🌹Capítulo 10🌹

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(Narradora)

Em seu quarto, sozinho, já qua Aníbal  não estava mais na fazenda, Alfonso se sentia a mais solitária das croaturas de Deus, um homem sem esperanças ou sonhos. Seu irmão o amava muito, disso Alfonso sabia muito bem, entretanto Álvaro era frio com ele, e muitas vezes autoritário, sempre querendo mandar em sua vida, como se fosse dono dela. Seu irmão o tratava como um inútil, um maldito inválido, sem cérebro, ou vontade própria. Lendo um velho livro, de antigos sonetos de amor, provavelmente de Lord Byron, quase nem percebeu seu irmão entrar em seu quarto, sem nem ao menos pedir.

- Espero que esteja mais calmo; ele diz bem mais brando do que o seu normal, de uma maneira que não agir, principalmente com seu irmão mais novo, que sempre tratava como uma criança - Assim como espero que entenda que tudo que faço, é visando o seu bem... Alfonso eu não sou imortal, um dia vou morrer; ele não queria demonstrar fraqueza diante de seu irmão, e justamente por isso, estava de costas para ele - Mas enquanto eu ainda estiver aqui nesse mundo, prometo te proteger, de tudo e todos, e até de você mesmo, se esse for o caso...

- Me proteger de quê? Ou melhor perguntando, de quem? - Pergunta ainda deitado em sua cama; eu te adoro meu irmão, mas essa sua superprodução, sinceramente; fecha o livro que estava lendo, sem nem ao menos marcar a página, pois de tanto ler, já tinha memorizado o local de cada soneto, começando do seu preferido, ao que menos gostava - Que sinceramente, você meio que acaba me sufocando...

- Eu sei que te sufoco com esse meu jeito mais que autoritário; se vira, ficando de frente para ele - Mas você é a única família que me resta... De modo que...

- Nunca entendi isso; pensa um pouco, mais inquieto do que antes - Quero dizer, nunca entendi o porquê de você nunca ter se casado, por exemplo... De não ter filhos e tudo mais... E por que, meu irmão? Por que você nunca se casou? Por que nunca quis ter a sua própria família? Foi por minha causa? Porque se foi, você pode me dizer...

- Não... Não... Definitivamente Não foi por sua causa; pensa um pouco no passado, mas logo volta ao presente momento - Mas não quero falar sobre isso... Vim aqui apenas para te pedir mais uma vez, que fique longe dos Narvaez, eu não gosto deles... Especialmente no Miguel Montenegro... Ele não me inspira confiança, a mulher dele tão pouco...

- Eu gosto muito de você, meu irmão, e te respeito, de verdade; ele diz calmamente - Mas nem mesmo por você, irei ficar longe da Alejandra, eu a... Eu gosto muito dela, desde que me entendo por gente... E não suportaria ter de ficar longe dela de novo... Eu quero ficar perto dela, nem que seja só como um amigo , custa entender isso? Ou é pedir muito? Custa tentar me entender? Custa?

- Custa sim! E custa muito! - A essa altura, Álvaro já havia perdido por completo, a paciência - Eu não gosto nem um pouco da ideia de você perto de um dos Narvaez... Essa família não presta, são todos interesseiros, mentirosos, e aproveitadores...

- Não acredito nem um pouco nisso, Álvaro; ele diz desafiando o seu irmão uma terceira vez naquele dia, algo que ele jamais se atreveu a fazer antes, mas que fazia agora, por amor a Alejandra - E mesmo que seja verdade, não acredito que a Alejandra seja assim... Ela é especia... Ela é única... Inigualável...

- Sendo irmã de quem é... Duvido muito que ela seja isso tudo que você pensa, Alfonso - Diz ele muito certo, como se conhecesse muito bem a família Narvaez, especialmente a irmã mais velha de Alejandra, Lúcia, uma mulher que parecia tão digna e nobre, mas que aos olhos de Álvaro, não era bem assim - Portanto entenda uma coisa, de uma vez por todas... Narvaez e Sifuentes são como água e óleo, não se misturam...

...

Na fazenda Narvaez, enquanto Lúcia cuidava de alguns assuntos fora do povoado, Miguel se aproveitava disso, para se envontrar com as suas amantes, e falar mais a vontade com Frederico. Na cabana de Frederico, um homem quase sem forças, mesmo não sendo muito velho. O mais velho estava sentado em uma cadeira de balanço, num pequeno cômodo, que poderia ser considerado a sala, já Miguel estava de pé, não vão da porta, com a cabeça a mil.

- Pode falar de uma vez o que tanto te preocupa... Diga sem medo, ninguém vai nos escutar, acredite em mim, quando te digo isso; Frederico diz já sem um pingo de paciência, estava cansado demais, para ser o que nunca foi, um homem paciente - Ramiro não está na fazenda, provavelmente ele deve estar ao lado de dona Lúcia, na Capital, já que é o homem de confiança dela... Quanto a Otávio, provavelmente está metido nos estábulos, coisa que faz até quando vai dormir...

- Eu sei muito bem disso Frederico, bem até demais, considerando que eu sempre sei onde os meus empregados estão; diz sem encarar o seu tio nos olhos - O que me preocupa agora é outra coisa, muito mais preocupante do que ser flagrado por Ramiro, ou até mesmo pelo Otávio... É justamente ele quem me preoucupa, seu filho bastardo, o tal de Otávio... Já que ele está se aproximando demais da minha cunhada...

- Achei que fosse esse o seu plano, no ginal das contas; ele diz um pouco confuso - Casar a sua cunhada, seja com quem for, o quanto antes... Até mesmo com o inútil do meu filho...

- Quero casa - lá sim, o mais rápido possível, mas não com o seu filho, evidentemente - Finalmente começa a encarar seu tio nos olhos; tenho um pretende bem melhor para ela...

- Acho que sei de quem se trata... Acho não, eu sei muito bem, Miguel; passa as mãos em seu cavanhaque, bastante pensativo - Aposto que se trata do mais jovem dos Sifuentes... Alfonso del Omo... Considerando que o mais velho deles é o...

- Sim, sei muito bem o que Álvaro é de Alejandra, na verdade; diz já impaciente - Algo que Lúcia pensa que pode esconder de mim... Um leigo engano, mas para que a minha vingança dê certo, minha cunhadinha "querida" precisa se casar com Alfonso del Omo, e não com o imbecil do seu filho... Se é que esse rapaz é mesmo seu filho... Considerando a péssima reputação de sua segunda esposa...

- Não me toque mais no nome dessa mulher! Estou te implorando; diz  Frederico muito alterado - Até porque você sabe muito bem tudo que sinto pela mãe do Otávio... Aquela mulher que tanto mal já me causou...

...

Não muito longe dali, no rio que diviia a fazenda Narvaez, da de Álvaro, Otávio e Alejandra se emcontravam lá, coisa que já havia se tornado um hábito entre eles. Otávio estava cada vez mais apaixonado por ela, já Alejandra não lhe era tão indiferente, como muitas vezes tentava lhe demonstrar.

- Você me olha de uma maneira tão estranha; ela lhe diz bem do lado dele, os dois estavam sentados perto do rio, molhando apenas seus pés, e apreciando a beleza de uma bela tarde de domingo - Quem vê, até pensa que você está apaixonado por mim...

- E teria algum problema nisso? Digo... Teria algum problema se eu me apaixonasse pela senhorita?

- Prefiro que me chame de você, ou pelo meu primeiro nome; ela diz colocando uma mexa de cabelo atrás da orelha, enquanto olhava fixamente para o rio - Não precisamos de tantas formalidades assim, considerando que passamos tanto tempo juntos...

- Mesmo assim, sou apenas o seu empregado e a senhorita, uma de minhas patroas; diz ele dando de ombros e se deitando no chão, com seu chapéu preto, cobrindo o seu rosto - De modo que não ficaria nada bem eu a trata - lá com tanta intimidade assim...

- Talvez sim... Talvez não... Mas quem sabe, não é mesmo? O futuro é sempre tão incerto, pelo menos é o que dizem; diz um pouco matreira - Mas se tudo der certo como quero... E nos casarmos muito em breve, como desejo... Ficaria muito estranho se o meu marido me chamasse de senhorita ou de dona, antes de dizer o meu nome...

- Como assim? Não estou te entendedo - Ele se senta abruptamente, derrubando seu chapéu no chão; que história essa de casamento?

- Isso mesmo que você ouviu, meu caro Otávio; começa a encara - lo bem no fundo dos olhos dele - Foi um pedido sim, Otávio... Eu estou te pedindo em casamento... E então? Aceita? Ou não, o meu pedido?

Continua...

Trilogia amores latinos: livro 3, coisas do destino... Onde histórias criam vida. Descubra agora