no ônibus. Sentei-me com David, Annabeth com Jessy e Christian sozinho com algumas mochilas, o que pareceu não incomoda-lo. Partimos sem saber o nosso destino final e nem o que nos aguardava quando chegássemos lá. Era umas oito horas da manhã, o sol entrava pela janela do ônibus iluminando o lado que as garotas estavam sentadas. Annabeth estava com a cabeça apoiada na janela, tinha pegado no sono e parecia ser profundo, porque toda vez que soltava o ar pela boca fazia um biquinho de leve.

Quando descemos do ônibus senti o sol queimando mais forte sobre minha cabeça, chutaria que seria quase meio dia. Olhei em volta e só pude enxergar um largo deserto, com apenas um pequeno barracão no meio dele. Sebastian nós encorajou a segui-lo em direção ao lugar isolado. O sol continuava queimando sobre nossas costas, como se tivesse raiva de todos os humanos do planeta, e eu não o julgaria se tivesse.

Meu Futuro está em MarteOnde histórias criam vida. Descubra agora