Os caipiras

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Ouvimos o barulho de pessoas falando italiano se aproximando e nos escondemos dentro da casa, ouvimos as vozes de caipiras resmungando coisas contra os judeus. Os caipiras entraram na casa armados, para piorar, percebi que eu estava sem minha arma, então, me escondi dentro do sofá junto com Borislav.

Os homens sabiam que tinha alguém na casa eram ao todo 17 homens todos com espingardas. Alguns começaram a atirar nos móveis da casa, inclusive no sofá (dois tiros passaram de raspão obrigando o Borislav se apertar mais comigo), Borislav e eu ficamos bem apertadinhos, tanto que eu sentia a respiração dele no meu pescoço.

Os homens resolveram jogar gasolina na casa com os corpos dentro, após saírem, trancaram as portas e janelas, a casa pegava fogo quando saímos de dentro do sofá. Corremos para a chaminé, mas no caminho uma garrafa de vinho explodiu lançando um pedaço de vidro no meu braço.

- fique calmo Rodolfo! Já vou te ajudar! - disse Borislav.

Borislav me colocou para ir na frente pela chaminé, quando chegamos no telhado da casa vimos que os caipiras estavam próximos dali para verificar se ninguém iria sair da casa. Pulamos em uma árvore próxima dali e fugimos novamente para a gruta, cobrindo-a para camuflar.

- malditos fascistas italianos! Malditos nazistas alemães!- disse Borislav zangado e eu fiquei em silêncio por 20 segundos.

- Bom... A guerra é assim mesmo- disse tentando acalmar Borislav- eu vejo mortes todos os dias e não posso chorar pois chorar é uma fraqueza e um bom soldado tem que ser forte e disciplinado.

- sua esposa não fica preocupada?- perguntou Borislav.

- não tenho esposa, e você Borislav? Cadê a sua esposa?- perguntei tentando jogar Verde.

- Ela está na Sérvia- disse Borislav e senti uma dor imensa no meu coração, ele tem esposa.

- É casado a muito tempo? Só curiosidade- disse quase lacrimejando, porém me segurei.

- já faz 2 anos, mas a guerra nos distanciou por isso, quando a ver novamente quero ter um filho- disse Borislav e isso me doeu mais ainda, saber que ele é casado e que pretende ter um filho.

- Acho que vou lá fora verificar se os caipiras não estão próximos- disse para Borislav.

- então vou com você- disse Borislav- afinal de contas, Borislav quer dizer:"conhecido nas lutas".

- não, pode ficar aí, só vou dá uma olhada rápida- disse tentando ficar só e imediatamente saí da gruta, peguei o meu crucifixo e falei para a imagem- Me ajuda, por favor, Me ajuda! Eu não sei o que é isso que está acontecendo comigo, mas me ajuda por favor! Por favor! Me dá paz, me dá forças! Eu preciso da sua ajuda- me derramei em lágrimas.

Senti uma mão no meu ombro e quando me virei era um dos caipiras, eles me amarram e me levaram até um lago congelado, lá eles abriram um buraco no gelo e gritavam coisas fascistas chamando os brasileiros de macacos, depois, eles me jogaram dentro do lago e fecharam o buraco no gelo. Aos poucos, fui afundando, até escurecer tudo, quando abri os olhos vi que o Borislav estava fazendo respiração boca-a-boca comigo.

- Eu disse que era perigoso sair da gruta- disse Borislav todo contente, olhei ao redor e vi os caipiras mortos.

- Borislav, você é uma grande pessoa, sua esposa é muito sortuda em te ter como esposo- disse agradecendo.

- Isso não foi nada, você faria o mesmo por e você também encontrará alguém que faça feliz- disse Borislav, mas mal ele sabia que a pessoa a qual eu estava interessado era ele.

Apaixonado por uma divindade (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora