👽 •• 25 •• PÁLIDO PONTO AZUL •• 👽

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Uma enorme pressão fez com que Karen achasse que seus ouvidos iriam explodir.

Suas pálpebras se moveram violentamente, mas à sua frente, um enorme clarão branco a fez achar por um instante que estava cega. Uma sensação de sedação a impediu de se locomover, entretanto seus olhos se moviam ao redor do ambiente, mas não conseguia vislumbrar nada além da forte luminosidade branca presente.

Aquela pressão pesada no ouvido a deixou enjoada por um instante, e ela esperou o grave ziguezague sonoro diminuir. Aos poucos, conseguiu mover os dedos e inclinar um pouco a cabeça para a frente. Seus dedos dos pés também se moveram. Gradualmente os movimentos do corpo voltavam, mas a voz era a única que ainda falhava.

O clarão começou a tomar forma em sua vista. Uma sonolência a fez quase dormir, mas percebeu que não estava em casa e nem mesmo em um hospital. Ela levantou devagar e conferiu o ambiente ao seu redor.

Karen estava em uma espécie de bolha, deitada sobre uma superfície sólida quase translúcida. Sentada no objeto, as mãos de Karen reconheceram a dureza da superfície após explorar o material com o toque. A garota levantou com um pouco de dificuldade e ficou em pé devagar. Em seu corpo, um longo vestido branco a cobria até os pés, que ficavam invisíveis debaixo da veste. Mas, uma coisa na vestimenta a deixou intrigada.

As pontas do vestido flutuavam. E não apenas o vestido, como também os seus volumosos cabelos ruivos, puxados para cima. Ela se esforçou ao máximo para gritar, e quando conseguiu, berrou o nome dos irmãos:

— Henry, Lauren! Vocês estão aí?

Nenhuma voz foi ouvida. Karen inspecionou ao redor da enorme bolha que a cercava à procura de alguma resposta, mas nada encontrou. Ela flutuou até a borda do ambiente e tocou a superfície.

Nada de rigidez. Karen sentiu sua mão atravessar a bolha. Ela fechou os olhos e passou de uma vez o objeto.

Do lado de fora, a jovem vislumbrou a bolha branca em que estava e a cercou. A sensação de flutuar era incrível, e por um instante achou que era tudo um sonho. Atrás da sua bolha, outras sete, espalhadas em uma área também circular, chamaram a sua atenção. Karen não fazia a menor ideia do que aconteceu, e a última coisa que ela lembrava era de Hawyrth caindo para um dos Aliotiks. Assustada, a jovem flutuou até uma outra bolha. Entrou na mesma e percebeu que se encontrava vazia.

Desesperada, ela insistiu em chamar o nome dos irmãos, mas ainda sem resposta. Partiu então para outra bolha, e ao entrar, também a viu vazia.

Karen não sabia mais o que fazer. Na terceira bolha vazia, quis se ajoelhar e chorar. Mas não poderia perder a esperança. Seus irmãos poderiam estavam ali em algum lugar.

Para acessar as últimas três bolhas, era preciso subir uma espécie de altar, onde as mesmas se encontravam lado a lado. Karen flutuou até a área e pairou acima do altar tão branco quanto as bolhas. E a pressão no ouvido retornou, e ela sentiu que vinha de cima dela. Ao erguer a cabeça, Karen exclamou um palavrão e sentiu ansiedade ao ver o que havia acima de seus olhos.

O planeta terra.

Acima dela, a terra girava, com os oceanos pintados de longas faixas brancas e uma porção de terra que ela reconheceu como a África. A forte pressão em seus ouvidos tinha uma explicação, e mesmo com os tímpanos latejando, Karen permaneceu parada por alguns minutos enquanto admirava o giro do planeta azul e a lua ao fundo.

Ela deixou a admiração para depois e entrou na primeira bola: a que ficava no meio. E para sua surpresa, encontrou Henry, deitado sobre a superfície invisível.

— Henry! — ela abraçou o irmão, mas o mesmo não se moveu.

Karen o viu de uma forma diferente: tinha a mesma veste e seus cabelos médios, ruivos e ondulados flutuavam na ausência de gravidade. O rosto de Henry era calmo, sereno e pálido, até mesmo suas visíveis sardas eram ofuscadas pela alva luz que a bolha emitia. Notou que o irmão respirava e sentiu alívio ao vê-lo vivo. Entretanto, Henry não se movia, mesmo com Karen chacoalhando seus braços.

Separados Pelo Tempo: Segredos Alienígenas Parte I | Wattys 2021Onde histórias criam vida. Descubra agora