Trinta

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O dia seguinte amanheceu com tensão, a casa estava silenciosa e pela primeira vez em meses, a sala de jantar estava vazia. As crianças comeram na sala, sentadas no tapete macio, Hanji estava com eles e Levi não tinha saído do quarto.

Com o celular entre os dedos, Levi encarou a tela por horas seguidas, esperando ansiosamente por qualquer notícia ou pista do paradeiro de Eren. As ligações do dia anterior se mostraram infrutíferas e depois de ligar para mais da metade dos hotéis da cidade, em algum ponto todos precisaram ir dormir e Levi apenas se retirou quando Zofia e Udo apareceram chorosos na sala, despertando o Ackerman de sua busca imprecisa na madrugada.

Os pequenos estavam assustados e confusos, Eren tinha sumido, o pai estava triste e todos os outros adultos esquisitos. Eles eram espertos demais para não perceberem os sinais de que algo errado aconteceu, então decidiram, juntos, ficar com o progenitor naquela noite.

Udo foi o mais difícil, em algum momento com Levi entre ele e Zofia, o garotinho começou a chorar, perguntando incessantemente se Eren tinha ido embora como as outras tutoras, Zofia não chorou, mas seus enormes olhos azuis estavam arregalados e assustados com a suposição do irmão.

Foi necessário muito carinho e convencimento para que os dois fossem dormir, Levi não queria mentir para os filhos, porém não tinha outra opção, então se viu dizendo que Eren estava resolvendo algumas coisas importantes, mas que voltaria.

Zofia disse que iria receber Eren como um verdadeiro príncipe, oferecia seus beijos e abraços reais. Udo pediu apenas para dormir com o tutor quando ele voltasse para matar a saudade e com os olhos ardendo, o mais velho achou impossível negar qualquer coisa a eles.

Apesar do conforto de sua família, dormir foi difícil. Levi já era um homem madrugador, antes de conhecer Eren qualquer motivo era o suficiente para mantê-lo acordado, então não foi surpresa que mesmo estando entre braços – e pernas – calorosos, seu corpo não relaxou e na manhã seguinte, sua expressão estava ainda pior.

Foi por volta das oito da manhã que seu telefone finalmente tocou, o nome de Erwin despontando na tela, Levi não tomou nem dois segundos para atender a ligação, respirando forte contra o aparelho eletrônico.

– Erwin?

– Imagino que não esteja com paciência para saudações educadas. – Se não estivesse tão cansado Levi teria praguejado contra o loiro. – Consegui as gravações, enviei para seu email e já pedi para alguém da polícia ir até aí, não seria sábio deixar você ser visto na delega-

Levi desligou, já abrindo o aplicativo de email de seu celular e começando a baixar o vídeo anexado por Erwin.

– "Em outro momento peço desculpas pela minha falta de educação, Erwin sabe que não estou exatamente no meu melhor momento, ele vai entender." – Pensou sem sentir o mínimo de culpa por tratar alguém que estava lhe ajudando desse modo.

Levi tem outras prioridades no momento.

A gravação do dia anterior estava cortada para os segundos que antecedem a saída de Eren do banheiro. A qualidade não é a melhor e a coloração preto e branca, porém, o que podia ver era o suficiente para identificar as pessoas na imagem.

Ao lado da porta do banheiro uma figura grande esperava, cabelos aparentemente claros e expressão simpática e relaxada e mesmo que nunca tivesse visto o homem pessoalmente, Levi reconheceu Reiner assim que colocou os olhos nele.

Quando Eren saiu e inicialmente ignorou o ex, o Ackerman sentiu o peito arder com o entendimento da situação, era óbvio que Eren não acreditou que Reiner estivesse ali de verdade, o Jaeger com toda a certeza acreditou que estava em alguma crise para não ter que lidar com a verdade.

O tutor Onde histórias criam vida. Descubra agora