A noite já havia caído, e ainda assim a praia estava cheia, sendo boa parte nossos hóspedes admirando a lua cheia. Meu coração estava ansioso, enquanto eu observava a paisagem sentada na escada da varanda. Desde que David havia ido embora, eu pensava no que Henry pensaria ao descobrir que eu esperava um filho seu. Será que ficaria bravo por eu esconder? Será que ficaria feliz? Eu mal havia descoberto sobre aquele serzinho dentro de mim, mas já o amava incondicionalmente, e não queria jamais que ele fosse indesejado. Eu lhe daria todo o amor, não deixaria que se sentisse rejeitado. Nunca! Mas confesso que um lado meu esperava que Henry ficasse feliz em saber de sua existência, e que amasse nosso filho.
Como eu sentia falta de ser amada por ele!
As noites eram difíceis. Eu fechava meus olhos e as lembranças de nós dois juntos viam vivas em minha mente, me fazendo pegar no sono com um pequeno sorriso nos lábios. Como ele me fazia falta! Como sentia saudade dele e de Pietro! Tanto que doía. Eu sabia que ele me procuraria, mas não sabia quando. Talvez David esperasse o melhor momento para contá-lo, então eu tentava não deixar a ansiedade crescer tanto. Era impossível não sentir um pouco, no entanto.
A paisagem a minha frente era de tirar o fôlego. A luz da lua refletia perfeitamente na água do mar. O som das ondas me alcançava, assim como a brisa do mar. Eu amava tudo ali: a paisagem, o cheiro, o frio todas as noites, o calor durante o dia... Era o melhor lugar do mundo!
Abracei meu corpo ao sentir mais uma vez o vento forte. Então enxuguei as lágrimas dos olhos, pois me emocionava apenas olhando aquele lugar. Meus hormônios me deixaram completamente sensível de diversas formas, e qualquer coisa me fazia chorar... Ou me irritar.
Eu me levantei dali e comecei a andar na direção da pequena porta de madeira que levava a praia. Queria sentir a areia em meus pés, a água salgada em minha pele. Queria sentir o cheio de praia mais de perto, queria me distrair com as conversas dos meus hóspedes, que sempre tinham boas historias para contar.
Toquei a pequena porta de madeira com a mão, mas parei imediatamente ao ouvir:
—Ellen! —disse uma voz grossa e levemente rouca.
Senti minha pele arrepiar. Se devido ao frio, ou por saber a quem aquela voz pertencia, eu não sei dizer.
Eu me virei devagar, o estomago dando um salto, logo encontrando o homem que dominou meus sonhos todo aquele tempo. O homem que eu desejava há tanto tempo poder ver novamente. Ele estava ali.
Seus olhos desceram meu corpo e pararam em minha barriga. Toquei o local automaticamente. Algumas emoções se passaram em seu rosto, então um sorriso cresceu em seus lábios. Quando voltou a me encarar, pude ver um brilho naquele oceano azul que eram seus olhos, escurecido devido à parca iluminação.
Ele se aproximou um pouco mais.
—Você está ainda mais linda do que me lembrava — ele me disse.
Senti minhas bochechas arderem.
—Não achei que viria tão rápido — eu lhe disse.
—Não poderia esperar mais... Não depois de saber que espera um filho meu!
Encarei o chão.
—Desculpe não ter lhe dito, eu não... Eu não soube como.
—Que bom que David descobriu, então...
Eu vi sua mão se aproximar de minha barriga, mas ele hesitou.
—Pode tocar — peguei sua mão e a coloquei ali. Tentei ignorar a sensação de tocá-lo novamente.
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A Governanta (Concluído)
RomanceQuando Ellen resolveu trazer sua irmã para morar com ela, não imaginava que as coisas ficariam tão apertadas. Sempre com tudo planejado e organizado, ela se vê pela primeira vez realmente preocupada com sua situação financeira. Depois de se mudarem...