Dennis brincou com um canivete e sem querer, cortou o dedo ao escrever seu nome na parede desbotada no exterior da fábrica.
Aquele inútil presente do avô enfim havia ganhado um uso, mas ele não imaginava que iria se ferir com o objeto. Limpou o sangue na camiseta branca que dizia "Eu amo Alverne Dourado" e sentou ao lado de Aretha, encostada na parede olhando para o nada e alimentando esperança de que tudo desse certo.
— Já faz trinta minutos que eles entraram. — Hillary lavou o rosto com a água no galão ao seu lado e sentiu a maquiagem derreter sob o escaldante sol de meio dia, mesmo com as árvores dando uma sombra magnífica, o calor assolava a cidade. — ninguém voltou.
— É uma fábrica grande e abandonada. — disse Dennis, pressionando o dedo indicador contra a blusa. — Dei uma volta e vi que não é pequeno.
Aretha encostou a parte de trás da cabeça na parede e se hipnotizou com o profundo azul do céu. Torceu para aquele pesadelo acabar, mas quanto mais o tempo passava, mais ela nutria negativismo acerca da situação.
— Dylan está um pouco nervoso, não? — Dennis puxou assunto com Hillary, que grunhiu em afirmação.
Dylan não era o único. Todos sentiam medo em tudo aquilo, em lutar contra seres de outro planeta, ter aliados de outros planetas e naves de outros planetas.
Hillary quase cochilava quando despertou de uma vez. Se assustou ao ouvir passos apressados se aproximando.
— Fogo!!! — Jenny surgiu de dentro da fábrica gritando, em uma pressa absurda a ponto de quase tropeçar em um toco de árvore ao chão.
O trio levantou e foram até a alienígena sem entender, mas pensaram logo o pior ao ver a híbrida voltando sozinha.
— É fogo, — ofegou Jenny, se ajoelhando diante dos amigos e limpando suas lágrimas. — Os Aliotiks são sensíveis à luz do fogo, o calor também as pode matar.
Dennis estalou a língua nos dentes.
— Como não pensamos nisso antes!
— Desespero. — Dylan apagou o seu cigarro. — Por isso que me ausentei, eu precisava de um tempo para pensar direito.
Jenny choramingou e ofegou. Pegou o galão de água e tomou um longo e desesperado gole do líquido, o que fez Hillary sentir um pouco de nojo.
— Cadê os gêmeos? — perguntou Aretha, preocupada. Seus olhos pequenos se arregalaram quando Jennecy respondeu:
— Ficaram lá dentro com Hawy, que foi atacado pelas criaturas.
Todos exclamaram, preocupados. Hillary questionou, um pouco receosa da resposta:
— E ele está vivo?
A incerteza de Jenny fez Aretha se virar e tapar o rosto com as mãos.
Dennis empurrou os óculos para cima do nariz e procurou uma solução para ajudar Jenny. A alienígena implorou:
— Não temos tempo para pensar muito, precisamos queimar esse lugar! Hawy corre perigo, precisamos destruir aquelas coisas!
— Mas antes temos que tirar os três de lá, né? — Hillary acentuou.
E Jenny ofegou pela última vez antes de dizer:
— Claro, mas não percam tempo.
O quarteto se apressou. Precisavam de algo inflamável, e sem outra alternativa, Dennis correu até um arbusto e arrancou alguns galhos da planta na tentativa de fazer uma fogueira.
Aretha ficou parada, sem ter a menor ideia de como ajudar. Tirou da mochila uma maçã e começou a morder para ver se a ansiedade em seu corpo sumia de uma vez por todas. Pegou uma garrafa de água, e ao tomar todo o líquido, teve o objeto vazio arrancado de suas mãos por Jenny.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Separados Pelo Tempo: Segredos Alienígenas Parte I | Wattys 2021
Ciencia FicciónEm Alverne Dourado, uma cidade misteriosa, fenômenos alienígenas e sobrenaturais são comuns. Quando Lauren, que desapareceu misteriosamente anos atrás, retorna à cidade com a mesma idade, um grupo de adolescentes rebeldes liderados pelos gêmeos Kare...