- Harry -
O meu coração bombeava o sangue com imensa pressão. Se eu não fizesse exames regulares ao grande músculo e o conhecesse tão bem, poderia dizer que estaria a ter uma arritmia. De certeza que a minha face empalideceu gradualmente e suores frios percorreram a minha espinha deixando-me náuseado. Eu tinha medo da sua resposta, tinha medo do que poderia acontecer. O meu segredo não podia ser descoberto, eu iria preso e provavelmente ser condenado a pena de morte com os crimes horrendos que cometi.
Vi os dois desvanecerem no horizonte do corredor, deixando-me para trás numa ansiedade tremenda. Não sabia se me havia de sentar ou caminhar de um lado para o outro. A minha mão foi involuntariamente ao bolso das minhas calças pretas, retirando o maço de tabaco que lá continha. Não era propriamente um viciado em tabaco, mas de vez em quando sabia-me mesmo bem encher os pulmões com algo mais tóxico que a minha vida, apesar de isso ser quase impossível.
O isqueiro acendeu o cigarro e dei a primeira passa. A nuvem ardente queimava-me a gargante à medida que esta descia pela faringe. O meu cérebro só conseguia pensar que tudo estava tão perto de ser descoberto e em como eu nunca pensei que esta mulher me fosse trazer tantos problemas.
Ouço o meu telemóvel tocar e faço a honra de o retirar do outro bolso. Olho para o ecrã brilhante, aparencendo o número da advogada que visitei no Texas.
Mas o que quereria ela? As coisas por lá não correram muito bem, não consigo encaixar nenhuma razão válida para este telefonema. Decido atender, caminhando para o meu escritório e trancando-o, visto que a minha casa está rodeada por polícias.
- Daqui fala Harry Styles. - Atendo.
- Boa tarde, antes que questione, eu estou a ligar porque acho que tenho uma proposta interessante para si. Sei também que neste momento está em apuros, não é verdade? - A sua voz atiçada dispara.
- A sua perseguição assusta-me, Camilla. - Um sorriso maníaco forma-se nos meus lábios.
- Considerei-o uma pessoa com uma vida interessante. Mas, neste momento, não há tempo para formalidades, vou ter que propor por telemóvel.
- Será que devo ter este tipo de conversa na situação em que me encontro? - Tento ser cauteloso.
- Não precisa de me responder neste momento, eu vou apenas falar e depois desliga a chamada de imediato. - Ela ordena e eu assinto, mesmo sabendo que ela não está a ver.
- Eu conheço os seus negócios escuros relacionados com mulheres e sei também que um dos seus hobbies é mantê-las presas em sua casa, por isso é que nunca fica muito tempo numa casa e que muda de estado a cada ano. A Emilia, a mulher que contratou para fazer toda a pesquisa por si, não é quem você pensa que é. Eu sei como o posso ajudar a metê-la na prisão e você sair ileso desta situação. - A conversa que ela está a ter comigo agrada-me.
- Como? - Fui curto nas palavras.
- Ela é uma mulher muito esperta, que quase não deixa qualquer tipo de prova, mas não sei se já fez alguma pesquisa sobre ela. De qualquer das maneiras, eu vou-lhe dizer o que encontrei de relevante. A Emilia é um dos maiores génios da informática, ela é a agente contratada pela CIA para investigar pessoas com uma vida demasiado suspeita, como a sua. Ela só ainda não o entregou por razões que desconheço, ela tem todas as provas necessárias contra si.
Absorvi cada palavra que a mulher ia dizendo. Eu investiguei várias vezes a Emilia, ela sempre ajudou criminosos. Verdade também é que não sei o que aconteceu com eles, mas não foram para a prisão. Pelo menos não apareceu nos registos deles.
- O que faço? - Sentia todas as minha ligações nervosas trabalharem mais do que o que deviam.
- Não vai ser por telemóvel que vamos discutir isso, já te apresentei o caso. Por favor, pensa bem nele, não te vou dar outra oportunidade depois da resposta dada. - Ela termina, desligando-me o telemóvel na cara.
Sabia que Emilia era estranha em certos aspetos, mas nunca pensei que fosse uma espia. Como pude cair nesta armadilha? A minha maior vontade era de conduzir até casa dela e matá-la, mas ela não pode descobrir que eu sei do seu pequeno segredo sujo.
Ouvi vozes vindas da sala, mais altas que o normal. Destranquei a porta, abrindo apenas uma fresta da porta para que pudesse ouvir melhor que tipo de situação se estava a passar entre Annabeth e os policiais.
- Não, não me podem perguntar isso! - Ela gritava.
Porém, não conseguia perceber o que eles diziam. Decidi que deveria entrar em cenário. Avancei até à sala de estar, encontrando a ela de pé e a gesticular enquanto que eles permaneciam sentados e tirar alguns apontamentos.
- Algum problema? - Questiono desconfiado.
- Senhor, estamos a tentar conversar com vítima, preferia que não se metesse no meio do interrogatório. - O que parecia ser o chefe falou ríspido.
- Eu tenho a certeza absoluta que ninguém se importa desde que não incomode. - Contraponho, ciente do que estou a dizer.
Os oficiais olharam-se entre si, fazendo um debate telepático. O que parecia ser o porta-voz suspirou, encarando o chão.
- Tudo bem, ele pode ficar. Mas assim que se intrometer ou reproduzir qualquer tipo de som é expulso. - Ele explicita.
Assenti, sentando-me no mesmo sofá que a Annabeth, mas na ponta oposta à dela. Queria puder ver todas as suas expressões faciais.
- Muito bem, Annabeth, voltando à nossa questão, que foi interrompida... - O polícia reorganizava os seus papéis. - É verdade que foi violada e abusada por Harry Styles?
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Decidi atualizar, porque já tinha saudades de continuar com os novos capítulos :D
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The Kidnapped || h.s
Fanfiction"Nada nos faz acreditar mais do que o medo, a certeza de estarmos ameaçados. Quando nos sentimos vítimas, todas as nossas ações e crenças são legitimadas, por mais questionáveis que sejam. Os nossos opositores, ou simplesmente os nossos vizinhos, de...