Vinte e sete

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Jean estacionou na frente do pequeno restaurante antes de se debruçar sobre o volante, um suspiro cansado escapando de seus lábios.

Foi quase automática a forma como seu corpo relaxou com o toque carinhoso de Marco em seu cabelo. Sentia os dedos macios massageando sua cabeça com ternura e preocupação e nada surpreso, olhou para o namorado, sorrindo levemente com a bela e confortável visão do rapaz de sardas e rosto corado.

Para Jean, ter alguém como Marco em sua vida ainda era inacreditável, por muito tempo o Kirsten acreditou que não era merecedor desse tipo de atenção, sua relação com seus pais e o resto de sua família nunca foi boa e depois do relacionamento fracassado com Armin sua auto estima e auto confiança foram destruídas e esmagadas.

Antes disso as coisas entre eles já não estavam boas, Jean podia ser ignorante, bruto e um tanto idiota, mas não era burro e com a convivência na casa Ackerman, já sabia da estranha afeição não correspondida de Armin por Levi, porém com seu relacionamento firmado, acreditou erroneamente que o loiro tinha desistido da ideia de estar com o chefe.

Besteira, no fim ele serviu apenas como uma tentativa fracassada de fazer ciúmes em Levi e Jean nem conseguia culpar o mais velho por isso; era óbvio para todos o quanto ainda sofria pela morte da falecida esposa – até Eren aparecer –, descontando a frustração conforme os anos se passavam, no trabalho e em encontros casuais e rápidos. Armin acabou fazendo parte disso e porra, mentiria se dissesse que não doeu. Contudo naquele ponto já estava anestesiado, era uma dor gradual e não houve baque quando Armin lhe disse que estava terminando pois finalmente tinha chance com Levi, não, o que houve foi raiva e irritação.

Talvez mais de si mesmo do que do loiro, por Armin não sentia nada mais do que pena.

Contar tudo aquilo para Marco era vergonhoso, o moreno de sardas e personalidade gentil teve a exata reação que sabia que teria. Ele sorriu e ofereceu apoio e conforto, não existiu julgamento ou ciúme, talvez uma pequena insegurança, mas nada forte o suficiente para abalar a relação que estavam construindo.

Uma relação que dessa vez, seria feita em cima de honestidade, de sentimentos, atitudes e palavras.

Saíram do carro em direção ao estabelecimento aconchegante, Marco estava à vontade quando entrou, andando com confiança entre as mesas até a sua preferida de sempre, onde sentaram-se para fazer os pedidos.

Apesar do clima tranquilo entre Eren e a família Ackerman, as coisas entre os funcionários não estavam tão resolvidas assim, por conta de Rico e seus olhares desaprovadores, Eren sempre estava desconfortável na frente dos outros funcionários e o silêncio estava sempre reinando quando todos estavam juntos. Ficar lá se tornou insuportável e por isso ele e Marco decidiram comer no restaurante preferido do sardento nos últimos dias, era melhor assim.

Mesmo que fosse necessário trocar o modelo do carro que usava a cada saída na tentativa de despistar a mídia que agora assediava de forma direta os Ackermans e seus funcionários.

– Você está bem? – Marco perguntou depois que sentaram à mesa, os cardápios já encaixados em suas mãos.

– Aham, e você? – Por mais que dissesse que estava bem, a forma como não prestou atenção em nada do que lia no cardápio não passou despercebido para Marco.

– Bem. – Dessa vez quem suspirou foi Marco. – O que está te incomodando?

Jean piscou algumas vezes antes de encolher os ombros e decidir que era melhor ser sincero e falar de uma vez, não era uma boa ideia esconder seus sentimentos do namorado.

– Toda essa situação é uma merda, sabe? Tá afetando todos nós e você já sabe disso, é tão funcionário quanto eu e mesmo que as coisas entre Eren e Levi pareçam boas… – Fez uma pausa, admirando a forma como Marco ficava bonito concentrando-se nele daquele jeito. – O Eren não está bem, ele tenta parecer tranquilo e feliz para as crianças e todo mundo pode acreditar nessa farsa, mas...tem alguma coisa.

O tutor Onde histórias criam vida. Descubra agora