Trinta e um

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Levi viu quando Reiner foi levado em outra ambulância, infelizmente ele não está morto e se Eren não fosse sua prioridade, Levi já teria pulado da ambulância para matar o desgraçado, sua raiva ainda está borbulhando na superfície e a adrenalina não o deixa sentir os hematomas e ferimentos por todo o corpo.

De dentro da ambulância pôde ver pela pequena janela o carro da polícia seguindo-os, está ao lado de Eren com gaze pressionando seu ferimento, o moreno deitado e desacordado em uma maca enquanto os sinais vitais estão sendo checados e tem um acesso no braço enchendo as veias de soro. A partir dali, Levi já imagina o estresse que está por vir, ele só espera que a polícia deixe Eren descansar minimamente.

Hanji e Nanaba não puderam acompanhá-los, então Levi presumiu que estavam resolvendo questões burocráticas ou até mesmo falando com a polícia.

A mídia não estava presente quando Levi e Eren foram encaminhados até a clínica masculina, provavelmente Erwin foi o responsável por isso usando de seus contatos e conexões para manter as informações em sigilo. O que era bom e o Ackerman anotou mentalmente o agradecimento que devia ao loiro.

No momento um médico dá pontos em seu braço, sua poltrona praticamente colada na cama de Eren, sua postura não dando qualquer indício de que sairia dali, observando atentamente os movimentos das enfermeiras que fizeram todos os procedimentos necessários no Jaeger, Levi se manteve firme ao responder as perguntas do médico, apesar do seu braço sangrento, ele está bem e a prioridade deveria ser o outro homem.

Levi não percebeu que muito tempo  se passou depois que foi deixado sozinho com Eren, seu corpo e mente estão em alerta demais para deixar que sinta dor ou durma um pouco, pois mesmo que Eren esteja bem ao seu lado, o alívio ainda não alcançou seu corpo e talvez tal coisa só aconteça quando visse os olhos verdes abertos e brilhantes lhe fitando. O desespero de perder a pessoa que ama ainda está fresco em sua mente e coração, Levi sabe que não está pronto para passar por isso de novo, talvez nunca esteja e se é preciso encarar a forma desacordada do outro por longas horas para conseguir se acalmar, o fará, desde que possa se certificar de que é Eren ali, ficará bem.

E por estar a tantas horas encarando a figura na cama, Levi pôde ver os olhos verdes se abrindo, olheiras e marcas vermelhas no rosto bonito marcando a violência que foi exposto e enquanto os dois se encaram intensamente, um analisando o outro, Levi se sentiu sem ar, o coração acelerando conforme as possibilidades passam por sua cabeça. Bem longe do alívio que esperou sentir, Levi se viu perdido pois nos olhos verdes não havia uma ponta de brilho. Eren está machucado, não só fisicamente, ele está exausto e Levi se culpou por isso.

Ele prometeu proteger Eren, desde o começo ele garantiu que Reiner não teria a chance de fazer mais nada, porém estava errado, Reiner não só alcançou Eren como também conseguiu machucá-lo outra vez e enquanto observa a feição distante do namorado, Levi tem certeza que não sabe como os dois vão consertar a pequena bagunça. Levi não quer desistir, não de Eren, mas no momento ele está tão cansado, ser forte o tempo todo conseguiu sugar cada gota de esperança que ainda tinha, trazendo de volta pensamentos antigos de como seria bom dormir e não acordar mais.

Nenhum dos dois se mexeu muito quando a porta se abriu de forma barulhenta, Eren moveu a cabeça lentamente apenas para olhar quem chegava e Levi suspirou quando um pequeno brilho esverdeado saiu dos olhos apagados ao reconhecer as pequenas figuras que corriam para a cama.

Udo e Zofia agarraram Eren com força, seus bracinhos finos circulando o corpo fraco do Jaeger.

– Eren! – Kaya gritou da porta, sendo acompanhada pelos irmãos na corrida para alcançar o homem na cama e sem que Eren tivesse tempo de responder, cinco crianças apertavam seu corpo com saudade e desespero. – Você está aqui, você não foi embora!

O tutor Onde histórias criam vida. Descubra agora