A fuga

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Eram 3 dias de tortura naquele lugar terrível que chamam de clínica e as vítimas de pacientes, eu estava sentado no canto do quarto de cabeça baixa quanto o psiquiatra psicopata se aproximou de mim.

- Rodolfo, tudo bem?- perguntou o psiquiatra.

- não sei- respondi de cabeça baixa.

- Eu mudei a metodologia, tá bem? A partir de agora se você não tiver alguma melhora, eu vou quebrar esse medalhão na sua frente- disse o psiquiatria- estamos entendidos?

- Sim- respondi de cabeça baixa, então, o psiquiatra saiu do quarto e eu comecei a chorar.

O medalhão é a minha única lembrança de Borislav, então, não posso deixar esse pseudoterapêuta destrui-lo. Quando um enfermeiro veio me dá comida, eu o imediatamente abracei, então, ele me empurrou gritando: "saí pra lá! Depravado!" e fechou a porta puxando-a, mas mal ele sabia que eu estava com a chave do quarto.

Durante a noite, abri a porta do meu quarto e saí de fininho, haviam guardas na entrada da clínica e eu estava com roupa de paciente, então, peguei alguns jalecos e saí de mansinho. Passei pelos guardas os cumprimentando, acelerei o passo em direção ao portão principal quando os cães começaram a latir.

- Ei!- gritou um guarda se aproximando de mim- Você tem a chave?

- Não- respondi.

- eu sabia- disse o guarda abrindo o portão.

Saí daquele inferno e fui em direção a praça, cavei em baixo da árvore central e encontrei uma bolsa cheia de dinheiro. Voltei a sapataria para pegar outras roupas, quando cheguei na antiga sapataria percebi que estava cheia de palavrões riscados nas paredes.

Entrei e fui até o meu antigo quarto onde me vesti e dormi para no dia seguinte poder embarcar em uma viagem rumo a Europa. Naquela noite tive um sonho, eu estava no altar da igreja, os meus convidados eram os meus compatriotas do exército e a família de Borislav, o senhor Rogério estava do meu lado como se fosse o meu pai, Lucas era o padre e do meu lado, segurando a minha mão era ele, Borislav.

- Se alguém tem algo contra esse casamento, fale agora ou cale-se para sempre- disse Lucas.

- Eu tenho!- disse Eshila entrando na igreja com várias crianças- Borislav, eu estou grávida!

Acordei daquele pesadelo e comprei as passagens para a Sérvia, o meu vôo sairia às 10 horas, vi no aeroporto ninguém mais, ninguém menos do que o general e sua filha gritando querendo ir para a França, mas o general estava indo para Portugal. Me encontrei também com Lucas, meu colega de guerra, que me cumprimentou bastante.

Eram 10 horas, peguei as minhas malas e fui em direção ao avião. Vi que o psiquiatria diabólico estava no aeroporto conversando com uma aeromoça, desviei o olhar para não ser visto por ele, porém eu ouvi uma voz familiar gritar pelo meu nome.

- Senhor Rogério!- gritei dando-lhe um abraço.

- Você já vai?- perguntou ele.

- Sim, seu Rogério, quero me encontrar com o meu amor- disse com os olhos brilhando.

- ah! Então, boa sorte rapaz!- disse O senhor Rogério me abraçando novamente- Vá com Deus!

- Obrigado por tudo!- falei entrando no avião.

O avião decolou, meu Brasil foi substituído pelo oceano atlântico visto da janela, estava ficando frio e isso me lembrava ainda mais de quando eu estava na Inglaterra com o meu amor e ele dormia como um bebê ao meu lado, é claro que não rolou nada, mas só o fato de dormir ao lado dele me fazia bem, me fazia feliz.

Um homem sentou ao meu lado com uma criança no colo, isso me lembrava que Borislav queria ser pai e a essa altura, é provável que ele já tenha pelo menos dois filhos. Isso me fazia pensar se era certo ir atrás de Borislav pois com todo esse tempo ele já devia ser pai de família e já tinha o seu amor.

Meu Borislav me deu um medalhão e eu lhe dei o meu crucifixo, nossa fé era diferente, éramos diferentes, mas isso não me afastava dele, nós tornamos amigos. O avião pousou na Sérvia e desci sem saber para onde ir pois, não havia mais floresta e sim, indústrias e bairros, estava tudo diferente.Me sentei na praça para refletir sobre a vi que havia uma cigana pedindo para ler a mão das pessoas, então fui logo me aproximar.

- Boa tarde, senhora! Estou procurando alguém- falei desesperado- A senhora conhece Borislav?

- Nunca ouvi falar- disse a cigana.

- desculpe-me, achei que a senhora sabia pois ele também é cigano- disse triste.

- Você é de onde?- perguntou a senhora.

- Sou do Brasil- respondi.

- Você conhece todos os brasileiros?- perguntou a velha arqueando as sobrancelhas.

- verdade, me desculpe novamente, tenha uma boa tarde- disse isso e saí triste.

- rapaz- disse a mulher e me virei- Onde conseguiu esse medalhão?

- Com Borislav- respondi

- Esse medalhão é da família do Senhor Anto- disse a cigana.

- É pai de Borislav!- respondi cheio de esperança.

- Porque não me disse logo?! Se tivesse perguntado pelo senhor Anto eu saberia- disse a mulher.

- onde estão?- perguntei.

- bem, eles fazem paradas no meio do caminho, mas acredito que já chegaram- disse a mulher.

- onde? Por favor!- disse desesperado.

- eles estavam indo em direção a Noruega- respondeu a cigana.

- Noruega?!- coloquei às minhas mãos na cabeça- Se eu for para lá não terei dinheiro para voltar ao Brasil.

- Boa sorte, você vai precisar- disse a mulher.

Apaixonado por uma divindade (romance gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora