Donzela

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-Está vendo aquela ave?

O ruivo concorda prontamente após ouvir as intruções do professor lince, o mesmo apontava visualmente para um pavão negro de porte grande, não seria difícil. As aulas de caça de Bokuto, muitas vezes, era massante para a raposa que acabara de virar um Beast, seus sentidos novos o confundiam tanto que em vez de prestar atenção no que Sugawara falava, sua mente viajava pelos sons de ratos em suas tocas selvagens, ou então nas conversas alheias de viajantes próximos dali, já descobrira muita coisa do exterior só por meio de fofocas e conversas, nunca podiam se distanciarem dali, a caçada por Beasts era costumeiros mas depois do ocorrido do dia anterior, Sugawara e Kuroo redobraram a segurança e o confinamento de Hinata.

Há quilômetros, o passáro bicava o chão sem preocupações do que acontecia ao redor da floresta, vez ou outra parava para se certificar que estava tudo bem mas não suspeitava de nada, bom, era o que os dois Beasts nos arbustos pensavam.

-Pegue o, e traga pra nós.

Sussurra mandando o ruivo ir em direção do pavão preto. Hinata logo se transforma e corre até certa distância do passaro, ficando escondido entre mais um arbusto analisando a caça, sua calda, na ponta, balançava de um lado para o outro animado e com expectativa de receber elogios vindo de Bokuto sobre sua admirável vitória. Shõyo sempre fora assim, amava causar surpresa aos outros, e na maioria das vezes conseguia, mas não do jeito que queria, era pelo seu jeito animado e expontâneo de ser. Sua mãe sempre dizia que seus filhos continham um belo coração, ele e sua irmã, com cabelos ruivos semelhantes ao de seu pai mandão e carinhoso, ao mesmo tempo que evitava pensar nas lembranças de sua antiga vida, Hinata ademais apreciava recordar da velha vila.

Sua parte superior abaixava enquanto a parte traseira se levanta afim de pegar impulso quando fosse avançar no pavão distraído. A raposa passa a língua nos lábios peludos e seus olhos penetravam a penugem da ave que bicava o chão.

-Vai...

Bokuto sussura para si mesmo há quilometros dali ao mesmo tempo que observava o ruivo. Poucos minutos se passaram e Shõyo avança rapidamente na ave, sua visão se tornara focada em apenas um alvo, e o alvo o olhava de forma desinteresada. Antes que a raposa cravasse seus dentes na carne macia do pavão, a caça desvia do perigo o deixando cair de boca no chão. Agora, perto dali, o lince ria ao lado do ex-pavão que os fitavam ameaçadores.

-Quase Hinata! Pena que o pavão foi mais rápido!

-Cale a boca Bokuto.

Akaashi manda mas não é acatado pelo maior que ainda gargalha ao ficar vendo a raposa sair da terra e se destransformar, balançando a cabeça como se ainda estivesse em sua forma animal.

-Eu já disse à vocês que não sou caça!

Reclama se referindo a todas as vezes que seus amigos o tratavam como um ser indefeso e fácil de ser pego, não era culpa dele ser um pavão, e sim, de quem o transformou. O moreno sai dali frustrado adentrando a própria cabana e a do lince que ainda ria com as mãos na barriga.

-Acho que você tá encrencado professor...

Shõyo avisa sentado no chão mas olhando para a porta que Akaashi havia aberto. Bokuto precisou de mais algum tempo para poder se establizar mentalmente, até entender o que seu aluno tinha avisado. Akaashi, como alguns Beasts, fora presenteado com o nada, sendo apenas um passáro bonito sem ter muitas funções, meramente, um animal de luxo.

-Hinata, você pode ir pra casa sozinho? Tenho que conversar com ele...

Se constrange passando uma mão nos cabelos preto e branco, esboçando um sorriso forçado. Shõyo não entendia muito bem o que se passava na mente do ex-pavão, mas que Akaashi odiava não participar da conversa de caça, a raposa tinha certeza.

-Ok, já vou indo. Até amanhã!

Acena quase de costas e adentra a mata já em sua forma animal.
Já era quase noite e Akaashi cendia as velas da pequena cabana, apenas os dois moravam ali.

-Você quer conversar?

Bokuto adentra o local ressoando sua frase mais mansa do que o normal, só agia assim perto do namorado.

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Já era escuro e Hinata ainda corria pela mata fria com ventanias fortes sobre seu pelo, percorria o mesmo caminho que tomara para chegar ao seu professor, um erro que todos já haviam o alertado, mas o ruivo não lembraria de todas as lições que aprendia em todos os momentos. Disparava pela floresta rapidamente e sem medo de ser pego, até que houve algo e freia seus passos afim de prestar mais atenção.

"Merda!"

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-Ouviu isso?!

Bokuto arqueia a coluna e levanta a cabeça, tinha escutado algo e eram certamente caçadores, afoitos demais para uma mata silenciosa.

-Ouviu o que?

Akaashi pergunta cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha, seu companheiro queria fugir da briga. Um silêncio se estabelece por alguns minutos até o grisalho alerta decidir achar a origem do som, alguém estava em perigo e Hinata estava sozinho.

-Fique aqui!

Seu corpo antes humano se transforma e corre para acabar com aquele som perturbador, seu aluno chorava em sua forma não humana.

-Não...

O pavão teima e corre para a mesma direção que o lince, afinal, não era uma donzela em perigo.

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Alguns homens de capa vermelha correm em sua direção o encurralando e o impedindo de fugir, redes o prendem e seu corpo animal encolhe com medo da morte. Não queria morrer daquele jeito, toda aquela sua história percorrida para aquilo?! Ver sua familia morrer por causa dos Beasts e agora seria morto por um caçador, como um verdadeiro Beast morreria, era iguais a eles e morreria como um deles. Por mais que amasse sua nova familia, aquela raposa que chiava em forma de choro relutava em aceitar seu novo corpo, aceitar ser da mesma raça dos assassinos de sua aldeia não era fácil.

Naquele tempo que refletia sobre sua história, Hinata esquece de sua forma raposa e se destransforma ficando de bruços na terra.

-Nossa!

Um dos caçadores se espanta vendo o ato raro de um Beast. O ruivo ainda lutava para sair da rede, esperneando contra a armadilha e agarrando o solo para conseguir se livrar daquilo. Mas ele para.

"Bokuto"

Seu professor o avistara a poucos quilômetros dali em sua forma humana, seus olhos se encontraram e o grisalho se apresentava apreensivo, nunca tinha visto o lince daquele jeito, com medo de perder algo, talvez a vida ou...alguém, também esboçava indecisão mas não sabia o por quê. O garoto ruivo que antes lutava esperava seu resgate vindo da parte do professor que o resgatara da antiga casa já destruída, mas sua esperança some ao ver Bokuto correr na direção oposta. Estava fugindo.


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Caçados (Repostado)Onde histórias criam vida. Descubra agora