👽 •• 2 •• ANOS DESPERDIÇADOS, PT. 2 •• 👽

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QUARTA-FEIRA, 5 DE SETEMBRO DE 2012

— Karen, por que você não está usando a sua saia do uniforme? — Ao puxar o freio de mão do carro, Frederick viu que Karen usava uma calça skinny com a mesma tonalidade preta da calça do uniforme masculino.

E Karen jamais se intimidava. Respondeu, enquanto espremia uma espinha em sua testa sardenta se olhando pelo retrovisor:

— Cansei daqueles moleques ficarem debaixo da escada me olhando.

— Vou te tirar do lado masculino então, o quarto da sua amiga Aretha é sempre vazio. — sugeriu Frederick. — Você sabe que não é permitido as garotas usarem calça, Oliver vive me enchendo o saco por sua causa em relação a isso.

— Pai, se você visse o uniforme da Hillary jamais reclamaria de uma simples calça, ninguém reclama dela. — Ela tirou a mochila do banco traseiro do carro e se inclinou para apanhar o skate de debaixo do banco. — E não, tá bom desse jeito por enquanto.

— Bom você tendo que sair da ala pra usar o banheiro? — Frederick negou, baixando o volume da música do Weezer que ouvia no carro enquanto conversava com a filha.

— Sim. — ela afirmou, totalmente orgulhosa. — Eu é que não vou tomar banho vendo aqueles feiosos no mictório, né pai?

Frederick sorriu, quebrando sua seriedade. Em seguida, declarou:

— No dia em que Henry reclamar, infelizmente vocês serão separados.

— Relaxa, a mão dele sabe se virar sozinha. — Karen comentou séria, mas tal comentário fez o pai rir abertamente.

Frederick adorava o senso de humor agridoce de Karen, achava totalmente diferente das meninas de sua idade e talvez esse fosse o motivo no qual Karen tinha poucas amigas e era inseparável do irmão. A filha abriu a porta do carro e ele pediu:

— Guarda bem esse skate e evite ficar saindo da escola, é perigoso. Esses dias um cara que trabalha na biblioteca disse que foi perseguido até sua casa.

Karen bateu novamente a porta do carro e mais tranquila, se contrapôs ao conselho de Frederick:

— Pai, relaxa. Não vou cair, bater a cabeça e morrer.

— Olha o que você fala...

— Tudo bem, Frederick. — ela deu um sorriso, e seu pai também. Ele sabia que, quando Karen o chamava pelo nome em vez de pai, não falava sério. — Um pouco de humor negro de vez em quando ajuda a aliviar o estresse.

Frederick deu um riso abafado e abaixou a cabeça. Arrumou o cabelo ruivo penteado para trás e coçou o band-aid redondo que cobria uma ferida no seu queixo fino, feita enquanto se barbeava. Ele colocou de volta o cinto de segurança e ligou o carro:

— Agora preciso ir. Vão precisar da minha presença no parque eólico hoje, vão chegar uns materiais para a manutenção de alguns geradores.

— Ainda daquele acidente do ano passado? — a garota se surpreendeu. No ano anterior, alguns geradores foram atingidos por algo que os destruiu. E agora Frederick destruía a paciência da família com seu trabalho:

— Sim, mas agora é definitivo, mesmo com um novo projeto pela frente, prometo que vou chegar mais cedo em casa.

— Não adianta, você nos soltou em um internato mesmo. — a garota comentou, para a tristeza do pai que se calou após o desabafo da filha. Ele então declarou:

— Karen, quando vocês terminarem o ensino médio, eu tirarei uma licença de dois anos da secretaria apenas para ficar com vocês. É o que posso fazer até vocês deixarem a cidade para fazerem faculdade.

Separados Pelo Tempo: Segredos Alienígenas Parte I | Wattys 2021Onde histórias criam vida. Descubra agora