(Narradora)
Era uma linda manhã, os pássaros cantavam, e a Cidade do México, uma das maiores cidades do mundo, estava mais agitada do que nunca. Mas para Vitória Mendonça, isso não fazia a menor diferença, já que ela estava muito doente, desenganada da vida, e muito longe de seu filho, a pessoa que ela mais amava em sua vida, e que foi arrancado de seus braços, muito cedo, pelo homem que agora desprezava na mesma intensidade, que um dia tanto amou. Estava deitada em sua cama há tanto tempo, que nem se tocou que já era tarde faz muito tempo, e que a manhã já havia passado há um bom tempo. Já estava na hora do almoço, sendo que nem o café da manhã, ela quis comer. Estava há horas, sem se alimentar, e isso já não a importava, nem um pouco. Vitória era uma bela mulher ainda, com seus quase cinquenta anos de idade, cabelos negros e longos, vivos e fortes, olhos verdes intensos, e cheios de sentimentos profundos e intensos, e uma pele que parecia mais macia que seda, uma bela mulher, em todos os sentidos, apesar de sua idade, e da sua doença, que a cada dia ficava pior. Ela estava lendo um de seus livros preferidos, de Jane Austen, razão e sensibilidade, quando Tobias lhe aparece com uma bandeja, onde provavelmente havia comida nela.
- Minha senhora; ele fala num tom formal e profissional de sempre - Trouxe uma sopa, a senhora não comeu nada o dia todo... Isso pode não te fazer nada bem...
- Você se preocupa demais com a minha saúde, meu jovem... As vezes em mais do que devia; repousa seu livro sobre a mesinha de travesseiro, que ficava do seu lado na cama - Quando não deveria se preocupar tanto assim... Não, quando já estou desenganada, até mesmo pelos médicos, nada mais pode me salvar... Ninguém pode evitar a minha morte, nem mesmo você, meu bom amigo...
- Mesmo assim; coloca a bandeja sobre o colo dela, ela ainda estava sentada em sua cama, com um ar de quem estava perdida... Perdida em pensamentos, ideias e sonhos de um passado que nunca mais irá voltar - Eu insisto em que coma pelo menos un pouco desta sopa, que Guadalupi fez com tanto carinho só pra senhora... E seria muita grosseria e falta de delicadeza, da sua parte recusar algo, que foi feito com tanto carinho e amor, não acha, senhora Mendonça...
- Está bem, Tobias, você me convenceu; descobre a bandeja, que Tobias a pega, prontamente, e então prova um pouco da sopa - Você e a Guadalupi são tudo o que eu tenho, desde de que... Desde que o Osvaldo, meu falecido marido me deixou, e não sei o que seria da minha vida, sem vocês... Eu te conheço há um bom tempo, e por isso queria te pedir uma coisa, que há muito tempo gostaria de ter lhe pedido... E só não o fiz antes, com receio de magoa - lo, ou ferir o seu orgulho...
- Pode me pedir o que quiser, minha senhora; ele fala mansamente de modo serviçal - Se estiver ao meu alcance...
- Me chame apenas de voce, ou simplesmente de Vitória, meu bom amigo; para de comer por alguns instantes - Somos muito bons amigos, Tobias, e isso meio que já faz um bom tempo, meu jovem... E amigos, se tratam assim, pelo primeiro nome...
- Como a senh... Como você achar melhor... Senh... Vitória...
...
Fazenda Narvaez...
O clima não estava nada agradável durante um suposto almoço em homenagem a Alejandra, já que todos, menos ela, estavam na sala de jantar. Lúcia não sabia onde enfiar a cara, de tanta vergonha que estava sentindo naquele momento, Miguel estava com feições indecifráveis em seu rosto, Aníbal não se sentia bem - vindo ali, por mais que tivesse sido muito bem tratado por seus anfitriões. Já Alfonso, este estava um pouco mais nervoso que os demais, já que a pessoa que ele mais queria ver naquele almoço, não estava lá.
- O almoço está uma delícia, Lúcia; Alfonso diz um pouco acanhado, já que dali ele era o único que não estava acomodado a mesa igual aos demais a sua volta, considerando que ele estava sentado em sua inseparável cadeira de rodas - Mas mesmo assim, não consigo parar de sentir falta de alguém muito especial aqui em vossa mesa... A homenageada deste almoço... Onde está a sua irmã, Lúcia? Espero não estar sendo inconveniente, ao lhe perguntar sobre a Alejandra...
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Trilogia amores latinos: livro 3, coisas do destino...
RandomMaria Alejandra Narvaez vive com sua irmã Lúcia, e seu cunhado Miguel, ela quer sua parte da fazenda para gastar a vontade... Porém sua irmã não aceita isso, pois sabe que certamente ela vai torrar o dinheiro com futilidades. Nesse meio tempo um sel...