As folhas secas

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As tropas Alemãs estavam apostas do outro lado do rio podíamos ouvir o barulho das armas preparadas para a troca de tiros, o rio era a nossa trincheira parecíamos formigas verdes às margens daquele riacho, também estávamos preparados para o confronto. Com um barulho de tiro a batalha começou, as balas zoavam de um lado para o outro, meu colega que estava ao meu lado foi gravemente ferido, quando me abaixei para socorre-lo uma bala passou perto do meu ouvido me deixando quase surdo, porém consegui arrastar o meu colega dali.

O pior ainda estava por vim, os inimigos pousaram de paraquedas do nosso lado do rio e eu ainda teria que percorrer muito a selva até chegar na médica do nosso exército. O meu colega estava tentando se aguentar para não gritar de dor, por isso, coloquei pano na boca dele e no ferimento, o pus sobre minhas costas e andei o mais silenciosamente possível.

- Sinto muito Cabo- disse para o meu colega tentando me desculpar- tudo vai dar...- antes de terminar de falar, vi vários soldados pousando de paraquedas fazendo barulho nas árvores da floresta.

Me escondi com o meu colega, atrás de uma árvore, no entanto, congelei ao ouvir dois soldados alemães conversando atrás da árvore onde eu me escondia. Olhei para a ponte onde dividia a floresta de outro riacho, porém havia um soldado inimigo nessa ponte. Novamente congelei quando um soldado inimigo andou para o lado da árvore onde eu estava, porém ele estava de costas e fumando, mas só o fato de ele está a poucos centímetros de mim virado de costas, já me assustava.

Derrepente o soldado se vira, nos vê e grita : "Feinde!!", Imediatamente eu o derrubo e vou em direção a ponte com o meu colega nas costas tentando gritar, mas sua boca estava tampada. Cheguei perto da ponte, no entanto, a está altura estavam todos atirando contra nós, então, pulei no rio desaparecendo nas águas para não levar nenhum tiro.

As águas desse rio eram turbulentas, nos levaram para longe, coloquei minha cabeça para fora da água e vi que havia uma cachoeira enorme à frente, então, quando tive chance, me segurei em uma rocha e subi em cima dela, depois fui pulando de rocha em rocha com o peso do soldado nas costas. Finalmente cheguei a margem, mas ouvi os inimigos descendo o rio a minha procura, então, continuei correndo até que tropeçei e saí rolando floresta abaixo com o meu colega.

Caímos vários metros de distância, só deu tempo de colocar o soldado nas minhas costas novamente pois os inimigos estavam próximos e começaram a atirar. Fomos atacados por corvos e arranhados por plantas espinhosas até que passamos por uma espécie de cerca feita com rochas retangulas longe uma da outra (passei pelo espaço entre uma rocha e outra).

- folge ihm nicht! dieser Ort ist verflucht! (não o sigam! esse local é amaldiçoado!)- gritou um soldado alemão para os outros não nos seguirem.

Mesmo não sendo mais perseguido continuei correndo para ter uma distância segura, coloquei o meu colega no chão e tirei a mordaça da boca dele, ele chorava de dor, então tentei procurar alguma planta medicinal para aliviar as dores, me afastei e me adentrei em um matagal quando ouvi um barulho de tiro, voltei e vi o meu colega morto com um tiro na cabeça.

Escutei um barulho de arma, quando me virei vi um soldado alemão apontando para a minha cabeça, derrepente vieram mais dois soldados inimigos. Joguei a minha arma no chão e fiquei de joelhos, um dos soldados começou a gritar várias coisas em Alemão, porém eu não respondia pois não entendia, então, ele me deu um tapão na cara.

- verstehe was ich sage, wenn nicht, schlage ich dich!!! (Entenda o que estou dizendo senão eu vou bater em você!!!)- gritou o soldado e me deu outro tapa.

Outro soldado começou a urinar em cima de mim, derrepente, recebi um chutão do soldado que estava gritando comigo bem na cara, escutei o barulho do meu pescoço estralando, os soldados atiraram fogo no meu colega morto e me deixaram sangrando na mata. Eu não conseguia me mexer, meu nariz sangrava o que me fazia tossir sangue, para piorar, um incêndio causado pelo meu colega em chamas, as folhas secas do solo alimentaram o fogo que se aproximava de mim.

Minha visão embassou e fechei os meus olhos, senti um cheiro de fumaça forte passando pelo sangue do meu nariz, no entanto, por algum motivo a fumaça parou, senti uma mão passando na minha cara. Acordei, me levantei e vi um homem belíssimo ( pera aí! Eu acho homem bonito?), ele estava me levando no colo, porém quando acordei e estava na clínica médica do meu exército.

- O que aconteceu?!- perguntei me levantando desesperado.

- calma! deite-se!- disse a médica- um homem trouxe você aqui- voltei a me deitar.

- quem era esse homem? - perguntei respirando fundo.

- não sei, se ele era soldado- disse a médica costurando os meus ferimentos e colocando álcool.

- Então, tenho que recompensa-lo de alguma forma, ele salvou a minha vida- disse tentando me aguentar da dor do álcool nas feridas.

- agora? Infelizmente agora não dá o helicóptero já vai decolar- disse a médica quando o helicóptero decolou.

Passaram-se algumas semanas eu estava totalmente recuperado, mas a imagem do ser majestoso não saia da minha cabeça, minha missão era na Itália novamente, porém em outra cidade. Os "pracinhas"se reuniram para invadir uma região ainda mais traiçoeira, coloquei o paraquedas nas costas quando o avião abriu a comporta, olhei para baixo as árvores pareciam matinhos e os soldados que guerreavam nas trincheiras pareciam formigas, terei que sair vivo nessa nova missão caso queira me encontrar com aquele homem de novo.


Apaixonado por uma divindade (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora