Os meus olhos arregalam-se de imediato. Não contava com este ato vindo dele, e não sabia como iria reagir perante isto. As suas mãos estavam atrás das suas costas sem me tocar, e os seus lábios estavam somente encostados aos meus, sem fazer grande pressão.
Quando reparo que estava a demorar tempo de mais, meto atrapalhadamente as minhas mãos nos seus ombros, afastando-o. Ele respeitou a minha decisão, regressando à sua posição inicial. Porém, desta vez, os seus olhos estavam pousados no chão e eu olhava-o intensamente.
- O que raio foi isto? - A interrogação sai num tom incrédulo.
- Não foi nada. - A sua voz estava normal, sem qualquer sentimento nela.
- Isto não muda na--
- Não, merda! Foi só um beijo, não sabes ver as coisas que te passa à frente?! - Harry adquire uma postura rígida e mais agressiva.
Dou um passo atrás, olhando-o de lado. Este seu gesto deixou-me um bocado confusa acerca de certos assuntos interiores. Não sei porque é que ele propôs tréguas, se continua a ter o mesmo tipo de atitudes para comigo.
- Chega! - Imponho-me.
- O quê? - Os papeis invertem-se, sendo ele o incrédulo, neste momento.
- Eu quero conhecer a minha mãe hoje e quero ir para casa dela! - Digo, dando um certo ênfase à palavra mãe. - Prefiro viver com uma desconhecida do que contigo!
- Tu não a vais ver hoje, nem adianta discutir. - Ele começa a virar-me as costas.
Cruzei os braços, vendo-o sair da divisão com um torbilhão de emoções negativas à sua volta. Pensei que o nosso acordo iria cair a partir do momento em que ele se chateou, mas quando me apercebi que ele trancou a porta libertei um suspiro de alívio.
As minhas mãos viajam até ao meu cabelo, puxando-o para trás. Por que é que ele não podia simplesmente ter-me dito no início? Talvez ele tenha razão, talvez eu não fosse acreditar nele. Vou em direção para fora da divisão, quando ouço passos aproximarem-se apressadamente. A porta volta a abrir-se, revelando um Harry de olhos esbugalhados.
- A polícia está aqui, eu não tenho tempo de te esconder. - Ele diz num tom aflito.
- Então o que é qu--
- Vais portar-te bem, não é, Anna? - Ele corta-me, pousando as suas mãos nos meus ombros.
- Mas o que é que eu digo? - Questiono assustada.
- Harry Styles, é a polícia! - Ouvia-se uma voz grossa ecoar pelos corredores.
Ele agarra na minha mão, puxando para fora do quarto onde estavamos. Eu estava tão nervosa, que tinha a certeza que nem era preciso eles interrogarem alguma coisa para detetarem o que se passa. Eu podia sentir que ele também estava tenso. Sabia que provavelmente este não era o seu primeiro encontro com a polícia, mas de certeza absoluta, que era o seu primeiro encontro com uma mulher raptada.
Sinto a minha mão ser apertada, chamado a minha atenção. Olho para ele, lendo os seu lábios que soletravam silenciosamente "Sê boa menina". Eu não tinha outra escolha, apesar de haver uma grande vontade dentro de mim o denunciar.
Vejo os polícias no fim do corredor, e à medida que nos aproximamos, sinto o meu corpo tremer mais.
- Harry Styles, certo? - Um dos homens interroga, fazendo ele abanar a cabeça. - Espero que não se importe dos meus colegas andarem a revistar a sua casa.
- Não tem problema nenhum. - Ele assente.
- Quem é ela? - O polícia pergunta desviando o seu olhar para mim.
Será que sou eu a responder? A pergunta foi destinada ao Harry, mas ele ainda não respondeu. Sinto um apertão na minha mão.
- A-annabeth Scott. - Digo gaguejando.
- Annabeth? Eu já ouvi esse nome... Tu não és das últimas raptadas? O que fazes aqui? - Ele olhava alternadamente entre mim e o Harry.
- Ela est--
- A pergunta foi destinada à vítima, senhor. - O homem corta-o, quase podendo-o fuzilar com o olhar.
- E-eu consegui escapar do lugar do raptor, o Harry encontrou-me à dois dias na beira da rua e ajudou-me. - Invento uma história.
- Onde era esse lugar?
- N-não sei... Era uma casa bastante isolada... Não fazia a menor ideia onde estava.
- E agora, sabe onde está? - Ele estreita os olhos.
- Sim, em Boston. - Mordo o interior da minha bochecha.
- Porque é que ainda não contactou a sua família?
- Eu perdi os dados todos, não sei os números de cor.
- Eu posso fornecê-los, gostaria de contactar neste momento a sua família? - Ele questiona, deixando-me sem resposta.
*
*Peço imensa desculpa ter demorado! Mas eu estive mesmo sem imaginação durante uns tempos :/
Digam-me o que acham deste episódio :)
LY ♡
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The Kidnapped || h.s
Fanfiction"Nada nos faz acreditar mais do que o medo, a certeza de estarmos ameaçados. Quando nos sentimos vítimas, todas as nossas ações e crenças são legitimadas, por mais questionáveis que sejam. Os nossos opositores, ou simplesmente os nossos vizinhos, de...