𝐇𝐀𝐍 𝐉𝐈𝐒𝐔𝐍𝐆
Muitos me acham muito pessimista, mas veja pelo meu lado, à minha perspectiva: Pelos campos há fome em grandes plantações; e nas ruas marchando, indecisos cordões que ainda fazem da flor seu mais forte refrão. E acreditam nas flores vencendo esse mesmo canhão, enfim, só pra dizer que não falei de flores. (Geraldo Vandré,1967). As flores representam à utopia do ideal irrealista de muitos que vivem de uma bolha, não enxergando a realidade trágica, que é o próprio genocídio consensual da terra.A flor me lembra um policial de lata. Enfim, do outro lado da rua um grupo de jovens cyberpunks assaltava um veículo, destroçando seu vidro com katanas e tacos de beisebol alterados. Em seus rostos carregavam máscaras de demônios e crânios, e os braços possuíam tatuagens coloridas recentes, talvez pela idade, mas eram bastante visíveis.
Um deles me encarava sério enquanto acertava o retrovisor da máquina, o barulho do alarme soava como o inferno. Meu telefone estava guardado no bolso da coxa, com dois toques eu poderia avisar as autoridades facilmente, mas acontece que aquele era o carro do governador, então, apenas assistia com o punho sob o rosto, entediado.
Era por volta de alguma hora não muito da madrugada, mas tarde. Esperei terminarem de escrever 'frente revolucionária' com grafite vermelho na porta do sedan, antes de puxar a marcha da minha gostosa, estacionando mais à frente da casa da luz vermelha, no ponto mais fosco do distrito ilegal.
As 'crianças' me encaravam nos olhos quando surgi debaixo da iluminação dos poucos postes em funcionamento da avenida, possivelmente verificando algum movimento em falso meu, e eu apenas levantei as mãos ao ar lhes dando as costas. Menores ou de possibilidade à maioridade penal ou não, eles continuavam na liderança desse inferno aqui e eu não seria o louco a desrespeita-los.
Apenas desejei baixinho para que deus protegesse as crianças da modernidade líquida, pois não tinha tempo de refletir sobre à jovem militância, estava ocupado com a finalidade de encontrá-lo. As madrugadas geralmente me chamavam, era como se fluisse melhor pela atração da noite, ou porque tudo pela escuridão se parecia com algum segredo.
Passando pelo bar tão imundo quanto tribunal da justiça, vazio feito minha dispensa pela metade do mês, me movi até o único cliente daquele lugarzinho podre que juram enganar a vistoria da polícia. Um coreano idoso e gordo engolia cachaça em um copo americano, me encarou como quem me conhece de épocas, e me apontou o banheiro feminino, mas antes que pensasse que ele me achava com cara de lésbica' eu logo compreendi. Assim que passei pelo simples cômodo falso, adentrei ao real cabaré.
Por mais inúteis que fossem as encobertas de bordéis ilegais, a vigília civil não fazia questão. Mas pela própria segurança dos funcionários em nudez, a ocultação era aliada.
— Bem vinde à casa vermelha! Cuidado com quem esbarra, à muito movimento norte hoje, se é que me compreende. Está pagando por um privê ou gostaria apenas ficar à par dos shows? — A atendente, com espartilho de couro sintético e cintas de aço fluorescente, me informou. E com norte, ela quer dizer assediadores. Sob a luz avermelhada do ambiente, me encarava da cabeça aos pés, possivelmente tentando se lembrar de onde me conhece.
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ROBOCOP PAN | minsung A̶☭
FanficMINHO é um cyborg forense que passou a ser designado para investigar situações do Narcotráfico da parte suburbana da metrópole da cidade Alma, onde o caos é disfarçado de utopia social. E por consequência de um acidente, ele acaba por conhecer JISUN...