Nove

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-De nada, Eren. -Respondeu baixo, sabendo que o outro não escutaria devido a seu estado semiconsciente. Suspirou resignado ao tentar se levantar e ter sua roupa agarrada pelas mãos do Jaeguer, obrigando-lhe a permanecer na cama ao seu lado. Não queria ter que acordar Eren do estado sonolento, não depois dele ter se recuperado de um ataque de pânico no meio do corredor. Levi já havia visto algumas vezes crises como aquela, contudo cada uma parecia pior que a outra e a forma de lidar com alguém em estado catatônico sempre era diferente. Uma crise mais intensa com certeza não seria resolvida com abraços e palavras reconfortantes.

Tentou sair do aperto firme dos dedos delicados de Eren novamente, se mexendo mais lentamente para que ele não percebesse a movimentação, entretanto falhou, olhos verdes se abriram lentamente. Primeiro Eren se sentou assustado, ficando levemente tonto com a movimentação rápida de seu corpo, depois ele pareceu congelar ao perceber que estava deitado com seu chefe bem ao seu lado. Levi não pôde deixar de achar fofo a forma como as bochechas ficaram rubras e o corpo se encolheu em acanhamento.

-O que...

-Você teve uma crise no meio do corredor, eu te trouxe para que se recuperasse. -Informou o Ackerman ao perceber a expressão confusa dele.

Não demorou para a consciência do que aconteceu chegasse no moreno, que arregalou os olhos, se lembrando do nome citado e do gatilho. Precisou respirar fundo para não perder a cabeça outra vez.

-Obrigado. -Eren disse, parecia aéreo demais para perceber que ainda segurava a camisa de Levi com força, mantendo o chefe ao seu lado na cama.

-Não precisa agradecer, eu não te deixaria passando por aquilo sozinho no corredor. -Respondeu, dando de ombros. -Pode me soltar?

A forma como a mão presa em sua camisa se afastou em um puxão assustado divertiu Levi, que levantou uma sobrancelha para um Eren encabulado.

-Você está melhor? Quer um chá? -Sabia que precisava sair daquele quarto, porém não podia deixar o homem de olhos verdes sozinho. Observando bem podia ver que o corpo dele ainda tremia e os nós dos dedos apertados em punho estavam brancos, revelando a força que fazia. Ele ainda não estava bem.

-Estou bem, não preciso de nada. Obrigado. -Novamente Levi revirou os olhos, mas não se mexeu de onde estava.

-Me deixe ver suas mãos. -Ordenou, estendendo as próprias mãos.

-Porque?

-Não discuta comigo, anda, me dê suas mãos. -Mandou novamente, Eren olhou confuso, variando o olhar para as próprias mãos e as do Ackerman, mas não se mexeu. Levi perdeu a pouca paciência que tinha puxando as mãos do Jaeguer, percebendo que, apesar dele ser mais alto, possuía mãos menores que as suas, dedos finos e longos, delicados com unhas limpas e bonitas na ponta, livres de qualquer esmalte. Ignorou a sensação esquisita que se formou em sua barriga após sentir a palma da mão de Eren contra a sua, como imaginou, elas estavam geladas, provavelmente ele ainda suava frio por conta da crise, não poderia ficar sozinho desse jeito.

-Senhor Ackerman?

-Seu horário de trabalho já se encerrou, pode me chamar de Levi. Agora deita.

-Eu...

-Deita, Eren. -Sua voz não deu margem para contestação e sem escolhas Eren voltou a descansar as costas no colchão macio.

Levi apertou as mãos contra as suas, voltando seus olhos para elas começou a movimentar os dedos, pressionando pontos entre as falanges de forma delicada e calma, deslizando as próprias mãos com habilidade até as palmas do outro, que suspirou em surpresa com a massagem repentina. Levi não quis pensar muito no que estava fazendo, só fez, se dedicando a pressionar os pontos de pressão da mão morena. Quando Zofia estava nervosa o suficiente para ter uma crise, aquela era uma das maneiras que o pai encontrava para acalmar a menina, as mãos sempre acabavam sendo um ponto de tensão importante e esperava que funcionasse com Eren também.

O tutor Onde histórias criam vida. Descubra agora