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        Seus olhos não conseguiam segurar indiferença, estavam esbugalhados, seus ossos pareciam tremer enquanto a imagem do garoto permanecia em sua frente, respirando, se movendo, te fazendo ter certeza de que era real, mesmo que preferisse ser um pesadelo.

— Sair um pouco, sabe? — disse o moreno, te causando tanta repulsa que poderia jurar que seu rosto estava ficando esverdeado.

Sair um pouco? — repetiu as palavras do garoto, como se o sentido delas não existisse — Que porra você ta fazendo aqui, Victor?

— Em minha defesa, eu nem sabia que você estaria aqui, só vim porque o Leonardo me chamou, gata. — Victor colocou as mãos nos bolsos, sem se importar em deixar a postura ereta, muito menos em ter fechado os botões da camisa branca que ele usava. Parecia até... que tinha bebido.

— Mentiroso.

Ele terminou o lance de escadas, e por um pequeno momento, você se sentiu pequena. Não por ele ter mais de 1.80, mas sim por ele carregar um olhar tão intenso e carregado de memórias que você desejava tanto esquecer.

Mas que sabia que não poderia. O passado, não importa o quanto trágico seja, faz parte de todos, de alguma forma te molda para ser quem é hoje, o passado faz parte de você, e isso, não se pode mudar.

— Sabe, eu meio que senti sua falta — ele disse, e se você tivesse comido, com certeza teria vomitado ali mesmo. O hálito pairou em seu rosto, e o cheiro inconfundível de vodka te alcançou.

— Você tá bêbado, porra — virou o rosto, empurrando-o, mesmo que não tivesse usado um pouco de força, ele não se moveu um mísero centímetro.

Porra, ele era muito mais alto que Mitsuya, e também muito mais largo. Claro, merda, ele tinha 19 anos.

— Você cresceu, virou uma mulher — sua voz não soou mais do que um sussurro, os passos curtos e lentos em sua direção.

"Deus, não posso esperar você fazer 15" Ele dizia, anos atrás.

"Caralho, você é madura para a sua idade, certo? Nós namoramos, merda, não tem nada de mais nisso."

As palavras surgiam em sua mente, e quando se deu conta, sua visão não estava mais focada em nada.

— Sai de perto, merda — infelizmente, não passou de um sussurro, que foi acobertado pela risada rouca dele. Se sentia fraca de novo, impotente, sem voz e... violentada. Quase como se as palavras daquela noite de tantos meses atrás virassem toques, e a memória se tornasse vivida e palpável.

Mas não era fraca.

Não. Você poderia ser muitas coisas, mas fraca não era uma delas. Não era uma princesa que precisava de um herói. Ele poderia ser um vilão de quadrinhos que você costumava ler quando mais nova, mas não tinha mais poder sobre você.

Sentia repulsa dele. Não medo.

— Aja como um adulto, uma vez na sua vida, vá para aquela mesa e se sente, e me esquece. Fique lá com seu amigo, o pai dele e os demais, mas não aja como se fôssemos algo além de um ex-casal tóxico. De preferência, não dirija a palavra para mim.

— E você não aja como se fosse o motivo da minha existência na terra, garota. Você já foi muito melhor do que isso, sabia?

— Sua validação não me convém.

E saiu.

Voltou para a mesa, se sentou como uma boa garota, e se calou. Laura estreitou os olhos por sua demora, Takashi te olhou esperando alguma proclamação, mas seus lábios permaneceram fechados.

𝐔𝐦𝐚 𝐧𝐨𝐯𝐚 𝐞𝐫𝐚 | ᴛᴀᴋᴀsʜɪ ᴍɪᴛsᴜʏᴀ x ʟᴇɪᴛᴏʀᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora