Caminhar pelo mundo trouxa nunca foi uma das minhas atividades preferidas, principalmente na véspera da data de amanhã. Era quase cômico pensar como, pelo meu quarto e quinto ano, Pansy havia feito com que eu aderisse essa comemoração de uma forma discreta, mas ainda sim participasse. Eu até me esforçava em buscar algo minimamente por conta própria, mas acabava reduzindo meus esforços em uma caixa de chocolate suíço e alguma flor que minha mãe enviava de seu jardim após o meu pedido.
O fato era que agora, enquanto eu caminhava para mais uma entediante reunião sobre uma das propriedades Malfoy, eu me via analisando as decorações das lojas e pensando se deveria ou não fazer algo a respeito. Afinal, eu havia trocado quantas cartas com Astória até o momento? Possivelmente pouco mais de trinta e meia dúzia de beijos apenas, isso era motivo suficiente para algum presente? E se sim, eu mal sabia o que dar a ela se tudo o que eu conhecia até o momento era sua monótona rotina acadêmica e alguns pequenos pontos como seu fascínio pela cor lilás e sua falta de atenção com poções.
Talvez um livro de poções, como incentivo para suas provas finais. Ou quem sabe algum adorno de cabelo na cor lilás, apesar de eu não conseguir lembrar dela com algo prendendo os cabelos.
Na verdade esse era o grande problema, eu não conseguia me lembrar de Astória nitidamente antes do baile na mansão. Não que eu não soubesse quem ela era ou como ela era, mas era como se ela tivesse de fato adentrado a minha rotina em meio ao meu caótico final de quinto ano e início do sexto, impossibilitando que eu ao menos tivesse alguma clara lembrança de como ela se vestia para além do uniforme e o longo vestido que usava há pouco mais de um mês.
Adentrei o local da reunião ignorando os pensamentos que dominavam minha mente, uma tentativa na verdade, já que meus olhos vagavam pela sala buscando algo que me desse uma pista do que poderia ser um bom presente, isto é claro se eu realmente precisasse dar um presente. Até porque, de certa forma eu havia lhe dado algo, o anel Malfoy agora estava com ela, poderia ele ser considerado um presente adiantado?
Afinal, eu realmente precisava presentear a minha futura noiva sendo o nosso casamento apenas uma questão de negócios e não de fato um relacionamento, apesar das nossas trocas de cartas diárias tentarem me convencer do contrário. Era fácil gostar de Astória, ao mesmo tempo que ela conseguia ser uma típica veterana sangue puro pouco interessada nas matérias acadêmicas, ainda sim existia algo em suas ânsias e medos do futuro que a tornavam alguém fascinante de se conversar e principalmente de ler. Mesmo que o relato do dia fosse sobre um devaneio sobre como ela não se enxergava utilizando de algumas poções no seu dia a dia ou sequer um dia de sua vida.
Reprimi um sorriso ao lembrar dessa carta, que veio lá pelo meio da segunda semana de aula. Astória começou falando sobre como havia sido sua manhã, em resposta a minha pergunta se ela havia conseguido dormir melhor do que na primeira semana, porém o assunto do seu sono foi emendado com ela acreditar que o motivo de não conseguir dormir bem era por não aceitar precisar ter que tirar boas notas em uma lição que ela nem ao menos conseguia se imaginar utilizando um dia em sua vida, e após uma longa e divertida explicação do porque dizia isso ela mudava o assunto para o quanto achava que sentiria falta dos cinnamons de Hogwarts e se eu sentia falta de alguma comida de lá.
Estar com ela, mesmo a distância, era fácil como no primeiro momento que estivemos sozinhos. E também era bom, na mesma medida que foi bom beijar seus lábios e a ver sorrir após isso, ou até mesmo a ver forçar o rosto evitando expressar seja lá o que fosse antes da mesma tomar meus lábios novamente.
Pensar em Astória também era bom, evitava o desgaste que eu vinha tendo com essa viagem, tornando reuniões como essa mais fáceis e noites em pubs mais curtas. Até porque por incentivo dela eu havia repensado a prática de caminhada ao ar livre pela manhã, por mais que o clima de janeiro não tenha sido dos melhores para tal, era um hábito novo que eu estava gostando e eu sabia que tinha um motivo além já que acordar cedo para caminhar costumava culminar em encontrar uma carta dela quando eu voltava.
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Desventuras do Sangue | Drastoria
DragosteFazer parte de uma as vinte e oito sagradas famílias pode ser um fardo, fardo esse que Astória Greengrass apelidará de desventura do sangue. Algo do qual você não pode fugir, mas que talvez possa endossar. Em um mundo pós guerra, dois filhos do sag...