👽 •• 8 •• CONTATOS ALEATÓRIOS DE SEGUNDO GRAU •• 👽

256 31 78
                                    

DOMINGO, 16 DE SETEMBRO DE 2012

"Karen, me responde. Não vai adiantar de nada fingir que está tudo bem"

Karen decidiu não responder à mensagem de Dennis. Em vez disso, bloqueou a tela do celular e o apertou dentro de sua mão. Passou a olhar para o nada através da enorme janela de vidro da sala, enquanto sentada no sofá.

Uma música do Alice In Chains fazia seus pés se moverem no ritmo das agitadas batidas e fazer com que ela se esquecesse por um instante de tudo que estava acontecendo. Graças a Frederick, aquelas músicas sempre eram revividas nos fins de semana – o que não era um problema para os gêmeos, que haviam herdado o gosto musical dos pais. Entretanto, o volume da música era bem baixo, pois Lauren dormia após um dia com dores de cabeça intensas.

Karen viu o portão automático de sua casa se abrir e o carro do seu pai estacionar próximo a piscina. Por um instante, ela olhou novamente para o telefone, e ouviu o rangido da porta de casa.

— Chegamos! — anunciou Frederick, dando passagem para Henry, que trazia consigo três caixas de pizza em sua mão. Ele passou diretamente para a sala de jantar, vendo que a irmã se encontrava quieta e fria.

Henry voltou da sala de jantar e ouviu seu pai comentar:

— Ficamos esse tempo todo conversando sobre música e eu esqueci de te perguntar: você está namorando com a filha da comissária?

Karen deu um sorriso, despercebido pelos dois. Henry não respondeu, o que levou Frederick a continuar:

— Vi os dois se beijando na piscina ontem.

— É pai, estamos juntos. – confirmou Henry.

Karen agradeceu por Frederick não estar em casa na hora em que beijou Dennis.

— Tenha cuidado — aconselhou Frederick, pondo as chaves do carro em cima de uma estante na sala. — não se adiante com Aretha ou vai acabar que nem eu, sendo pai aos 21.

Os irmãos se entreolharam. Sabiam que, quando nasceram, Frederick tinha 25 anos e Melissa, 23. Seis meses após o desaparecimento de Lauren, Melissa e Frederick contaram aos dois de que eles eram para ter uma irmã dois anos mais velha do que os trigêmeos, mas que morreu um ano e dois meses depois. Aquele assunto não era muito explorado, pois os meninos viam o quanto Melissa desabava em lágrimas e Frederick ficava perdido em meio ao silêncio ao citarem o nome Deirdre Lloyd MacSymon Ferdinandz. Agora, Frederick parecia ignorar o fato de que poderia ter uma filha mais velha para dividir o jantar ali entre eles. O sofrimento por Deirdre ficou obsoleto a partir do momento em que Lauren só era vista em fotografias e em cartazes de desaparecimento espalhados pela cidade.

Notando o silêncio de Henry sobre seu conselho, Frederick olhou para Karen e passou a mão sobre o cabelo da filha – separado em dois coques simétricos no topo da cabeça, com os fios da parte de baixo soltos.

— Está tudo bem com você?

— Sim. — Afirmou Karen, reclamando em seguida. — Ver Henry apaixonado é um saco, mas confesso que estou me divertindo.

Frederick olhou para a filha e quis saber:

— E você, Karen? Existe algum garoto no qual você gosta?

— Não mesmo! — Ela negou com um grito, o que fez Henry rir e Frederick dizer:

— Se for uma garota, saiba que jamais vamos nos importar com isso, você continua sendo nossa filha e nos orgulhando sempre.

— Pai, não! — Karen gritou e riu. — Eu não me apaixono.

— Não foi o que eu vi com o Dennis ontem à tarde, hipócrita. — Comentou Henry, sentando ao lado da irmã após Frederick sorrir para os dois e passar direto para seu escritório, do outro lado da sala.

Separados Pelo Tempo: Segredos Alienígenas Parte I | Wattys 2021Onde histórias criam vida. Descubra agora