Por vezes não somos nós os responsáveis por fazer os outros felizes, apenas temos uma pequena importância nesse feito.
Um dia sonhei com um mundo encantado, iludi-me e acabei por fazer tudo errado. Dei valor para os gestos e esqueci-me das ações e criei uma proteção, um outro mundo dentro da realidade, que nada tinha a ver com ela.
Sou uma espécie de espetro, pois consigo sentir as emoções dos outros, porem...ninguém nunca, jamais conseguiria ler ou sentir as minhas.
As pessoas são movidas pela inveja, a cobiça e os ciúmes alheios, vêm-se na vida dos outros, e acabam por viver as dores dos outros esquecendo-se que ninguém é igual, mas acabam por ser todos parecidos.
Realmente deveria de desistir, mas quando fecho os olhos, vejo-me num mundo melhor....
(...)
Uh, uh Don't worry, don't worry, don't do it
Uh, uh Be happy, the smile on your face, don't bring everybody down
uh, uh Don't worry
Uh, uh It'll soon pass, what the worry is?
Don't worry, be happy.
Bobby McFerrin tocava em todas as colunas do metro, fazendo-me ficar presa numa espécie de túnel emocional, do qual eu apenas conseguia ouvir - Be happy... - apesar de não me sentir feliz... A medida que me entranhava mais na estação do metro, mais confusa me sentia, como se a musica se misturasse com a estação, e as pessoas fossem apenas sombras, e quanto mais eu me aventurava, menos eu percebia o que se passava há minha volta.
Talvez porque não me importava verdadeiramente com o que me rodeava, mas sim comigo mesma. Pelo menos era isso que eu queria acreditar, que o problema vinha de mim, e não dos outros. A culpa provavelmente seria minha, minha e de mais ninguém.
Sempre fora, e sempre continuara a ser.
Minha.
A minha vida se fosse escrita e transcrita para um filme, certamente que seria mais do género drama emocional psicossocial fatal. Mas uma vez que ninguém vê as coisas com os mesmos olhos que eu, contento-me apenas com a ridícula e patética vida pacata que levo.
- Querida, já arrumaste o teu quarto? - Dizia-me a minha tia num fio de voz.
- Define arrumar - Fiz uma espécie de aspas no ar e continuei a descer as escadas.
- A definição que se encontra no dicionário serve perfeitamente.
- Dici... Quem?
- Lucy...
- Julguei que essa palavra era um mito, ou uma invenção de cromos - disse dando-lhe um abraço e um beijinho de bons dias.
Desde que o meu os meus pais se divorciaram e a minha mãe decidiu ter uma vida libertina que o meu conceito de família feliz nada tem a haver com 90% das demais.
Este verão vim passar as férias com a minha tia Jenna, e posso dizer que com ela, aprendi a lidar com a vida de outra forma. Como ela não questiona as minhas saidas e tão pouco as minhas companhias, adoro-a. Mas as férias estão a terminar, e logo logo, terei de votar para a Austrália e viver com o meu pai e a sua familia feliz!
- Foda-se! Cala essa boca meu! Já mete nojo tanta merda que dizes!
- Talvez queiras repetir ISSP não?
- Porque? Tens problemas de audição?? Cotonetes não mordem sabias?
- Eles não, mas eu sim - este idiota é o Ken. Não diria que somos apenas amigos, pois ja compartilhamos de tudo um pouco, e quando precisamos de nos divertir para afogar as maguas da nossa vida idiota, vamos até ao porão da casa dos avós dele e bafamos: também curtimos como agora.
- Quando voltas para casa?
- Estas a expulsar-me? - Disse levantando-me para vestir o sutiã e abrir uma lata de cerveja.
- Não, sabes que por mim podias ficar aqui para sempre.
- Espero arranjar coisa melhor antes disso.
- Foder-me não é bom?
- Não tenciono passar o resto da vida num porão a ter sexo contigo.
- Como queiras. Mas ainda não me respondeste.
Aproximei-me dele e retirei-lhe o resto da passa que ele tinha na mão e fumei-a, deixando-o beber da cerveja.
- No fim do verão. Mas ainda estou com esperanças de conseguir ficar.
- Como?
- Tenho os meus planos. Bem, vamos? - Ken franziu a sombrancelha como se não percebesse o que quis dizer - tenho fome, e antes que respondas, não. Não te vou comer e tão pouco essas pizzas nojentas que tens no frigorífico a mais de três dias.
- Estou liso.
- Ainda tenho uns trocos de ontem. Dá para orientar qualquer coisa no super.
- Tass bem então.
Depois de vestir-me completamente, o Ken, foi até a casa buscar o carro e ambos fomos até ao supermercado. O objetivo principal era comprar comida, mas encontramos o resto do pessoal e decidimos que o melhor seria fazer uma reive - dinheiro? - não tínhamos, então levamos o que conseguíamos escondido e bazamos a correr para o carro.
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Gritos de uma Adolescente: Rebelde?![Z.M].[L.H]
FanfictionTodos temos um dia ruim. todos temos manhas em que decidimos ficar na cama e esquecer que fora dos lençóis existe uma vida: todos temos isso em comum. Todos menos eu! Fora uma escolha que me levara ate aqui: acreditar ou morrer. Tomei as minhas deci...