Capítulo 20

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O meu choro era sufocante, eu estava deitada no chão, sem conseguir ter forças para me levantar. Eu nunca tinha levado um estalo tão grande, eu sinto a minha bochacha latejar. Nem os meus pais me fizeram algo semelhante. O meu couro cabeludo ficou muito sensível, e sempre que penteio o cabelo com os dedos, imensos fios do mesmo saem soltos. Quase que parece que fiz um tratamento de quimioterapia, e o meu cabelo estivesse a ir-se embora.

É hoje que eu vou morrer. Ele disse que eu ia desejar nunca ter nascido. Oh se desejo.

Ouço alguém cutucar na porta, e encolho-me de medo, a pensar que seja aquele monstro que está do outro lado da porta.

- Menina Anna? - Uma voz mais velha chama-me e o meu corpo descontrai. - Posso entrar?

- S-sim. - Murmuro num soluço, e vejo a Sra. Roberts entrar dentro do quarto.

Assim que ela me vê, solta um grito abafado, devido a ter colocado as suas mãos na boca, em estado de choque.

- O que aconteceu? - Ela pergunta, pondo-se de joelhos do chão, perto de mim.

- Nada. - Sussurro.

- Anna, sabes que podes contar-me. - Ela passa a sua mão pela minha bochacha ferida.

- Foi aquele bastardo de merda! - Eu soluço.

- Pensei que ele fosse mais gentil contigo.

- Gentil? Onde está a gentileza naquele homem? - A minha voz altera-se.

- Sshh, ele assim vai ouvir, e pode complicar tudo.

- Ele vai-me matar. - Eu grito, descontroladamente.

- Não vai nada. Ele é apenas um homem despedaçado.

- Porque o defende tanto?

- Porque eu conheço-o melhor que ninguém. - Ela suspira.

- Então diga-me o porquê disto tudo. Eu suplico-lhe, diga-me porque é que eu estou aqui! - Peço, a chorar.

- E-eu não posso. - Ela responde-me com o sentimento de culpa.

- Claro que não. - Pus as minhas mãos na cara, de forma a tapa-la.

Ouvi o seu suspiro, e depois, alguns minutos de silêncio, até eu me acalmar. Eu sei porque é que ela veio até aqui, porque está na hora de me vestir e arranjar. Como é que eu vou sorrir e mostrar felicidade ao lado daquele homem? Que me raptou, que me mantém em cativeiro, que me quer estrupar, e que disse que iria desejar nunca ter nascido? Isto é tarefa para a mulher impossível. Eu tenho sentimentos, e eles agora estão todos estragados numa tremenda confusão.

- Que tal levantares-te e ires tomar um banho? - A Sra. Roberts interrompe os meus pensamentos.

Apenas assinto, sabendo que não há outra hipótese. E eu estou a precisar um banho. Digamos que Harry Styles não é muito higiénico com as suas prostitutas. Só tomamos banho e nos depilamos na hora que ele quer foder.

Assim que a Sra. Roberts me acompanha até à casa de banho, sou deixada lá. Ligo a torneira do chuveiro e começo a tomar um refrescante banho. Já tinha saudades da água morna a limpar a minha pele, e gostava de passar um eternidade aqui debaixo, mas isso é impossível.

Depois do banho, enrolei uma toalha à volta do meu corpo, e espreitei para fora da divisão, estava vazio. Não sabia para onde me dirigir, não sabia se tinha que me vestir e o que vestir. Ouvi passos pesados no corredor e o meu coração acelerou. O meu primeiro instinto foi bater a porta e fazer pressão sobre a mesma com as minhas costas. Ouço o puxador mover-se, e alguém a bufar do outro lado.

The Kidnapped || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora