E ele a ama?

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Um clarão atingiu meu rosto antes que eu conseguisse ao menos entender o que acontecia. Apenas quando a voz do meu pai soou ao meu lado entendi que aquele dia havia realmente começado, já que havia jornalistas buscando qualquer informação e foto do meu casamento. Suspirei antes de moldar meu rosto em uma máscara feliz e passiva, passando pela pequena aglomeração de pessoas na porta da minha casa, felizmente meu pai ao meu lado tomava frente respondendo as perguntas de forma ríspida e pedindo espaço para que eu passasse.

- Eu não deveria ter pedido esse desjejum - comentei cansadamente enquanto sentávamos na minha cafeteria preferida.

- Não querida, - meu pai começou a falar e tomou minhas mãos sob a mesa - Eu deveria ter previsto que isso aconteceria até porque - um sorriso brincou em seus lábios - É o casamento da mulher mais linda de todo o mundo bruxo.

Sorri e senti lágrimas querendo brincar pelos meus olhos, mas felizmente a atendente nos alcançou e fizemos o nosso pedido.

Casar em um sábado não era um problema, na verdade, por mim esse casamento já havia acontecido há dois meses, mas estamos falando da união de duas famílias do sagrado vinte e oito que nunca estiveram em união antes, era preciso que a festa fosse tão memorável quanto o momento. Porém a única coisa que eu pensava quando decidimos enfim a data - ou quando minha mãe e Narcissa entraram em um acordo - foi se eu perderia o meu sagrado desjejum de sábado com meu pai. Felizmente ele foi o primeiro a cobrar que o mesmo continuasse acontecendo, mesmo após a minha mudança para a Mansão Malfoy.

E durante o par de horas que eu passei naquela cafeteria eu desejei que o dia de hoje fosse apenas mais um sábado como tantos outros. Ao mesmo tempo que esse pensamento me afligia, já que se hoje seguisse sendo um sábado como todos os outros eu seguiria sendo Greengrass e não Malfoy, e por mais que o sobrenome em si não me importasse eu não conseguia mais conter em meu peito a ansiedade em poder estar ao lado de Draco.

O que era engraçado, se pensado que a pouco menos de um ano atrás eu estava descrente de que qualquer emoção pudesse sustentar a minha vida, e até mesmo de que eu pudesse ter algum futuro além de ser a Greengrass mais nova.

- Você realmente quer isso, Astória? - sobressaltei ao perceber o tom sério na voz do meu pai e acabei precisando de um momento para entender do que se tratava.

- Sim - respondi com firmeza e então debrucei meus cotovelos levemente sobre a mesa a fim de aproximar meu rosto do de meu pai - Mas eu dava tudo para que essa cerimônia fosse mais intimista - confessei arrancando um riso leve dele.

- Então você escolheu o noivo errado - seu tom brincalhão manteve o sorriso em meu rosto.

- Eu espero que não - comentei mais para mim do que para ele enquanto voltava a saborear o bolo à minha frente.

Entre o meu desjejum e a minha chegada a mansão Malfoy eu mal conseguia respirar, era como se toda aquela inquietação de um ano atrás voltasse ao meu ser e eu desejava apenas poder pegar um pouco de ar e ao encontrar a carta sobre a penteadeira no quarto onde fui alojada eu só conseguia desejar reviver aquela noite de meses atrás quando ao fugir de uma festa entediante eu estranhamente mudei o curso do meu destino.

Espero que tudo esteja sendo como você sonhou, apesar de você ter se negado a me contar sobre esse sonho.

Estou a três portas de distância, consiga uma forma de me encontrar.

Draco.

Suspirei sentindo a euforia tomar conta do meu ser, três portas de distância e eu sentia o mesmo de quando eram milhas que nos separavam. E isso fez com que um sorriso brincasse em meus lábios. Três portas que logo não mais existiriam entre nós dois e algo em mim dizia que eu ainda não tinha concebido o peso dessa mudança em minha vida. Até porque, quem conseguiria pensar em consequências quando o seu destino está traçado e pela primeira vez essa desventura soa como algo agradável.

Desventuras do Sangue | DrastoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora