Maria era uma cidade um tanto peculiar, dos enormes prédios modernos e espelhados do centro da cidade até os bairros calmos e rurais, com casas grandes em campos de flores e fazendas, ruas asfaltadas porém cercadas por árvores frutíferas e flores coloridas por todo território.
Nunca havia visto algo como aquilo, Maria conseguia ser surpreendente mesmo que tivesse ares de modéstia.
Suspirou olhando a pequena pasta que descansava em suas mãos, depois de tantos anos fugindo e se escondendo, aquele lugar parecia perfeito, rezava baixinho para que conseguisse um emprego.
Tinha acabado de chegar na cidade, deixou suas poucas malas e coisas que sempre carregava em uma pousada discreta e comprou um jornal local para iniciar sua busca por emprego.
As poucas notas que carregava em sua carteira não durariam muito tempo e permanecer no centro da cidade também não era uma boa opção, se sentia exposto com tantas pessoas passando ao seu redor. Já havia enviado currículos, e-mails e preenchido cadastros online, agora sentado em um café aleatório riscava os anúncios em que sabia se encaixar. Infelizmente assim como a cidade a maioria anunciava vagas na área de programação, administração, contabilidade, agropecuária e paisagismo. Tudo bem discrepante assim como lugar.
Não estava interessado em trabalhar em lojas ou restaurantes no centro, já tinha tentado das outras vezes e acabou sendo localizado com facilidade, o que lhe deu pouco tempo para seguir para sua nova moradia.
Suas esperanças se renovaram quando encontrou na sessão de anúncios mensais uma vaga para tutor, eram cinco crianças em um bairro distante, salário muito bom e algumas exigências que atendia perfeitamente. Não era exatamente o que planejava, preferia trabalhar como jardineiro, motorista particular ou algo mais sutil, todavia precisava tentar, não tinha muitas escolhas.
Anotou o e-mail citado no jornal e pelo celular mesmo editou e preparou seu currículo com foto para encaminhar ao destinatário, quando ficou satisfeito com o que digitou enviou o e-mail, suspirando antes de voltar a procura de possíveis vagas no jornal.
Uma semana depois, muitos currículos enviados, entrevistas falhas e com pouco dinheiro no bolso, – Eren possuía uma quantia no banco, porém evitava mexer por medo de ser localizado. – Entrou em um pequeno bar vestindo as mesmas roupas de sempre; uma calça preta colada, camisa branca comum e um all star rosa de cano médio, seu cabelo longo preso em um coque desleixado com os fios que sempre caiam no rosto presos por pregadeiras brancas com florzinhas rosas.
As pessoas no bar olharam em sua direção claramente achando estranho alguém como ele estar ali, mas não se importou, estava cansado, frustrado e levemente triste. Só um copo de cerveja gelada ajudaria a continuar avançando.
As mesas estavam ocupadas e quase todos os banquinhos em frente ao balcão e bar também, um deles era ao lado de duas mulheres que pareciam falar demais, ele realmente não estava afim de muita conversa, outro era ao lado de um homem musculoso e grande com cara de homofóbico, preferiu não arriscar e o terceiro era no canto onde de um lado tinha uma parede e do outro um homem de cabeça baixa com um copo de whisky e áurea ameaçadora, deixando claro que não queria contato com ninguém no lugar.
Dando de ombros sentou no banco encostado na parede e se apoiou no balcão, não demorando a ser atendido, o Barman era novo e sorriu em sua direção em um óbvio flerte.
– Você é novo por aqui. – Não era uma pergunta, mesmo assim Eren moveu a cabeça confirmando. – Não temos olhos como esses nesse lugar.
Aquilo era uma cantada, mas Eren bocejou e concordou novamente com a cabeça, deixando claro que não estava afim, infelizmente o Barman parecia animado demais com ele para notar sua clara falta de interesse.
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O tutor
RomanceEstava em Maria fugindo de um passado doloroso e cruel, no auge dos seus vinte e seis anos Eren só desejava conseguir se esconder do seu inferno pessoal por mais tempo, mesmo que precisasse morar em uma casa no campo, aguentar uma equipe insana, cin...