Olhava-me constantemente ao espelho da casa de banho. Toda a elegância da minha maquilhagem estava a desaparecer, debaixo dos meus olhos estavam duas manchas de maquilhagem borratada. Solucei várias vezes e estava a tornar-se complicado para eu me acalmar.
A minha dignidade já não era existente, eu já não me sentia um ser humano. Se eu não tivesse família que me amasse e o mínimo de esperança de conseguir sair disto, provavelmente já teria tentado pôr fim a isto. Mas não consigo ser egoísta.
Eu tenho saudades dos meus pais, do meu irmão e da minha irmã. Eles eram tudo para mim e agora não sei quando os volto a ver. Isto é, se não for morta antes.
O meu choro acelerou e ouvi alguém a bater à porta. Rapidamente tapei a boca com a palma da minha mão para abafar o som.
"Annabeth, eu sei que és tu. Abre-me a porta." Pediu um pouco irritado.
Tentei acalmar-me antes de aparecer, não queria que o meu raptor se divertisse a ver o meu estado. Peguei num lenço de papel que tinha dentro da mala e limpei debaixo dos olhos, mas parecia que ficava ainda mais borratado. Merda para a maquilhagem.
"Annabeth!" Gritou.
Engoli em seco e lentamente caminhei até à porta destrancando-a. Afastei-me e ele abre a porta, entrando com uma expressão terrível e assustadora. Ele trancou a porta e passou as mãos pelo seu cabelo exasperado.
"Não podes fugir assim!"
"Desculpa? Tu é que saíste da minha beira! Nem um raptor em condições sabes ser." Suspirei.
Ele olhou para mim ainda mais furioso.
"Olha para a tua cara." Reclamou e pegou no lenço que estava na minha mão.
A sua mão agarrou o meu queixo e ele olhou para o meu rosto examinando, logo de seguida começou a limpar o que estava sujo.
"Eu vou ser vendida?" Sussurrei.
"Hm... Mais ou menos."
"Como assim mais ou menos?" Franzi o sobreolho.
"Vais ser vendida apenas por alguns dias." Revelou e deu de ombros.
"O-o quê?" Lágrimas ameaçavam escorrer novamente.
"Vão ser vendidas tu e mais três. Mas é só por três ou quatro, depois voltas comigo." Sorriu maleficamente.
"Como é que tens coragem de fazer isto?"
"Eu faço coisas piores, honestamente."
"É assim que ganhas dinheiro? À custa da dignidade das raparigas?" Perguntei irritada e chocada.
"Eu também tenho o meu próprio emprego."
"És ladrão?" Se fosse, não me iria surpreender nem um bocado.
"Não." Riu-se.
"Então?"
"Sou um administrativo de uma grande empresa."
Oh.
"Já fizeste isto antes?" Perguntei.
"O quê?" Encarou-me.
"Isto de vender mulheres..."
"Sim, já vendi umas 5." Admitiu.
Engoli em seco. Ele tem mesmo coragem de o fazer e é o que vai acontecer. Fechei os olhos e o meu queixo tremeu. E se um psicopata pior do que o Harry me estuprar a sério? E se ele me matar? Eu não quero ser assassinada.
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The Kidnapped || h.s
Fanfiction"Nada nos faz acreditar mais do que o medo, a certeza de estarmos ameaçados. Quando nos sentimos vítimas, todas as nossas ações e crenças são legitimadas, por mais questionáveis que sejam. Os nossos opositores, ou simplesmente os nossos vizinhos, de...