O que é mais pesado?

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- Malfoy, então? - Turner parou bloqueando o meu caminho pelo corredor, apoiando o seu corpo levemente na parede à nossa esquerda.

- O que tem? - perguntei ultrapassando ele pela direita mas sem muito sucesso já que sua mão segurou meu cotovelo.

- Você bateu com a cabeça, Tori? - perguntou enquanto virava os nossos corpos para ficarem de frente um para o outro.

- O que você quer, Thomas? - cruzei meus braços desejando que ele apenas não existisse, assim como essa conversa da qual eu não conseguiria fugir por muito tempo.

- Eu sei que eu não fui o melhor namorado, mas se comprometer com um Malfoy? - enquanto falava, manejava a cabeça negativamente - Eu não imaginava que você era uma sangue purista como ele - falou entredentes sem me olhar.

- Claro que sou - falei forçando a ironia o máximo que pude - Sinceramente, Thomas, eu só tenho a te agradecer pelo nosso término - elevei meu indicador até seu peito torcendo para que ele focasse sua visão no anel que eu ali carregava - Eu finalmente estou com alguém que me merece, como você mesmo desejou! - um sorriso tomou conta do meu rosto ao terminar a frase e perceber que ele olhava para o anel com a letra M cravada - E por favor, não me chame mais de Tori, para você é Astória - falei já me virando - Malfoy em breve - completei sob o meu ombro e não me dei ao trabalho de olhar em sua direção mais nenhuma vez até o fim do nosso período em Hogwarts.

Voltar da Páscoa havia sido diferente do que eu imaginava. Por mais que eu não assumisse para Draco, eu esperava pelas represálias e cochichos. Felizmente era o meu segundo dia e eles ainda não tinham começado. Eu suspeitava que os únicos que estavam cientes da nossa união eram os que haviam nos vistos no início do feriado quando Malfoy foi me encontrar na estação, e apesar da sua eterna tentativa em ser discreto, eu havia rompido com a mesma - e me surpreendido - andando de mãos dadas com ele pela estação.

Suspirei pesadamente sentada na minha mesa de costume na biblioteca. As últimas provas pareciam piores do que a somatória dos últimos sete anos, entediante a ponto de me deixar ansiosa com os preparativos da gigantesca festa que a minha mãe provavelmente vai exigir para esse casamento - escrevi entre risos silenciosos em um dos tantos papéis que estavam na mesa. Esse era, é claro, o que se tornaria a carta do dia para Draco, e que eu respondi seu incentivo - que foi mal sucedido - para que eu me animasse com as provas finais. Decidi manter fora da carta a minha conversa com Thomas Turner e dar com isso espaço ao pedido pelo qual meu corpo gritava: Você não pode vir a Hogsmeade no final de semana?

Eu não conseguia ter outra reação senão sorrir ao pensar na possibilidade dele me visitar no final de semana, principalmente depois da rápida despedida em meu quarto onde ele avisou que precisava voltar a Manchester e que por isso não me levaria até a estação. Despedida essa onde ele me deu a escolha de usar a esmeralda que agora repousava no fundo do meu malão junto com a minha dúvida de o quão corajosa eu era para de fato desfilar com o meu compromisso assumido estampado em meu dedo.

Suspirei mais uma vez e voltei o restante da minha atenção para as atividades que eu precisava terminar, voltando a prestar atenção no que acontecia à minha volta apenas quando cheguei no salão comunal sentando no meu local habitual ao lado de Alexis e Anne. Porém as duas não estavam como sempre, mas sim pareciam tentar esconder algo tagarelando sobre poções assim como quando souberam que Turner planejava terminar comigo.

- Por favor, só falem seja lá o que for - eu pedi me servindo de um cinnamon, sem nem ao menos direcionar meu olhar para elas.

- Tem um boato rolando nos corredores... - a ruiva começou e percebi Alexis suspirando ao meu lado.

Desventuras do Sangue | DrastoriaOnde histórias criam vida. Descubra agora