Capítulo 25

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- Harry -

Ouço o meu telemovel tocar, fazendo-me grunhir. Esta é a última maneira possível que posso ser acordado de uma ressaca. A minha cabeça latejava como se fosse explodir a qualquer momento. Já não apanhava uma bebedeira destas à muito tempo, deixando-me plenamente de lado sobre o que aconteceu durante esse período. O som do telemóvel fez-me levantar do sofá em que me encontrava, alcançando o dispositivo do chão. Olho para o ecrã tentando ler o que lá estava escrito, mas a luminosidade deixava-me ainda mais mal-disposto, fazendo-me atender sem saber a quem.

- Quem é? - Rosno entre dentes, completamente chateado por ter sido acordado.

- Que humor! - Uma voz feminina e extremamente conhecida fez-me bufar.

- O que queres, Emilia? - Suspiro, esfregando o meu nariz.

- Saíste do casamento mais cedo, quero saber se tu chegaste bem a casa. Estavas muito bêbado. - O seu tom de voz é repreendedor, fazendo-me revirar os olhos.

- Agora que já me ouviste falar, estás contente? - Perguntei com ironia.

- Não.

- Então diz-me lá o que merda queres. - Bufei zangado com o empate da conversa.

- Arranjei outra. - A sua voz parecia neutra, mas sei que do outro lado da linha ela estava a sorrir.

- Que bom, como é que chama? - O meu tom de mau desapareceu, dando origem a um tom alegre.

- Camila Bale, tem dezanove anos e é do Texas.

- Foda-se, tão longe? - Digo exasperado, passando a mão pelo meu cabelo.

- Se quiseres eu man--

- Não, não. Eu vou lá, mas esta é para mim ou para o leilão da Hazel?

- Para o leilão, idiota de merda. - Ela suspirou e revirou os olhos, mesmo sem a estar a ver. - Eu não sou a arranja fodas, queres uma vais buscá-la.

- Manda-me o resto dos detalhes e fotos por mail, agora tenho que tratar de outros assuntos. - Despacho-a, desligando o telemóvel e atirando-o para cima do sofá.

Dirigi-me à cozinha, pegando numa caixa de aspirina, engolindo três comprimidos de uma vez. Eu precisava com urgência de parar com esta dor de cabeça explosiva. De seguida, tomei um rápido duche e troquei de roupa, para algo mais prático. Eu precisava de ir ver a Annabeth, não faço a menor ideia de como ela está.

Caminhei com alguma pressa até ao quarto onde ela costuma ficar, tirando a chave do meu bolso para destrancar a porta, mas franzi as sobrancelhas quando reparei que a porta esteve aberta a noite toda.

Foda-se, que desnaturado irresponsável.

Quando abri a porta, foi como se tivesse levado um murro em seco no estômago. O quarto estava vazio. Completamente vazio. O meu coração parecia ter sido comprimido por dois blocos de pedra. Eu não a posso ter perdido, ela não pode ter fugido.

Levei as minhas mãos ao cabelo e puxei-o para trás, pensando em possíveis locais da casa onde a possa ter deixado. Merda para a bebedeira.

Os meus pés correram até à cave, com esperança que ele estivesse à beira das outras mulheres. Abri a porta com a chave e acendi a única lâmpada que havia ali. Todas as mulheres que lá estavam olhavam-me de admiração, nojo, desprezo, desejo. Mas todas elas neste momento enjoavam-me, eu só queria a merda da Annabeth, neste momento.

- A Annabeth? - Gritei para elas, nenhuma delas me respondia, apenas trocando olhares entre elas. Os meus olhos furiosos percorreram cada canto daquela divisão, mas não havia qualquer vestígio da rapariga de olhos verdes.

Fechei a porta com força, certificando-me que a trancava. Vasculhei a casa toda, todos os quartos, casas-de-banho, salas. Era não estava aqui, e o meu desespero estava a aumentar cada vez mais. Decidi que a ia procurar nas redondezas da vizinhança. Honestamente, não sei como a perdi assim. E se ela fugiu e foi fazer queixa de mim às autoridades? Não. Não.

Peguei nas chaves do carro e desci para a garagem. Olhei em volta para ver qual carro haveria de pegar, quando algo me chama a atenção. Um dos meus carros trazia os vidros completamente embaciados, ao contrário de todos os outros. Aproximei-me do carro e tentei espreitar, mas o vidro estava demasiado opaca para conseguir ver alguma coisa.

Este carro foi o que tinha levado ao casamento.

Destranquei-o, com um pouco de receio para saber o que raio se estava a passar. Abri a porta de trás, permitindo-me ver Annabeth embrulhada no vestido que tive levado ao casamento. O seu corpo tremia como varas verdes, dando-me a sensação que ela passava frio. Porque raios ela tirou o vestido?

Meti metado do meu corpo dentro do carro, pronto para a abanar e acordar para vir para casa, mas ela rapidamente abre os olhos e dá um grito, tentando ao máximo fugir de mim.

Que se passa com ela?

- Anda, Anna, está frio aqui. - Disse e estendi a minha mão para que ela a agarrasse e eu a pudesse puxar, mas ela não teve qualquer tipo de reação a não ser tentar tapar o seu corpo inteiro. - Olha, eu não estou com paciência para estas brincadeiras. - Experimentei um tom mais duro, mas ela simplesmente não reagia.

Sem paciência, peguei pelos seus tornozelos, puxando-a para a ponta do assento, mas algo no chão do carro faz-me franzir e esquecer a rapariga que estava à minha frente por uns segundos. O seu sutiã estava ali. O que se passou?

Arregalei os olhos ao perceber que eu provavelmente fiz-lhe alguma coisa. Merda. Merda, merda, merda.

- Deixa-me ver o teu corpo. - Exigi. Queria ver se ela tinha alguma marca na pele.

Peguei-a pelos seus pulsos e levantei-a. Ela começou a chorar e a espernear-se.

- Deixa-me, seu cabrão sem escrúpulos! - Ela grita tentando-se afastar de mim. - Socorro!

- Cala-te! Estás louca? - Agarrei-a pelos seus ombros, tentando parar os seus gestos brutos. Arranquei o vestido de volta do seu corpo e ela deu outro grito.

Arregalei os olhos e engoli em seco. Ela trazia vários hematomas no pescoço, os seios negros e marcas vermelhas de dedos.

- Quem te fez isto? - Perguntei-lhe e voltei a entregar-lhe o vestido para se poder tapar. Ela não me respondeu, tentando ao máximo evitar contacto visual comigo.

Agarrei o seu queixo e fi-la olhar diretamente para os meus olhos. As suas pupilas estavam dilatadas, dando pouca visibilidade à sua íris verde. Ela estava com medo.

- Eu juro pela minha vida que se não me respondes--

- Foste tu! Animal de merda! - Ela chorou e deixou-se cair no chão.

Eu sei que eu ameaço-a sempre que a vou violar e matar, mas não sou completamente sincero ao dizê-lo. Talvez lhe dê algum tipo de castigo, mas não a deixaria neste estado. Eu não posso tocá-la.

- O que é que eu te fiz? - Aninhei-me e tentei ajudá-la a levantar-se, mas a sua mão entra em contacto com a minha cara, dando-me um estalo um pouco doloroso.

- Tu fizeste o que me prometeste este tempo todo! - Ela esclareceu todas as minhas dúvidas, deixando-me completamente sem palavras.

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O que acharam deste capítulo?  :3 deem as vossas opiniões, e tentem adivinhar quem era a mulher do telefone xd

Votem e comentem, a sério :3

LY ♡

The Kidnapped || h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora