👽 •• 1 •• ANOS DESPERDIÇADOS, PT. 1 ••👽

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SEXTA-FEIRA, 17 DE AGOSTO DE 2012

4 ANOS DEPOIS

Todos na cidade diziam que, alunos do Internato Constelação eram gênios com a vida ganha.

Axel Franklin não pensava que era um gênio, e sim um idiota traumatizado que sequer conseguiu ser alguém na vida. Axel era um ex-aluno do Constelação que trabalhava todos os dias na biblioteca pública da cidade. O bairro onde morava ficava à quatro quilômetros do centro de Alverne Dourado, e Axel odiava ter que se esforçar para subir o morro que levava ao seu distante bairro e andar mais dois quilômetros até chegar em casa. Pelo menos ele via o pôr do sol enquanto fazia seu caminho de volta para casa.

Naquela sexta-feira, Axel acabou se atrasando. Eram quase oito da noite quando ele resolveu seguir outro caminho. Passou antes na casa de um amigo e de lá, seguiu caminho por dentro de uma trilha em um bosque cercado por pinheiros. O jovem ergueu a cabeça e contemplou o céu estrelado, que lhe fascinava desde sempre.

Olhar para o céu lhe lembrava a adolescência. Agora, com vinte e dois anos, ele se arrependia de não ter aproveitado o suficiente o Constelação e seus estudos. Ser o rapaz revoltado da sua turma de terceiro ano em 2008 não lhe levou a nada, inclusive a perder alguém que ele amava.

Eleanor. Era impossível para Axel um dia em que ele não pensasse em Eleanor. O tempo passava muito rápido, e agora, quatro anos depois, ele lia as notícias sobre Laurentino – como os desaparecimentos eram conhecidos na cidade e não acreditava. Aquilo lhe doía todos os dias. Suas memórias com Eleanor eram as melhores de sua vida, assim como as do tempo em que ser o rapaz bolsista do Constelação lhe prometia um futuro.

E então, o som de galhos se partindo no bosque lhe chamou atenção a ponto de parar a caminhada. Algo naquela cidade não estava certo para ele, afinal a quantidade de depoimentos que ouvia todos os dias na biblioteca sobre as lendas da cidade o apavorava. Inspecionou o local à sua volta, mas viu que era o único no local.

— Eu já fui parado outras vezes aqui por ladrões, mas dessa vez não vou tolerar nada disso! — anunciou Axel, entretanto, não houve nenhum retorno. Ele engoliu em seco e um medo lhe deixou imóvel, querendo sair, mas suas pernas tremiam a ponto de não conseguir sequer dar um passo a mais.

Um som estranho e desconhecido para ele se juntou aos dos galhos se partindo. Em seguida, as luzes dos postes se apagaram.

Axel ofegou de medo, sendo obrigado a acender o flash do celular como lanterna. Abriu a boca e deixou cair no chão uma das sacolas que carregava quando um estranho tentáculo chicoteou uma árvore ao seu lado. Com medo, o bibliotecário piscou os olhos achando que era uma ilusão, porém não era.

Era um estranho e longo tentáculo que pairava no ar como ondas. Em sua ponta, uma espécie de espinho jorrava um líquido vermelho, e ao ver que se assemelhava à sangue, Axel decidiu não ficar parado e fugir dali.

O tentáculo tentou atingir o rapaz e nisso, acabou derrubando uma sequência de três postes na direção de Axel.

— O que é isso? — se questionou. Nunca havia sentido tanto medo antes, exceto no dia em que Eleanor desapareceu. Aquele terrível dia fez com que ele se tornasse à prova de dores e medos, mas agora, um estranho ocorrido o fez correr como nunca, mesmo em meio ao terrível escuro do local.

Axel sequer conseguia respirar. Achava a todo momento que morreria sem ar, o medo de continuar correndo e enfartar lhe atormentava. Entretanto, ficar parado e morrer para algo inacreditável era pior. Ele pediu a Deus para sobreviver, afinal naquele momento, passou pela sua cabeça perguntar a Deus a origem daquela coisa.

Já sem forças e fôlego, Axel enxergou as luzes nas casas de madeira do seu bairro. Ele se ajoelhou no asfalto de uma avenida que separava o bosque do bairro e ofegando, começou a chorar.

Separados Pelo Tempo: Segredos Alienígenas Parte I | Wattys 2021Onde histórias criam vida. Descubra agora