(Narradora)
Era uma calma manhã de domingo, Ramiro, assim como boa parte dos empregados Narvaez, estavam de folga, ele e seu meio irmão estavam no rio. Mesmo que não se dessem muito bem, os dois tinham o costume de nadar num rio que dividia a fazenda Narvaz da de Álvaro e Alfonso. Nesse mesmo rio, Ramiro tentou afogar seu irmão, quando o mesmo tinha uns quatro anos, e Ramiro tinha já os seus dez. Fato, este, que Otávio nunca esqueceu, e justamente por isso, ele não confiava nem um pouco em seu meio irmão, mesmo quando as intenções deste eram boas, algo raro em um homem ambicioso e invejoso como Ramiro.
- Você me chamou aqui, para quê? - Otávio lhe pergunta, um pouco desconfiado; tentar me chantagear de novo? É isso? Responde, Ramiro!
- Um pouco mais de calma, não te faria nada mal, irmãozinho, vai por mim que você se dá bem na vida; ele diz com a cara mais cínica do mundo, e um olhar quase indiferente - Mas não te chamei aqui pra falar da senhorita Narvaez... Mas sim do seu Miguel...
- Não te entendo Ramiro; e de fato, Otávio não o entendia mesmo - O que quer saber do patrão? O que eu poderia saber sobre ele? E por que, para começo de conversa, estamos falando sobre o seu Miguel?
- Curiosidade; dá de ombros - Já que ele tem uma ligação tão estranha com o nosso pai, e possivelmente com a selvagem da sua mãe...
- Não te entendo Ramiro... Que ligação nosso pai poderia ter com o seu Miguel? E por que colocar minha mãe no meio de tudo isso? - Ele estreita seus olhos, ficando de frente para ele, coçando o seu pescoço - O que sabe sobre a minha mãe? Tudo que sei de minha mãe, é que ela morreu quando eu nasci, e talvez por isso o nosso pai me odeie tanto... Te pergunto isso, porque quando nosso pai conheceu a minha mãe, você já tinha seus seis anos... E eu sei tão pouco dela... Não tenho uma foto de minha mãe, e nem ao menos sei o nome dela...
- Não me lembro da sua mãe; ele estava mentindo, ele sabia muito bem quem era a mãe dele, e até mesmo onde ela estava, coisa que nem mesmo o pai deles sabia - Eu era muito novo quando ela... Quando ela morreu; Ramiro sabia muito bem da situação financeira e de saúde, de Vitória Mendonça, mãe de Otávio - Quando seu pai se envolveu com a sua mãe... A minha estava quase morrendo... Mas ainda estava viva, e sofria na pele, pela traição de meu pai... Ela sofreu muito nessa vida, por causa do meu pai... E também por culpa da sua mãe...
- Agora entendo o porquê de você me odiar tanto; diz um pouco pensativo - Mas quanto ao seu Miguel, acho que não posso te ajudar em nada... Já que não sei nada dele, e muito menos dessa ligação, que você insiste em dizer, que ele tem com o nosso pai...
- Tudo bem... De qualquer forma, era só uma curiosidade minha, nada de muito importante pra mim; dá de ombros, como se realmente não se importasse com aquilo, o que certamente não era o caso - Mas mudando de assunto, está gostando das aulas de montaria, com a caprochosa da senhorita Narvaez? Deve ter suas vantagens bem mais conpensadoras que aquele beijou que você roubou dela; Otávio o encara com raiva - Estava apenas brincando, não precisa se zangar...
- Eu já te disse isso uma vez, e volto a repetir, porque parece que você não entendeu bem o aviso que eu te dei; sua voz começa a ficar mais rispida do que o seu normal - Mais respeito com a sehorita Narvaez... porque além dela ser uma de nossas patroas, é uma mulher, motivo mais do que suficiente para respeita - lá... Até porque todas as mulheres do mundo merecem respeito, carinho e amor, e a senhorita Narvaez, não foge a essa regra... Como você bem o sabe...
...
Na sala de jantar da casa grande da fazenda, Miguel estava um pouco inquieto, muito preocupado com a aproximação de Alejandra e Otávio, já que isso não fazia parte de seus planos. Ele queria casar Alejandra sim, mas não com Otávio... Para que seus planos de vingança dessem certo, sua cunhada precisava se casar sim, mas com Alfonso, meio irmão de um dos seus piores inimigos, Álvaro García Sifuentes. Lúcia estava ao seu lado, um pouco dispersa em seus próprios pensamentos, momento ideal para que ele agisse.
- Sabe, Lúcia... Não acho uma boa ideia essas aulas de montaria de sua irmã mais nova, com o tal de Otávio Olivares; ele diz como quem não quer nada - Mesmo não tendo juízo nenhum, ela ainda é uma Narvaez, e como tal, temos que pensar um pouco mais na reputação dela... Se estivéssemos na Capital, vá lá, tudo estaria bem, ninguém ia se importar, mas estamos num povoado pequeno, onde tudo vira fofoca... Onde a língua das pessoas parece bem maior que a boca...
- Entendo; ela se preparava para se sentar a mesa, e começar a tomar o seu café - Mas você conhece muito bem a Alejandra, sempre do contra... Se a proibirmos de ver esse tal Otávio, nem quero pensar no que ela pode vir a aprontar em seguida... Sendo tão volúvel como só ela é...
- Mesmo assim, não acho certo, uma moça solteira, como ela é; afasta a cadeira de Lúcia para que ela possa se sentar, como um verdadeiro cavalheiro, coisa que ele apenas fingia ser, para enganar e iludir sua esposa, e se senta ao lado dela, a mesa - De modo que o mais prudente a se fazer, seria proibir a Alejandra de continuar se encontrando com esse tal Otávio...
- Me proibir do que mesmo, Miguel? - Ela aparece mais irritada do que nunca, como uma onça brava - Pois fique sabendo de uma coisa "querido" cunhadinho... Você não é o meu pai, e por isso não tem autoridade para mandar em mim, e muito menos de me proibir do que quer que seja, e tem mais; diz quase colocando um de seus dedos indicadores no peito dele, tamanha a sua indignação - Eu decidi que vou me casar com ele... Quer vocês queiram ou não...
- Casar com ele? - Lúcia pergunta um pouco confusa; não acha que está indo longe demais com isso, minha irmã? Vocês mal se conhecem...
- Ela disse isso para me irritar, Lúcia; tenta se fazer de vítima - Está claro que a sua irmã me odeia... E por isso inventa qualquer coisa para me irritar, por isso ela vive fazendo o que faz, arranjando razões para me irritar, chatear, incomodar e também te manipular... E a mais recente delas, dessas maneiras me desafiar, é este absurdo que acabamos de escutar... De que ela vai se casar com um dos nossos empregados... É a única explicação, que encontrei para explicar o que acabei de escutar... É isso, ou bem, devo lhe informar que a su irmã endoidou de vez, pois sendo ela quem é, não poderia e nem poderia cogitar uma coisa dessas...
- Engano seu; pega uma maçã da cesta de frutas que ficava em cima ds mesa, perto do vasto café da manhã, sempre muito bem preparado por Guadalupi e sua ajudante Milagres - O que eu disse agora a pouco, foi mais que sério... Não estava de brincadeira, e nem tão pouco perdi a minha sanidade, Miguel... Eu pretendo... E vou me casar com Otávio Olivares, basta ele me dizer sim... E eu me caso com ele, ainda hoje; diz isso, os desafiando, apos dar uma grande mordida em sua maçã, depois de limpa - lá superficialmente em sua camisa - Vou me casar com Otávio Olivares muito em breve, mesmo que seja contra a vontade de vocês... E doa a quem doer...
- Isso é um absurdo! - Miguel se levanta batendo a sua mão direita na mesa, com força; e mais que indigno de uma pessoa da sua linhagem... Eu te proibo...
- Proibe nada; dá de ombros - Você não manda em mim...
- Chega! - Agora era Lúcia, quem havia perdido a paciência; Depois reslvemos isso, agora vamos tomar café da manhã... Como uma família...
- Mas Lúcia...
- Depois Miguel... Depois...
- Bem feito... Mais que bem feito, na verdade; Alejandra parecia uma criança nesse momento - Quem mandou se meter onde não devia...
- Alejandra; Lúcia a repreende - por favor, já chega por agora... Pelo menos por agora, enquanto tomamos café da manhã... Depois do café, vocês podem até se matar, que eu nem ligo...
- E por que devo ficar calada, enquanto seu marido... Seu marido, mas que bela piada, maninha... Enquanto o seu marido grita comigo, como se eu fosse uma das putas dele? Faça - me o favor, né? - Se faz de inocente, com o seu típico ar de deboche e indignação, aparente em cada palavra que ela dizia; eu disse alguma mentira, por acaso? Sendo que ele está mesmo se metendo onde não deve... Na minha vida, que pertence única e exclusivamente a mim, sendo que ele não é nada meu? Sendo que aqui nessa casa, ele é aenas o seu marido... E nada mais que isso... Nada mais, Lúcia!
Continua...
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Trilogia amores latinos: livro 3, coisas do destino...
AcakMaria Alejandra Narvaez vive com sua irmã Lúcia, e seu cunhado Miguel, ela quer sua parte da fazenda para gastar a vontade... Porém sua irmã não aceita isso, pois sabe que certamente ela vai torrar o dinheiro com futilidades. Nesse meio tempo um sel...