🌹Prólogo🌹

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Lúcia

Na sala de casa, mais uma vez, Miguel, meu marido, e eu, tentávamos em vão, falae civilizadamente, sobre o que seria da fazenda Narvaez, caso a minha irmã vendesse a sua parte, para um estranho. Me desfazer da fazenda onde nasci e me criei era mais que inconcebível para mim, mesmo que fosse apenas uma parte dela... Parte essa, que infelizmente pertencia a minha irmã mais nova, Maria Alejandra. Parte essa, que infelizmente eu não poderia comprar, da mesma maneira que não poderia continuar a dar uma mesada a minha irmã, como ela queria, todo mundo tem um limite, e eu estava no meu. Já que eu precisava investir na fazenda, para que assim, num futuro não muito distante, eu pudesse comprar a parte da fazenda, que correspondia a minha irmã. Mas Alejandra estava cada vez mais impaciente, de modo que a nossa convivência familiar, estava cada dia mais e mais, insuportável, para Miguel, para Alejandra, minha irmã mimada, e inconsequente, e sobretudo para mim, que já não aguentava mais tanto estresse em minha casa, todos os dias... Eu estava no meu limite.

- Minha irmã jamais vai querer vender a sua parte na fazenda, mesmo que não goste das terras que foram de nossos pais, ela não vai me vender a parte que lhe pertence, Maria Alejandra pode ser insuportável as vezes, é minha irmã, mas não sei mentir para você meu amor...

- Todos nós sabemos que sua irmã nunca gostou do campo, está aqui, porque não tem mais dinheiro para torrar na Capital...

- Falando de mim "querido" cunhadinho? Que feio falar dos outros pelas costas, quem faz isso, pode muito bem fazer algo pior...

- Eu estava apenas comentando com sua irmã, que você nunca gostou do campo, ou por acaso, estou mentindo, Alejandra?

- Que eu não gosto do campo, até as teias de aranha dessa casa sabem Miguel; ela nos olha debochada, como sempre - Mas você como homem "perfeito" que é certamente me recrimina, como minha irmã teve "sorte" por ter te encontrado, não é?

- Chega Alejandra, por favor, apenas pare de destilar o seu sarcasmo...

- De você Lúcia, quero apenas o dinheiro que me corresponde, nessa fazenda, depois que me pagar vou embora para a Capital, lá sim sabem tratar uma dama de minha estirpe...

- Você vai gastar todo o dinheiro com coisas inúteis, que eu sei, Alejandra; digo quase explodindo de raiva, fazendo o impossível para não acabar gritando e me excedendo de novo - E voltar aqui, para me pedir mais dinheiro... Dinheiro esse, que eu não tenho agora e provavelmente não terei por um bom tempo, até que essas terras comecem a produzir de verdade, gerando para a nossa família o lucro que preciso para comprar a sua parte na fazenda - Paro de falar um pouco para respirar; pois se caso, eu tivesse todo esse dinheiro que você tanto quer, comprava a sua parte na fazenda de uma vez, e acabaria logo com todos os nossos problemas...

- Então ficam elas por elas, minha irmã... Eu sem meu dinheiro, e você sem minha parte da fazenda, é uma pena, não é irmãzinha? - Ela me olha de uma maneira debochada, que quase me faz perder o controle; uma pena eu ter que vender para um estranho partes dessas terras, que você tanto ama; me mede de cima a baixo, só pra me provocar - Tendo em vista que você não tem como comprar as minhas terras... A parte desta fazenda, que nossos pais me deixaram, que lástima, não é, Lúcia?

- Não me provoque Maria Alejandra... Por favor, não me irrite mais do que você já irritou; a essa altura dos acontecimentos, tudo que eu não queria era me aborrecer ainda mais com a minha irmã mais nova, o que muitas vezes, era uma missão quase impossível, principalmente quando se tratatava do futuro da fazenda Narvaez, minha casa, meu lar- Não me provoque, minha irmã... Não, quando você sabe muito bem do que sou capaz de fazer, Maria Alejandra...

- E eu, minha cara irmãzinha... Eu não tenho, e nunca tive medo de suas ameaças vãs, tolas, e vazias, minha cara... Ou seja, para que eu saia daqui, sem ter que vender a minha parte da fazenda, basta que você me pague por elas... Que você me pague o equivalente ao que minha parte nas terras valem; a essa altura eu queria essgana - lá - Vocês podem ficar com esse pedaço de terra inutil, desde que me paguem muito bem por ela, caso contrário continuarei tentando venser a minha parte na fazenda, mesmo que seja para um estranho... Mas enquanto isso... Enquanto nada for resolvido entre nós, com relação as terras, vocês dois terão de me aguentar mais um pouco... Por mais um tempinho, até comprarem a minha parte da fazenda, algo que eu duvido muito que aconteça, devido a atual situação financeira de vocês... Ou até que eu encontre outro comprador para a minha parte, na fazenda Narvaez...

Maria Alejandra acaba saindo de novo, batendo a porta da frente, com muita força dessa vez, deixando meus nervos em frangalhos, minha irmã precisava de uma coisa para aquietar - se... Ela precisava se casar, o mais rápido possível... E o quanto antes, minha irmã se casasse, melhor, para que assim, quem sabe, ela não acabasse desistindo da ideia absurda de vender a sua parte da fazenda, para um completo estranho... Mas isso era mais uma ideia do meu marido, algo que poderia ou não dar certo, já que conhecendo bem, Maria Alejandra, eu sabia muito bem, que nem em sonho, ela aceitaria se casar, com quem quer que fosse... E tudo isso somente para me contráriar, algo que ela fazia com maestria e perfeição, desde que éramos crianças. Ou seja, Maria Alejandra precisava se casar, mas com quem? Quem em sã consciência se casaria com ela?

- Preciso casa - lá o quanto antes... O mais rápido que eu puder, ganhando tempo e terreno... Para que assim, ela fique oculpada por um bom tempo com os preparativos de um casamento, e acabe se esquecendo de vender as sua parte na fazenda... Pelo menos por enquanto; pensava comigo mesma, enquanto Miguel massageava meus ombros cansados - Mas com quem? Preciso pensar bem nisso... Afinal de contas, minha irmãzinha não pode simplesmente, se casar com qualquer um...

Trilogia amores latinos: livro 3, coisas do destino... Onde histórias criam vida. Descubra agora