Trinta e três

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Foi na sexta- feira à noite que Eren recebeu alta. Depois de uma conversa um tanto desconfortável com um psiquiatra e com duas receitas diferentes nas mãos, roupas confortáveis ajustadas no corpo, higiene feita e cabelo arrumado, o Jaeger estava pronto para sair do quarto insuportavelmente imaculado do hospital.

Levi assistiu preocupado o namorado se preparar para ir embora, sua face estóica não revelando muito porém seus olhos seguindo atentamente cada passo de Eren, não só por insegurança depois do sequestro, mas por medo. A última noite tinha sido difícil, Eren sofreu de terror noturno por horas seguidas, chorando e gritando inconscientemente. Mesmo depois de uma pequena porcentagem de calmante administrada diretamente na veia, as lágrimas demoraram a ceder, molhando o rosto e travesseiro, mantendo o Ackerman alerta pelas horas que se seguiram, olheiras escuras denunciando o cansaço acumulado.

Só estaria tudo bem quando ele estivesse com sua família em casa, em segurança.

Olhou para o celular, verificando a resposta de Nanaba, que tinha dispensado a presença mais cedo e também a de Dot, que falava sobre Eren.

– Pixis está me enviando mensagens, o velho disse para não esquecer das suas consultas e me mandou cuidar bem de você, Tch. – Comentou aleatoriamente, as mãos no volante do carro já em movimento e os olhos fixos na estrada.

– Eu não esqueci, quando pegar meu celular entro em contato. – Levi concordou com a cabeça, o celular de Eren estava com Reiner, posteriormente entregue pela polícia e guardado junto das coisas do Jaeger.

– Está no seu antigo quarto.

– Antigo? – Eren apertou os olhos, divertido.

– Sim, meu closet tem muito espaço sobrando e minha cama é muito grande, seria um desperdício me deixar ficar sozinho naquele quarto enorme…

– Tudo bem, eu já moro com você mesmo, não é como se pudéssemos ir mais devagar. – Sorrindo, Eren esticou os braços para alcançar uma das coxas firmes do mais velho, apertando suavemente. – Principalmente agora que-

– Não se anime com isso, amor. – Franziu as sobrancelhas ao lembrar de si mesmo gemendo de forma submissa para Eren. – Evento único.

– Mas Levi...

– Não adianta fazer beicinho. – Deu atenção para as ruas, manobrando o carro para entrar em sua propriedade, fechando automaticamente os vidros escuros para fugir dos flashes e gritos desesperados da mídia plantada ali, esta sendo repelida por uma equipe grande de seguranças musculosos e armados.

Levi observou pelo canto do olho Eren encarar as próprias mãos, obviamente nervoso com toda a atenção que a família estava recebendo.

– Ei. – Chamou assim que estacionou, antes de Eren sair do carro. – Eu estou aqui por você, todos estamos aqui por você. Não é sua culpa, nunca foi, eu te amo.

– Certo. – Inseguro, Eren beijou a bochecha do mais baixo antes de sair do carro, caminhando ao lado de Levi em direção ao casarão térreo.

Para o Jaeger a casa estava igual e isso não foi nem um pouco bom para seus sentimentos confusos, era como se tudo estivesse bem enquanto ele estava fora, como se a vida tivesse seguido seu rumo normalmente porque ele não era importante. Eren se sentiu deslocado, inadequado.

O aperto em sua mão trouxe sua cabeça de volta para a realidade, Levi estava do seu lado, olhos azuis preocupados e calorosos, proteção gritando pelos poros dele.

Respirando fundo, entrou na casa e foi um alívio não encontrar ninguém, o que Eren apostou ser coisa de Levi e devagar eles caminharam na direção do quarto, dedos ainda entrelaçados.

O tutor Onde histórias criam vida. Descubra agora