Capítulo 21

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Assim que começamos a fazer a viagem até ao local destinado ao casamento, o silêncio instalou-se por completo deixando-me bastante assustada. Eu ainda não acredito no que está a acontecer à minha vida, uma parte de mim ainda pensa que tudo isto é um pesadelo, e a minha mãe vai-me acordar a meio da noite a dizer que está tudo bem. Mas sei que isto é bem real.

Olho de relance para o indivíduo que está sentado ao meu lado e vejo os nós dos seus dedos ficarem brancos de tanto apertar o volante. Sinceramente, eu acho que quem não se vai comportar neste casamento é ele, pois com este seu temperamento, nem cinco minutos vai conseguir estar comigo sem discutir. Se eu temia por mim, agora temo por ele.

Ouço-o soltar um alto e longo suspiro por entre os seus lábios, e vejo ele fazer uma pequena carranca na sua cara, como se fosse fazer o maior sacrifício do mundo.

- Não quero que fales com ninguém a menos que te dirijam a palavra, esclarecido? - Ele diz entre os dentes.

Assinto, tendo medo de sequer responder-lhe.

- Assim que sairmos do maldito carro somos um casal como outro qualquer.

- Porquê eu? - Murmuro tão baixinho que dúvido que ele tenha entendido.

- Sinceramente? Não sei. És de longe a pessoa mais teimosa e aborrecida do mundo. Quase que não te tolero. - Ele desabafa.

Quase não me tolera? Isso quer dizer que ele lá no seu fundinho me tolera? Devo pensar que é algo bom ou mau?

- Então porque me raptaste se sou assim tão má?

- Não tens nada a ver com isso.

Acho melhor não puxar mais pela corda, não quero que ela rebente tão cedo.

- Tenho saudades da minha mãe. - Suspiro.

- Mães não prestam, podem ser os seres mais desprezíveis que há. - Ele diz num tom de voz duro.

- Isso é mentira, a minha mãe é a pessoa mais importante que existe na minha vida.

- Como? - Ele pede, e eu estranho este súbito interesse.

- Bem, não há como explicar. Em primeiro lugar, foi ela que cuidou de mim desde que nasci, nunca deixou que nada me faltasse. É uma das pessoas mais compreensivas que há, e dá-me sempre carinho e amor. - Sorrio com algumas memórias.

- Talvez ela guarde algum segredo sujo. - Ele contrapõe.

- Não acredito nisso, ela era incapaz de me esconder alguma coisa. - Discordo. - Não gostas da tua mãe?

- Não.

- Porquê?

- Porque... - Ele parece pensativo, talvez esteja a recordar algo. - Porque ela é um monstro.

- Não digas isso. - Murmuro escandalizada.

Vejo os seus olhos fechar em dor emocional, e nesse mesmo segundo sinto pena dele. Mas assim que os abre, a frieza regressa.

Sinto a carro parar e olho à minha volta, estamos em frente de uma igreja bastante bonita. O motor para de trabalhar e o Harry tira a chave da ignição.

- Pronta? - Ele pergunta sem sequer olhar para mim.

- Talvez, e tu?

- Talvez. - Responde, e abre a porta saindo.

Espero que ele contorne o carro para abrir a minha porta e me ajude a tirar o vestido daqui. Assim que estou fora do carro, a sua mão entrelaça-se à minha deixando bastante nervosa e a tremelicar.

The Kidnapped || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora