Doeu, como me doeu deixá-lo para trás. Meu coração estava estilhaçado, rasgado. Nunca antes senti tanta dor, uma dor que quase me tirava o fôlego. Eu chorava o que tanto segurei quando estava em sua frente. Não pude demonstrar dúvidas, pois não podia lhe dar esperança. Era melhor assim. A mãe de Pietro havia voltado, e eu sempre quis o melhor para ele. Acreditava que eles podiam voltar a ser uma família, mas para isso eu precisava deixar claro para Henry que não podíamos ter mais nada. Como doeu! Seu rosto decepcionado, seus olhos úmidos, o desespero e arrependimento em seu olhar!
Era disso que eu fugia desde o início, de um coração partido, de um recomeço ao qual eu não precisaria se não tivesse me deixado apaixonar por ele.
Era inacreditável o tamanho da dor em meu peito. Jamais ficaria no meio de uma família Jamais iria interferir na felicidade de Pietro. Ele me perguntava tanto sobre a mãe... E eu tinha que distraí-lo, pois não fazia ideia do que responder. Nem ao menos sabia o que teria acontecido a ela.
Entrei no meu apartamento aos prantos, correndo para o meu quarto. Joguei-me na cama e chorei. Estava tão mal que logo Emily me abraçou apertado, e então chorou comigo. O mal estar tomando conta de mim, enquanto eu tentava em vão parar de chorar.
Não me deixei cair por muito mais tempo, no entanto. Tratei de levantar a cabeça.
Consegui marcar algumas entrevistas aquela semana, com a ajuda de alguns conhecidos.
Evitei atender telefonemas dos meus colegas e de minha família —Emily se encarregou de falar com meus pais —. André me procurou logo quando soube da minha demissão, mas não quis conversar com ele sobre nada disso.
Queria esfriar a cabeça antes de falar com qualquer pessoa.
...
Aquela semana, quando tudo ainda era tão recente, eu não estava muito animada e nem esperançosa. Estava mal por tudo ter saído do meu controle novamente. Nunca pensei que algo grandioso pudesse acontecer e me levar por um caminho que não imaginei. As vezes, do nada, surge algo que muda sua vida.
Eu não acreditava que isso poderia me ocorrer, até que recebi uma ligação no meio da semana.
Não acreditei quando vi o nome salvo no celular.
—Ana? —eu disse surpresa. —Quanto tempo que não nos falamos!
—Proposta ir-re-cu-sá-vel ! —gritou ela, do outro lado.
Ana era simplesmente a minha melhor amiga da faculdade. Fazíamos tudo juntas, vivíamos grudadas na época que estudávamos. Depois de formadas, seguimos caminhos diferentes e só nos mandávamos mensagens praticamente nos fins de ano.
—O quê?
—Eu tenho uma proposta irrecusável pra você. Você vai desmaiar!
Levantei-me do sofá, indo para meu quarto.
—Fala logo, estou ficando ansiosa!
A proposta dela era realmente incrível. Ela simplesmente me convidava a me juntar com ela na compra de uma casa na praia, que estava parada há alguns anos. A família de Ana tinha boas condições, e seu pai conhecia o dono do terreno e da casa, que queria vender e deu prioridade a ele, fazendo um preço até mais em conta, embora obviamente fosse um valor alto.
Com a quantia que nós tínhamos — tendo Ana mais que eu — nós conseguiríamos pagar mais da metade do valor que o dono pedia, e a outra parte o pai dela completaria, e então pagaríamos a ele de forma parcelada.
Quando fiquei receosa quanto a isso, ela me disse que não me preocupasse, pois poderíamos pagar ao seu pai da maneira que desse, de acordo com o lucro da pousa que montaríamos.
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A Governanta (Concluído)
RomantizmQuando Ellen resolveu trazer sua irmã para morar com ela, não imaginava que as coisas ficariam tão apertadas. Sempre com tudo planejado e organizado, ela se vê pela primeira vez realmente preocupada com sua situação financeira. Depois de se mudarem...