Trinta e sete

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– Vovô! – O grito de Kaya cortou a tensão crescente na cozinha. Eren piscou, como se estivesse acordando de um transe e Levi bagunçou o cabelo, ainda sem saber como reagir com a presença repentina de seu pai.

– Querida. – Alex beijou carinhosamente os fios loiros depois de ser abraçado, retribuindo o carinho. – Você cresceu tanto desde a última vez que te vi, é uma moça enorme.

– A vovó diria isso. – Disse sorrindo. – Senti sua falta.

– Eu também, porque não vai chamar seus irmãos? Quero falar com todos vocês. – Bagunçou o cabelo de Kaya antes que ela concordasse e saísse correndo dali.

Eren que estava parado no mesmo lugar, segurando a xícara no ar e com os olhos arregalados, tremeu quando olhos cinzentos focaram em sua figura.

– Eren, hein? – O sorriso conhecedor fez o Jaeger corar, desviando os olhos para o chão.

– Pai. – Levi chamou novamente, dessa vez sem paciência. – O que faz aqui?

– Esse é o jeito de receber seu pai? – Torceu o nariz. – Eu vim para o casamento da minha caçula. – Estalou a língua, formando um ‘tch’ muito familiar para o homem de cabelos castanhos.

– E porque não avisou que viria? – Resignado, Levi se aproximou de Eren para alcançar sua xícara de chá. – Eu poderia ter te buscado, você está velho, não deveria ficar andando por aí sozinho.

– Bláblabla – Balançou uma das mãos enrugadas na direção do filho. – Então, esse é o Eren.

– Como assim ‘esse é o Eren’? – Juntou as sobrancelhas, olhando desconfiado do pai para Eren, que ainda parecia envergonhado e chocado, a expressão assustada e as bochechas rosadas eram uma visão adorável para Levi, que precisou segurar a vontade de agarrar o rosto moreno entre suas mãos e capturar a boca carnuda com a sua.

– Apenas o tutor adorável das crianças. – Alex respondeu com um sorriso arteiro. – Apenas isso, não é?

Eren engasgou com o ar, coçando a garganta e ficando de costas para os dois mais velhos, seu rosto em um vermelho quente e abrasador.

– Não. – Levi respondeu calmamente. – Eren é meu namorado. – Deu de ombros, dando a volta no balcão e se sentando ao lado do pai. – Mas isso não explica como você sabe sobre Eren.

– Eu tenho um celular.

– Eu não tenho seu número, você nunca me passou.

– Hanji tem.

– Isso não é surpreendente.

– Você está ficando velho, como não imaginou que sua irmã faria algo desse tipo? – Levi juntou as sobrancelhas enquanto levava a própria xícara até os lábios, Alex sorriu, repetindo o gesto. – Jesus, isso está incrível.

– Eren? – Levi chamou, aquela era sua tentativa de quebrar o constrangimento do moreno. – Pode vir aqui, por favor?

Seu tom cuidadoso e afetuoso foi encarado com descrença pelo mais velho, que observou calado Eren mover a cabeça e logo o corpo, sentando-se na banqueta ao lado de Alex.

– Esse velho é meu pai, Alex. – Apresentou. – E pai, esse é Eren, tutor das crianças e meu namorado, deixe ele em paz.

– Você é adorável, Eren. 

– Pai!

– E seu chá é incrível.

– Obrigado. – Eren agradeceu baixinho, encolhendo os ombros diante o olhar intenso do outro Ackerman.

O tutor Onde histórias criam vida. Descubra agora