NOVE.2

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Harry

E pelo visto nem tive chance. Antes que eu conseguisse dizer "oi", Elisa gritou furiosa:

-Pelo amor de Deus! Vocês realmente precisam fazer essa barulheira toda? Uma pessoa vem aqui procurando um pouco de paz e sossego, e o que ela encontra? Uma invasão do Iraque!

-Na verdade, é o nosso programa de afastamento de gansos -eu respondi sério, mas a frase soou engraçada assim que saiu dos meus lábios.

-Programa de afastamento de gansos? -ela disse, se segurando para não rir.

-Sim, a população de gansos canadenses...-eu parei no meio da frase, não havia porque explicar uma coisa tão boba.

-Não, não, continue. Estou fascinada, me fale mais sobre a população de gansos canadenses. 

Ela parecia entusiasmada. Soltou o cabelo, deixando as mechas caírem pelo rosto. Aquela sensação de timidez estava crescendo cada vez mais dentro de mim.

-Ahm, deixa eu começar de novo. Perdoe-me pelo barulho, as vezes a gente se empolga por aqui. Meu nome é Harry...

-Styles -disse ela sorrindo. -Eu me lembro. Não é um nome típico de Marblehead, certo?

-Não -eu respondi, espantado por ela ter me reconhecido. -É de Holmes Chapel. Uma longa história.

-Ótimo. Eu adoro histórias.

-Você é Elisa Carter, a fabricante de velas náuticas. Aquela que vai dar a volta ao mundo. 

-Isso mesmo. Você veleja? -ela levou sua mão até a testa para proteger seu rosto do sol, deixando a mostra um grande hematoma, provavelmente por conta do tipo de trabalho que fazia.

-Eu costumava velejar, nada demais. -Aquela sensação desconfortável novamente. -Olha, lamento por ter incomodado. Não vai acontecer de novo.

-Não se preocupe com isso. Estou sendo muito inconveniente hoje, minha cabeça está latejando muito. -ela esfregou a testa, e o sol refletiu nas suas bochechas.

Eu vi que seus cabelos estavam a incomodando, por isso, tomei a iniciativa. Tirei a tiara que tinha na minha cabeça e coloquei nela, deixando seu cabelo para trás e arrancando um leve sorriso do seu rosto. Acho que ela ficou um pouco envergonhada, mas eu gostava daquilo, gostei de deixá-la intimidada.

Fiquei alguns minutos a encarando, observando cada detalhe seu, até perceber que eu não tinha chances nenhuma com ela.

-Preciso ir agora. Vou deixar você em paz.

-Por que a pressa? 

-Não tenho pressa, só achei que você quisesse um pouco de sossego. -eu senti ela me olhando de cima a baixo, e fiquei envergonhado por estar com um jeans velho e os pés sujos de lama.

-Sabe, meu pai está enterrado aqui, no alto da colina. A vista é muito bonita naquele lugar.

Sem mais uma palavra, ela se virou e andou em direção a colina, seu cabelo balançando com seus movimentos. Ela queria que eu fosse também? Ela me convidou para ir lá dar uma olhada?

Entre Mundos |H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora