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Aline. 😝

Satisfação, Aline Andrade. Tenho 22 anos e sou moradora da Rocinha desde pequena.

Me formei na faculdade de Marketing e Empreendedorismo. Orgulhosa de quem eu me torno todos os dias!

Tenho um rolo maluco com o diabo, literalmente. O homem é completamente louco. E eu dez vezes mais, mas numa versão mais calma e um pouco sensata dele.

Nunca precisei do dinheiro dele, e nisso ele reconhece. Sempre dependi apenas de mim, abri minhas lojas, comecei sozinha. Sem apoio, sem ajuda, até conseguir comprar todas as lojas que tenho. Meu dinheiro então foi menos ao aluguel e mais no salário, investimento e eu juntava pro futuro.

Tenho uma loja de roupa tem uns 5 anos, desde quando comecei a ficar com o Henrique.

Foi na época que eu tinha meu primeiro emprego, comecei a usar o dinheiro pra montar a loja, fazer estoque e diversas coisas. Acabei surtando com o tempo, mas consegui ficar sã novamente.

Nunca aceitei dinheiro nenhum de homem, ta doido? Depois ele começa a jogar na minha cara e me bater com desculpa de que me banca.

Não vou dizer que ele nunca seria capaz, afinal, ele é frio demais. Quase nunca transparece calmaria. E eu? Por muito tempo tentei tornar ele uma pessoa melhor, mas não tem como.

Já vi o pior lado dele, o melhor e o mais vulnerável. Eu não consigo me desprender e sinto que é tóxico o que vivemos. Nossas brigas são pesadas. Nosso sentimento é tão intenso, que machuca.

Eu não sei mais se to na relação certa ou errada.

Horas antes.
Rocinha, Rio de Janeiro.

- Cara, você pensa em algo além de você? Você pensa em mim? — Gritei, sem paciência.

Diabo: Você sabe que eu penso, nega. Faço tudo por tu. — Me encarou sério.

- E por que você insiste nisso? Insiste em fazer de tudo pra que eu fique longe? —Apontei pra ele.— Você é o único culpado de me fazer te deixar. Eu te amo, eu tento por mim, por você, por nós mas não dá, parece que você não quer, você não tenta e nem ajuda. Ou você me diz o que quer ou eu vou embora e nunca mais voltou.

Diabo: Você sabe no que se envolveu, Aline. Eu não vou fingir o que eu não sou pra te agradar, você sabe a pessoa ruim que eu sou e o mal que eu causo, você pesou minha mente, você se envolveu, você quis criar sentimento. Você sabe que eu não posso ficar vulnerável, quer morrer? Quer foder com tudo? Quer me causar mal em saber que você morreu por minha culpa? Eu te afasto pro seu bem, e você não enxerga. —Gritou.

- Eu não quero me afastar, eu sei o risco e quis ficar. Custava você entender? Custava alguma coisa?

Diabo: Isso custa minha vida, acima de tudo custa a sua. Você acha que se eu te assumir eles vão te deixar em paz? Nega, eles vão te torturar e te matar, tudo pra me matar no fim. Ou me deixar vivo convivendo com sua morte. —Passou a mão no rosto, me encarando em seguida. – Se afasta, pro teu bem. Eu não vou ser mais o Henrique que você conhece.

- Não desiste da gente... —Disse baixo.— Olha tudo o que a gente conseguiu, olha o quanto a gente lutou e suportou até chegar aqui, olha.. — Ele me interrompeu.

Diabo: A gente suportou piada, suportou fofoca. Você suportaria eu não voltando de uma missão? Suportaria eu preso? Suportaria tortura por minha causa? Suportaria saber que eu posso morrer a qualquer momento e você vai sentir? — Fiquei em silêncio. — Então, você não suportaria nada disso. Pra que insistir?

Leal. (Morro)Onde histórias criam vida. Descubra agora