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Seus saltos ecoavam contra o cintilante piso branco, de braços dados com o garoto à sua direta.
Caminharam até a recepção, sorrindo fino para o homem de terno preto. Avisou ter mesa reservada no nome da família de Laura, a entrada foi cedida e vocês dois instruídos a irem até o segundo andar.
Agradeceu, e ambos se colocaram a andar.
Suspirou pesado logo que passaram pelo restaurante, tentando manter o foco, e não dizer que queria ir embora.
Não seria fraca.
— Tudo bem? — questionou o garoto, logo que começaram a subir os degraus.
— Acho que na medida do possível — respondeu sorrindo fino — Só... não fica impressionado em escutar merda.
— Fica tranquila, ok? Estou aqui com você. Quando quiser ir embora, é só me dizer.
Gostava da forma em que ele pensava positivo, mas você sabia que não seria tão fácil assim.
Kelly era alguém... complexo de mais.
Até para Mitsuya lidar.
Terminaram o lance de escadas, percorreram o olhar pelo salão e logo viram a mesa com alguns lugares vazios, e a mãe, pai, Laura e o irmão.
Suspirou.
Mitsuya desfez o contato, substituindo pelas mãos dadas. Acariciava sua mão com o polegar, embora quase não sentisse o toque. Estava nervosa, e com medo.
Mas não deixaria que ficasse perceptível. Manteve a postura reta e olhar inabalável. Mesmo que por dentro estivesse tremendo.
Apreensiva com o que a mulher poderia dizer, e o fato de ninguém nunca a contradizer.
Não queria que Takashi presenciasse o que estava por vir.
Mas, fez uma promessa mental.
Não abaixaria a cabeça. Falaria, teria voz. Nunca mais demonstraria medo.
Respirou fundo, como sempre deixando uma espécie de máscara em seu rosto. Era o melhor, sempre foi; esconder o que sentia por um sorriso falso e o silêncio. Retrucar sempre apenas piorou a situação, e no momento tudo que você menos precisava, era que aquilo durasse mais do que o necessário.
— Boa noite — Você e Takashi falaram, segurou a mão dele mais firme, passando os olhos pelas pessoas sentadas ao redor da mesa.
Antes que alguém pudesse respondê-los, Kelly tomou à frente e não tardou à dizer: — Não vai dar um abraço na sua mãe? — poderia sentir o cheiro de sarcasmo, de tão pesadas que as palavras da mulher soaram.
Respirou fundo, sorrindo e não demorando para responder — Não.
Mitsuya engoliu em seco, se sentando ao seu lado.
A mulher sequer piscou, porém o clima pesado já havia se instalado sob a mesa. Como se uma aura negra pairasse ali, sugando as energias de todos. Sua maior certeza no momento, era que todos, menos Kelly, queriam mais do que tudo sair dali o mais rápido possível.
A gravidade parecia pesar toneladas, dificultando a respiração de cada um ali presente. Takashi se sentia impotente, e começando entender o porquê de você ser tão contra esse jantar.
Quebrando o silêncio, Laura falou: — E então, vão querer algo para beber antes da janta? — era nítido o desconforto em sua voz, mas sua pergunta passou despercebida quando Kelly abriu a boca.
— Por que você não veio mais bem vestida, querida? — na grande maioria das vezes, você sentia que ela era tipo as madrastas dos filmes da Disney. Má, cruel, impiedosa e sem senso.
Mas você não era submissa igual às princesas — Por que você não corta essa sua língua? Limpa o canto da boca, querida, o veneno está escorrendo.
Novamente o silêncio reinou. Leonardo e Laura, abaixaram a cabeça, Kelly mantinha sua postura ereta e o olhar em você, e o pai de Laura sequer tirava os olhos do celular. Seria melhor assim, afinal, quanto menos tempo aquilo tudo durasse, mais rápido você poderia ir embora.
O garçom se aproximou, falando dos pratos da casa, anotando os pedidos de cada um. As atenções se focaram no homem, aproveitando essa brecha, seu acompanhante puxou a cadeira para mais perto de você, escorregando o braço por de baixo da mesa até que a mão do garoto ficasse sob o seu joelho.
Suspirou, querendo ir embora. Sentia que cada célula de seu corpo lutava contra o cansaço que se instalava em você, como se fosse uma batalha interna, brigando para te manter ali, mas cada vez menos disposta a permanecer naquela mesa cercada de energia ruim.
Okay, poderia lidar com isso.
Olhou para o lado, dando um fino sorriso para Mitsuya, de certa forma para mostrar que estava relativamente bem com tudo aquilo — mesmo que não estivesse.
Pediu um prato qualquer, que provavelmente nem conseguiria comer.
Suspirou novamente. Takashi movia o polegar para cima e para baixo, talvez em ume tentativa de mostrar que estava ali para você. Sabia que se falasse para irem embora, ele iria sem pensar duas vezes. Entretanto, isso seria demonstrar fraqueza, mostrar que Kelly ganhou.
Arrumou a postura, se levantando e dizendo baixo que iria ao banheiro. Precisava de um ar que não fosse tóxico, permanecer naquela mesa mataria até o Papa intoxicado.
Abriu a porta branca, não demorando para se olhar no espelho. Queria jogar uma água gelada no rosto, mas se conteve em apenas lavar as mãos e apoiar o corpo sobre o mármore branco, encarando sua própria imagem e se perguntando quanto tempo mais aquela noite infernal poderia durar.
Repetiu mentalmente o que vem falando o dia todo: ''Eu posso lidar com isso.'' E saiu do banheiro, prestes a passar ao lado das escadas, quando viu que talvez, não pudesse mais lidar com aquilo.
Não, aquilo era de mais. Sua mãe era uma coisa, mas ver fantasmas do seu passado era de mais.
Parou ao lado da escada, vendo o garoto terminando o último degrau, ficando mais de 10 centímetros mais alto que você. Seu estômago revirou, os olhos secaram e a mandíbula foi travada.
— Que porra você ta fazendo aqui? — questionou, sem querer verdadeiramente saber a resposta.
Sinceramente, sem acredito que consegui atualizar. Gente, é de conhecimento geral que essa não é nem de longe uma das minhas histórias favoritas, mas eu estou tentando terminar ela logo. Espero que entendam, os caps serão curtos, dessa forma será melhor.
1022 palavras
até o próximo cap, bjs sz
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𝐔𝐦𝐚 𝐧𝐨𝐯𝐚 𝐞𝐫𝐚 | ᴛᴀᴋᴀsʜɪ ᴍɪᴛsᴜʏᴀ x ʟᴇɪᴛᴏʀᴀ
Fiksi Penggemar[Nome] sempre enfrentou problemas sob seu teto. Mudanças vem e vão, assim como pessoas. Algumas contribuem, outras te destroçam. Será que ao menos uma vez, ela terá um verdadeiro lar, para chamar de seu? [História em revisão, volta ao ar em uma sema...