VINTE E CINCO

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Harry 

Os ventos balançavam a rede gentilmente.

Eliza caminhava na areia, vindo ao meu encontro. Ela usava uma das minhas blusas brancas de botão, mas deixava-a aberta e exibia o lindo biquini azul que comprara em uma lojinha não muito longe daqui. Trazia consigo uma água de coco e um livro de contos que eu tinha quase certeza de que era meu.

Cantarolava uma música antiga quando se deitou ao meu lado, me oferecendo o canudo. Eu tomei um gole adocicado e beijei seus lábios em seguida. Sua pele irradiava um leve bronzeado e ao afundar minha cabeça em seu pescoço pude sentir o cheiro de filtro solar misturado com sal do mar e aquele perfume doce que só ela tinha.

Com cuidado, a garota que tinha os cabelos bagunçados pelo vento, sentava-se em cima de mim. Ela correu seus dedos gelados pelas minhas tatuagens e em seguida para o meu short. A rede começou a balançar e o coco saiu rolando pela areia em direção ao oceano enquanto ela tentava se equilibrar.

Seu corpo me tocava por inteiro, puxando, pressionando, dançando sobre mim a música que havia inventado. Foi rápido no começo, mas depois o movimento se acalmou. A rede parou de balançar e mechas de seu cabelo grudavam no meu peito enquanto ela se deitava, com a respiração ofegante e soltando pequenos gemidos.

Quando se acalmou, virou seu rosto para mim, e com suas bochechas vermelhas por conta do sol, seus olhos por um momento transpareceram sua incerteza, que aos poucos se desfez em um lindo sorriso.

-Eu te amo tanto. -disse após alguns segundos. Seu rosto ficando mais vermelho do que já estava. Quase instantaneamente, um sorriso brotou nos meus lábios também.

Eu estava prestes a dizer o mesmo a ela, quando ouvimos as batidas. Me sentei com dificuldade e olhei ao redor. Estávamos a sós.

Mas então novamente aquele som alto surgiu, como se alguém estivesse batendo panelas em nossos ouvidos.

-Styles! Harry! Está aí?

As palavras me acordaram do sonho. Abri meus olhos com dificuldade, estranhando a repentina mudança de cenário e estiquei o braço para tocar o corpo de Eliza.

Mas ela não estava ali.

-Liza? -desnorteado e um pouco tonto por levantar muito rápido da cama, procurei pelo som da água do chuveiro. Mas o banheiro estava vazio, assim como toda casa.

Com o coração acelerado, subi novamente para o quarto. Pela janela, pude ver que nuvens escuras rondavam o cemitério. A voz de Zayn ecoava alto do lado de fora e a porta parecia que iria arrebentar a qualquer momento.

-Dá um tempo! -resmunguei -Já estou descendo!

Assim, me virei para pegar minhas roupas, espalhadas pelo chão, e lá estava ela.

Uma carta sobre a mesa.

Minha respiração já começava a falhar enquanto eu desdobrava o pedaço de papel, delicadamente embrulhado.

Hazz,

Conforme eu escrevo este bilhete, mal consigo ver minhas mãos ou segurar esta caneta que achei jogada por aí.

Quando você abrir os olhos pela manhã eu sei que não vai mais conseguir me enxergar. É por isso que eu preciso ir antes que você acorde.

Desculpe-me por sair sem me despedir, mas é mais fácil assim. Eu não quero que você veja o que está acontecendo comigo. Na verdade, nesse momento só quero que você se lembre do tempo que passamos juntos, mesmo que tenha sido apenas alguns dias, essas míseras 36 horas foram mais importantes do que muitos anos da minha vida.

Entre Mundos |H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora