Trinta e cinco

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Ajustando a blusa de gola tartaruga preta e bem ajustada no corpo, Levi se olhou uma última vez no espelho antes de sair do banheiro, o cabelo um pouco mais longo que o comum precisando de um novo corte e o rosto sem qualquer reminiscência de barba com menos olheiras que o comum. 

Sendo terça-feira, normalmente o Ackerman estaria trabalhando, porém Eren havia insistido para que faltasse, especificando que ele precisaria estar presente na sua consulta com Dot, o que deixou o mais velho completamente inseguro.

O podia ser tão importante para exigir a presença de Pixis? Levi sabe que eles estão passando por uma fase muito difícil, tanto para os sentimentos quanto para a relação dos dois. Eren sofre constantemente de terror noturno, acordando com gritos assustados e acreditando durante longos minutos que Reiner está ali, apesar de suas crises estarem sob controle com toda a medicação prescrita pelo psiquiatra. Era difícil assistir o namorado perder parte do brilho nos olhos verdes, seja pelas sensações e lembranças ruins, seja pelas drogas fortes que anularam não só os sentimentos ruins das crises, mas também os bons.

Eren logo surgiu na porta do quarto, um sorriso leve no rosto e roupas casuais no corpo, a franja bem presa por presilhas vermelhas e as bochechas vermelhas e coradas, deixando sua aparência um tanto adorável.

Levi não se controlou, cercando o outro e apertando-o em seus braços, o rosto descansando no ombro moreno. 

– Levi? – O de cabelos escuros anuiu, levantando os olhos sem muita vontade. – Precisamos ir.

– Eu sei. – Torcendo o nariz, Levi se afastou a contra gosto, pressionando sua boca contra a de Eren antes de estar totalmente separado. – Você é tão lindo.

– Porque isso logo agora? – Mais corado que antes, o Jaeger começou a andar.

Dando de ombros e com um sorriso malicioso no rosto, o Ackerman acompanhou o tutor até o carro, onde ele mesmo dirigiria. Partiram em direção ao consultório, ambos com as mãos inquietas de ansiedade.

– Eu estive pensando. – Levi começou, nervoso demais para conseguir continuar em silêncio. – Para caso você queira dirigir, posso deixar uma das chaves de algum carro meu com você, o que acha? Você escolhe e fica com ele.

– Eu não sei. – Eren respondeu baixinho, as mãos se apertando juntas. – São seus carros.

– Eu sou um só e são muitos, sabe que não me importo. – Olhou rapidamente para o lado, passando segurança antes de voltar a atenção para a rua. – E eu gosto de mimar você.

– Certo… – A resposta do moreno foi vaga, e durante o resto da viagem, Levi permaneceu com as sobrancelhas franzidas e a expressão curiosa no rosto, ele não conseguiu entender o porquê de Eren estar agindo assim.

– Está tudo bem? – Sua pergunta saiu desesperada, o carro desligou e o cinto foi solto com rapidez, logo as mãos pálidas com dedos metálicos estavam nas bochechas macias e morenas.

– Sim. – Os olhos verdes se desviaram para a janela. – Estou só um pouco ansioso para a conversa com você e o senhor Pixis.

– Ok. – Se afastou pouco. – E sobre o carro?

– Levi…

– Eren.

– Eu- – Engoliu em seco, o pomo de Adão subindo e descendo e os olhos verdes se fechando. – Não sei dirigir.

– O que?

– Eu nunca tive permissão e- – Foi calado pelos lábios finos do mais baixo contra os seus.

– Você quer aprender a dirigir? – Não havia espaço para dúvidas no tom de Levi.

– Eu não sei…

O tutor Onde histórias criam vida. Descubra agora