Desespero

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-Por favor... Por favor! Não! Não me matem!

Dessa vez, Shoyou chorava desesperado enquanto lutava e súplicava pela sua vida. O ruivo não sabia, mas o homem que quase o matou no dia anterior, estava ali, indeciso em continuar com aquilo.

-Nunca vi um tão de perto...

Um homem loiro diz analisando o corpo pequeno da caça.

-Estamos apenas começando Tsukishima...

Kenma comenta ao seu lado, ambos tinham olhares opacos, mas Tobio e Daichi estavam incertos, aquela raposa era apenas um garoto e se brincassem, tinha a mesma idade que eles.

-Vamos Kageyama. Pegue nessa ponta enquanto eu pego nessa.

O moreno de olhar maduro manda erguendo um lado da rede, despertando o azulado dos pensamentos inseguros.

-Ah... Certo.

-Por favor...

Parecia que a raposa já aceitava seu fim, estava fraco e repetia o pedido em voz baixa, Tobio engole um seco erguendo a rede do jeito que o capitão havia mandado. O sujeito era leve então não precisaram de muito esforço para leva-lo até suas barracas temporárias em volto de uma fogueira já acendida, estavam de passagem e logo iriam para a capital, afim de fazer apenas uma reunião mas que agora, entregariam um Beast para o rei, ou melhor, uma pele laranja de raposa.

-Deixaremos ele aqui, assim não o perderemos de vista.

Daichi informa colocando o ruivo perto de alguns troncos que serviam de bancos.

Shoyou sentia desespero, solidão e principalmente, abandono. Bokuto o deixara para morrer da pior forma possível, por que o deixara ali se tinha o resgatado no passado? Não fazia sentido. Seja como for, não veria mais o sorriso parecido com a da sua mãe em Sugawara, as brincadeiras com Nishinoya e Kuroo, a comida da taverna feita pelos amigos estranhos, não veria mais sua família, bom, após morrer veria sua outra família no céu, sua irmã de lindos cachinhos laranjas com seu sorriso radiante como o sol e se encontraria novamente com o olhar reconfortante de seus pais também, tais pensamentos confortavam seu coração já desesperançoso.

Tobio Kageyama o olha de escanteio passando despercebido por todos os outros que comiam um dos coelhos que haviam caçado antes de capturar o ruivo. O homem de cabelos azulados penava pelo estado da raposa que chorava baixo sob a rede, Daichi também estava em conflito interno mas deveria cumprir o que tinha prometido ao rei, todos dali haviam feito promessas afinal.

-Bom, vou me retirar. Enquanto isso o turno é seu Kageyama.

O capitão ordena já adentrando sua barraca um pouco longe dali.

-Sim senhor...

-Também vamos...

Tsukishima e Kenma também saem cansados da presença de ambos os jovens.

Kageyama finalmente podia observar o ruivo sem se preocupar com os olhares dos colegas. O garoto raposa ainda se encolhia, como se estivesse com medo do que viria, e deveria temer, Tobio sabia o que fariam com ele e, ao pensar nisso, uma gota de suor pinga no chão engolindo um seco na garganta.

-Quer um pouco?

O caçador oferece sua perna de coelho para Hinata, não estava com vontade de comer, mas certamente o menor estaria.Lentamente, Shoyou senta olhando desconfiado para o maior, seus olhos se encontram fazendo Tobio enrubecer pelo contato íntimo, já o garoto raposa se protegia com as mãos em volta do corpo magro, salivava ansiando por um pouco de carne, crua estaria melhor.

Caçados (Repostado)Onde histórias criam vida. Descubra agora